sexta-feira, 11 de outubro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Dora Kramer: coerência

Se a Venezuela é um país onde há até "excesso" de democracia, como disse uma vez Lula da Silva, se o projeto de poder do falecido Hugo Chávez é visto como símbolo de justiça social, do que reclamam os petistas quando Marina Silva se refere ao "chavismo" do partido? A coerência aconselharia a tomarem a expressão como elogio.

Dora Kramer, "Ao trem pagador", O Estado de S. Paulo, 10 de outubro de 2013.

Ministério Público defende perda de mandato para quem muda para partido recém-criado

Janot propõe que o novo entendimento tenha validade para trocas partidárias feitas após o julgamento de ação do PPS

Carolina Brígido

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer defendendo a perda de mandato para políticos que trocarem o partido pelo qual foi eleito para uma legenda recém-criada. A opinião servirá como parâmetro para ministros da Corte julgarem uma ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo PPS contra a norma que permite esse tipo de troca sem que o político sofra ônus algum. Janot propõe, no entanto, que o novo entendimento tenha validade apenas para trocas partidárias feitas após o julgamento da ação pelo STF, deixando os casos passados intocados.

A regra da mudança de partido foi baixada pelo Tribunal Superior eleitoral (TSE) em 2007, em forma de resolução. Segundo o texto, perde o mandato eletivo quem sair do partido sem justa causa. Um dos motivos aceitáveis para a mudança é a criação de novo partido. No parecer, Janot argumenta que essa justificativa serve de “válvula de escape a toda e qualquer acomodação que os integrantes da comunidade parlamentar estejam dispostos a empreender”. Para o procurador, a imposição de fidelidade partidária mesmo nos casos de criação de nova legenda fortalece o sistema partidário.

Ainda de acordo com o parecer, “não se pode ignorar que a criação de partido não raro significa apenas reflexo da conveniência eleitoral momentânea de um grupo de mandatários do povo e até serve como moeda de troca no mercado de interesses pouco nobres, a fim de propiciar arranjos de cargos na administração pública ou negociação visando à partilha de recursos do Fundo Partidário e do tempo de presença na propaganda partidária gratuita no rádio e na televisão”.

Apesar de propor validade para a nova interpretação para depois do julgamento do STF, Janot aproveita para criticar a recente movimentação entre os partidos, com a criação de novas legendas. “Esse mecanismo (da fidelidade partidária) evita as periódicas debandadas de parlamentares nos anos pré-eleitorais – como a que se testemunhou mais uma vez neste segundo semestre de 2013 –, à cata de condições mais convenientes, sob diversos pontos de vista, nem sempre legítimos, para o exercício da política em novos partidos, por vezes criados de ocasião”, escreveu.

Janot lembrou que, nas eleições brasileiras, a votação para deputado federal ocorre por meio do sistema proporcional, por lista aberta. Dessa forma, o destinatário do voto é o partido político viabilizador da candidatura. Para o procurador, portanto, é “direito do partido político manter o número de cadeiras obtidas nas eleições proporcionais”. Na interpretação de Janot, “isso não se dá tanto em respeito ao candidato, mas ao eleitorado que nele enxergou certas características e ideias dignas de fazê-lo merecer seu voto”.

A ação que contesta a regra atual é de relatoria da ministra Rosa Weber. Com o parecer em mãos, ela deve elaborar um voto e levar a causa para votação em plenário. Não há data prevista para isso ocorrer.

Fonte: O Globo

Freire lamenta demora no parecer da PGR favorável à Adin do PPS sobre perda de mandato

Freire: Por envolver direito da cidadania, caso deveria ter sido resolvido

Por: Valéria de Oliveira

O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), disse que chegou atrasado o parecer da Procuradoria Geral da República sobre a perda de mandato em caso de mudança para nova legenda. O PPS ingressou com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) em abril de 2011 para derrubar dispositivo de uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), editado em 2007, que considera justa causa a mudança de filiados mandatários para siglas recém-criadas. O parecer do procurador Rodrigo Janot foi enviado nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal, que julgará a Adin.

“Se vier a valer, a ser acatado pelo STF, (o parecer) chega atrasado. O caso deveria ter sido resolvido com a rapidez que a Justiça precisa funcionar em questões que envolvem o direito da cidadania”, disse Freire. Na época da ação, estavam em curso as articulações para a criação do PSD. Freire reafirmou a posição do PPS expressa na Adin de que a manutenção dos mandatos para aqueles que deixarem seus partidos de origem para formar nova agremiação agride a fidelidade partidária.

