Eu & Fim de Semana / Valor Econômico
Há uma diversidade de grupos de eleitores,
e para se governar o país é necessário conversar também com os que não votaram
no presidente eleito
A eleição presidencial de 2022 foi a mais
disputada de todo o período da redemocratização e o candidato vencedor não
representa apenas um partido ou uma coligação de esquerda. Como o próprio Lula
disse logo após a divulgação dos resultados, foi “a vitória de um imenso
movimento democrático que se formou”. Esta lógica de frente ampla derrubou o
bolsonarismo e será ainda mais importante para reconstruir o país, pois só com
pactos entre atores plurais será possível retomar a rota perdida desde 2013.
O diagnóstico de que só será possível pacificar e reerguer o Brasil por meio de uma lógica de frente ampla nasce já da própria compreensão do resultado eleitoral. A derrota de Bolsonaro pode ser explicada, em boa parte, por sua incapacidade de se mostrar confiável para um grande contingente de eleitores. A ameaça constante ao STF, o modelo de guerra política defendido por Roberto Jefferson e outros bolsonaristas, os constantes conflitos e preconceitos proferidos contra mulheres, negros e nordestinos, enfim, a aposta na visão polarizada de mundo, tudo isso limitou o espaço de crescimento eleitoral de Bolsonaro.