A decisão de que o mandato pertence ao partido é do STF. Segundo Freire, a admissão da possibilidade de o político levá-lo consigo em caso de criação de nova legenda, conforme estabeleceu o TSE, fez com que se criasse uma figura para deixar o partido. “Por causa desse dispositivo, a legenda de origem não causa nenhum mal, mas fica no prejuízo; foi um entendimento que tornou sem efeito a decisão do STF sobre a fidelidade partidária”, salientou.

Para o presidente do PPS, a procuradoria “sentou em cima” do processo. Se a Justiça tivesse agido rapidamente, afirmou Freire, poderia ter evitado os processos de criação de novos partidos com o único intuito de abrir “janelas da infidelidade”. Na avaliação do deputado, o parecer de Janot defende a constitucionalidade. “Lamentável é que ele tenha chegado atrasado”.

Roberto Freire observou que o fato de o PPS ter tentado fazer uma fusão com o PMN, abrindo possibilidades para novas filiações, não significa incoerência. "Por conta da demora na definição da Justiça, tomamos uma decisão com base na interpretação do TSE, convalidada pelo STF, que desde 2011 questionávamos".

Parecer
No parecer, o procurador-geral afirma que a criação de nova legenda não constitui, por si só, motivo para admitir instabilidade política, “servindo de válvula de escape a toda e qualquer acomodação que os integrantes da comunidade parlamentar estejam dispostos a empreender”.

Janot afirma ainda que “não se pode ignorar que a criação de partido não raro significa apenas a conveniência eleitoral momentânea de um grupo de mandatários do povo e até serve como moeda de troca no mercado de interesses pouco nobres, a fim de propiciar arranjos de cargos na administração pública ou negociação visando à partilha de recursos do Fundo Partidário e do tempo de presença na propaganda partidária gratuita no rádio e na televisão”. Na avaliação de Janot, a fidelidade fortalece o sistema partidário.

A perda de mandato para quem migrar para novos partidos só se dará, de acordo com o parecer do procurador-geral, após trânsito em julgado da Adin do PPS.

Adin
Na ação, o PPS argumenta que considerar a criação de um novo partido justa causa para um filiado manter o mandato se mudando para uma nova legenda “é um atentado ao princípio da fidelidade partidária”, pois o próprio STF já entendeu que o mandato eletivo pertence ao partido pelo qual o mandatário foi eleito.


“Trata-se de uma verdadeira autofagia da Resolução que pretende punir os infiéis, uma contradição insolúvel! Estabelece-se a titularidade do mandato pelo partido e, em seguida, abre-se a porteira da infidelidade, assegurando a quem quiser a possibilidade de migração partidária, bastando, para tanto, que seja fundador de um novo partido. Um mero ardil para trair”, afirma o texto da Adin. Na avaliação do PPS, ao deixar uma agremiação para construir uma nova legenda, o filiado também pratica a infidelidade partidária, já que o fato motivador para tal decisão não é o partido de origem e, sim, uma decisão de cunho pessoal do filiado.

Fonte: Portal do PPS

Lula orienta PT a isolar Campos nos Estados

Ex-presidente quer dificultar alianças regionais do PSB na corrida eleitoral de 2014

Lula se reúne com Dilma e orienta PT a isolar Campos

Petista antecipa tática para sufocar PSB nos Estados após união com Marina

Ex-presidente indica que socialistas estão na oposição e pede ruptura imediata em redutos do pernambucano

Marina Dias, Bruno Boghossian, Tai Nalon e Natuza Nery

SÃO PAULO e BRASÍLIA - Em reunião que durou mais de cinco horas no Palácio da Alvorada e da qual participaram a presidente Dilma Rousseff e seu núcleo político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem que o PT antecipe a tática de isolar o PSB, de Eduardo Campos, nos Estados.

Lula quer evitar que petistas e outros partidos governistas se aliem ao partido de Campos, agora com seu projeto presidencial reforçado pela ex-senadora Marina Silva.

Também estiveram no encontro o presidente do PT, Rui Falcão, o marqueteiro João Santana, o ex-ministro Franklin Martins e o ministro Aloizio Mercadante (Educação).

Lula acreditava que o governador de Pernambuco pudesse recuar de sua pré-candidatura ao Planalto caso não decolasse nas pesquisas. Por isso, chegou a pedir que o PT mantivesse o diálogo com ele mesmo depois que o PSB entregou os cargos no governo, no final de setembro.

Segundo interlocutores, após a filiação de Marina, o ex-presidente passou a considerar o PSB como oposição.

O ex-presidente aponta como prioridade a consolidação de alianças regionais com outros partidos da base de Dilma, como PMDB, PR e PTB.

O objetivo é montar o maior número de palanques distante do PSB e "fechar os espaços de Campos", nas palavras de um aliado do ex-presidente.

Ao deixar o encontro, Mercadante procurou enfatizar que o governo não está preocupado com o "quadro dos outros concorrentes" e elogiou o vigor da base governista.

"Temos leque de alianças muito sólido. Mesmo com a saída do PSB, parte importante do PSB não acompanhou a saída. Uma militância representativa ficou no governo, como é o caso do governador Cid Gomes [Ceará]", disse.

Ele reconheceu a aproximação de Campos com Marina como "novidade política". "Nós tínhamos uma candidatura com um patamar nas pesquisas acima de 20% [Marina] que aderiu a uma candidatura num patamar em torno de 5% [Campos]. É uma novidade política, de qualquer forma, precisa ver como isso vai evoluir", disse.

Um dos presentes à reunião disse à Folha que Eduardo Campos terá de falar "mais para dentro do que para fora" nos próximos meses, prevendo dificuldades de relacionamento entre a Rede, sigla de Marina, e o PSB para 2014.

Trincheiras
O plano traçado por Lula prevê que o PT estimule candidaturas próprias de partidos aliados em redutos socialistas, como o Espírito Santo.

Antes do rompimento de Campos com o governo federal, petistas pretendiam apoiar a reeleição de Renato Casagrande (PSB), indicando seu vice, com o apoio a Paulo Hartung (PMDB) para o Senado. Agora o PT já admite apoiar Hartung ao governo para isolar o PSB.

O PT também vê rompimento iminente com o PSB do Piauí, que se aproximou dos tucanos. Petistas buscarão palanque alternativo no Estado, a exemplo do que deve ocorrer em Pernambuco.

Lula defende que o PT pernambucano deixe o governo estadual e embarque na campanha do senador Armando Monteiro (PTB).

No Amapá, onde o PT também apoia governador do PSB, o partido admite manter a aliança, mas petistas relatam que Lula busca convencer José Sarney (PMDB) a se candidatar ao Senado, abrindo palanque para Dilma.

A ameaça de afastamento pressionaria governadores pessebistas. Ao temer isolamento, Casagrande e Camilo Capiberibe, do Amapá, podem aceitar o apoio do PT e, em troca, adotar postura "neutra" na campanha nacional.

Defesa
O PSB também traça seus cenários a partir da perspectiva de rompimento total com os petistas. Internamente, a cúpula socialista admite que o apoio do PT é importante no Espírito Santo e no Amapá.

O partido, contudo, prepara palanques opcionais onde for necessário. No Acre, Estado de Marina, o vice-governador César Messias (PSB) pode ser candidato ao governo caso a sigla se distancie do PT.

Fonte: Folha de S. Paulo

Rede quer ação contra 'guerrilha do PT'

Encontro vai tentar convencer descontentes a sufocar protestos nas redes sociais contra a aliança Marina-Campos

Eduardo Bresciani

BRASÍLIA - A Rede de Marina Silva tentará unificar seu discurso sobre a aliança com o PSB de Eduardo Campos e evitar dissidências em massa. Um encontro convocado para domingo em Brasília buscará convencer os descontentes a sufocar os protestos c construir argumentos para defender a aliança, principalmente nas redes sociais, onde deve enfrentar o que chama de "guerrilha petista". Para manter a defesa de que já é um partido, a Rede vai recorrer junto aos cartórios que rejeitaram assinaturas e fazer uma nova coleta para mostrar o apoio na população.

As divergências ficaram evidenciadas já na madrugada seguinte à decisão do TSE quando em um grupo reservado e mais próximo a ex-senadora falou da possibilidade, Segundo um dos presentes, integrantes da executiva como André Lima, Marcela Moraes e Maria Alice Setúbal, uma das herdeiras do Itaú, manifestaram contrariedade. O marido de Marina, Fábio Vaz de Lima, foi outro a resistir ao gesto, O deputado Walter Feldman (ex-PSDB), e os dirigentes Pedro Ivo Batista, Bazileu Margarido e João Paulo Capobianco apoiaram. Os contrários aceitaram a posição e tem apoiado Marina após o anúncio.

A mesma divisão da cúpula reproduziu-se na base do partido em gestação. Para muitos, especialmente os mais jovens, Marina deveria ter abdicado de 2014 para focar apenas na construção da Rede como alternativa política a longo prazo. O descontentamento foi registrado em vários segmentos, que tem bombardeado os dirigentes nos últimos dias com questionamentos sobre a decisão. A reunião de domingo com a Comissão Nacional Provisória, que tem 93 integrantes, segundo o site da Rede, visa discutir essa relação e buscar uma unificação nacional que evite dissidências, como a já anunciada saída do ex-deputado Luciano Zica. Antecipando o espírito da reunião, Marina disse respeitar a posição de aliados que não concordaram com a ida dela para o PSB, mas esperar que eles se convençam, ainda que no futuro. "O esforço que eu e o Eduardo estamos fazendo é de quebrar a velha política. Se elas (as pessoas) depois se convencerem disso, voltarão", disse.

Mesmo sem a formalização, o grupo seguirá agindo como partido. Ontem, entrou no ar um novo site, em versão beta, no qual há até pedido de doação de recursos. O texto na página afirma que "a#Rede busca romper com um dos fatores que mais comprometem a política: a relação entre partidos e grupos de interesse que os financiam". Questionado pelo Estado, o vice-procurador geral eleitoral, Eugênio Aragão, disse que, em análise preliminar, não há problema na iniciativa.

Fonte: O Estado de S. Paulo

"O caminho atual já deu"

RUMO A 2014.  Ao lado de Marina, governador apresenta-se claramente como candidato de oposição no programa partidário do PSB

O governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos usou, ontem, a propaganda partidária do seu partido, o PSB, para se apresentar aos brasileiros, em cadeia nacional de rádio e televisão, com a mensagem do "novo". Buscou o melhor dos governos desde a redemocratização e fez referências a legados do PSDB - exaltando a estabilidade da economia - e do PT, ressaltando a inclusão social. Mas sempre colocando-se claramente como um projeto para avançar, "fazer mais", analisando que o caminho trilhado até agora "já deu".

"Quando vejo tudo que o Brasil conseguiu fazer nos últimos 30 anos, vejo que avançamos. O País mudou, amadureceu, conquistou a estabilidade, melhorou na justiça social. É a hora de reunir as boas ideias e as boas pessoas para fazer mais", disse o presidenciável que se apresentou aos brasileiros como presidente nacional do PSB.

Desde a união com a ex-senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade), Campos vem dando sinais de que o mote de sua campanha presidencial deve ser, sobretudo, a divisão do legado das administrações federais dos últimos dez anos, da qual participou como aliado, chegando até a ocupar o cargo de ministro da Ciência e Tecnologia no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006). "Por tudo que a gente fez e viu acontecer nesse país de que não trilhamos o caminho errado", diz ele na propaganda partidária para em seguida oferecer o seu projeto.

"Mas temos que admitir, estamos no caminho que já deu o que tinha que dar. Tudo que foi feito até aqui, teve o seu tempo e a sua necessidade. Mas está na hora de darmos um salto adiante. É preciso seguir combatendo a miséria, protegendo os mais vulneráveis sim, mas é fundamental emancipar o cidadão, dar a ele os instrumentos para crescer, evoluir, para ser agente desse novo Brasil", frisou.

Desde que saiu do governo Dilma Roussef (PT, pré-candidata à reeleição), o PSB ficou mais à vontade para tecer críticas ao governo federal. O filme mostrou atores como cidadãos comuns com o discurso do que já foi feito (avanços) nas áreas de saúde e educação, por exemplo, ressaltando depois o que ainda está por fazer. Eduardo Campos surge então na tela com um claro recado aos petistas.

"Chega de governar se contentando em dizer que no passado já foi pior. Essa conversa já não cabe", dispara. Pernambuco foi usado para destacar o governador como gestor, lembrando que o Estado e a capital Recife estavam entre os mais violento do Brasil e afirmando que a redução da criminalidade vem acontecendo. A cena que ilustra este trecho do filme foi gravada no bairro de Santo Amaro, considerado um dos mais violentos do Recife.

O tom emocional da propaganda - que Campos explorou ostensivamente durante suas campanhas para o governo de Pernambuco - foi guardado para o final, quando apareceram imagens de Marina Silva e Eduardo Campos no ato do último sábado (5) em que se formalizou a filiação da ex-senadora ao PSB. Os discursos de Marina e Campos se cruzam e terminam com ela recitando uma poesia.

"Nós estamos aqui para quebrar uma falsa polarização existente na política brasileira", foi uma das frases de Eduardo destacadas ao fim do programa. Um som instrumental ilustrou o abraço de Campos e Marina concluindo o filme que teve duração de 10 minutos.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Palanques duplos e até triplos por reeleição

Reunião da presidente com Lula e petistas avalia que alianças nos Estados é prioritária

João Domingos

BRASÍLIA - O comando encarregado de preparar a reeleição de Dilma Eousseff avaliou ontem que a prioridade deve ser dada aos palanques estaduais para tentar assegurar uma ampla aliança nacional. De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em alguns Estados a presidente poderá ter dois ou mais palanques.

"Importante, muito importante, é manter o governo ativo, com realizações. E segurar na nossa aliança os partidos que fazem parte da base de sustentação da presidente, valorizando todos os partidos que dela participam", disse o ministro após uma reunião no Palácio da Alvorada - residência oficial da presidente - que durou quatro horas e da qual participaram também, além de Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Franklin Martins, o marqueteiro João Santana, o presidente do PT, Rui Falcão, e o chefe de gabinete da presidente, Giles Azevedo. "O que nos dá a certeza da vitória é a qualidade do governo. Por isso a presidente Dilma é só beijos", reforçou Mercadante, referindo-se à declaração da presidente, de que vive uma fase "de beijos".

Mercadante informou ainda que, mesmo com a constatação de que é preciso segurar todos os partidos na base da presidente até o fim do ano não será feita nenhuma reforma ministerial. "Não há essa possibilidade de reforma. A presidente já decidiu, e todos nós concordamos, que todas as trocas vão ser feitas no fim do ano. Assim, quem assumir o ministério poderá pegara máquina azeitada, sem perda de tempo para continuar tocando os projetos de cada uma das pastas."

A informação no Palácio do Planalto é de que, na maioria dos ministérios, Dilma promoverá para o cargo de ministro o secretário executivo. Em alguns casos, poderá pôr na vaga um aliado, desde que não vá disputar a eleição do ano que vem.

Outra avaliação no encontro é de que a aliança entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-ministra Marina Silva poderá transformar o presidente nacional do PSB no principal candidato de oposição na sucessão presidencial, superando o senador Aécio Neves (PSDB). Porém, de acordo com as análises da cúpula da campanha de Dilma, a coligação, que surpreendeu a todos, corre o risco de perder força daqui para a frente, pois o encanto por Marina poderá se arrefecer diante da constatação de que ela migrou para uma legenda tradicional, o PSB, diante do fato de o registro do seu partido, a Rede Sustentabilídade, ter sido negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por não atingir o número mínimo necessário de assinaturas.

Lula disse aos presentes que a aliança Campos-Marina foi, de fato, uma "ótima jogada", mas que não "resultará em muitos gois". Segundo o ex-presidente, Dilma poderá anular os avanços da dupla mostrando resultados de seu governo, além de continuar a se expor nos meios de comunicação.

Espera. Devido ao encontro no Alvorada para tratar de eleição, Dilma deixou o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, esperando por quase três horas. O empresário deixou o Palácio do Planalto apressadamente e negando que tenha ficado chateado de ter passado a tarde à espera da presidente.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marina rebate marqueteiro de Dilma e diz que ‘união de anões poderá trazer coisa nova’

À revista Época, João Santana declarou que Dilma vai ganhar no 1º turno porque ocorreria ‘antropofagia de anões’ entre a ex-senadora e Eduardo Campos

Governador de Pernambuco voltou a afirmar que o nome do cabeça da chapa ainda não está definido

Sérgio Roxo

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva disse nesta quinta-feira que a sua aliança com o governador de Pernambuco Eduardo Campos é uma “união de anões”, numa ironia à declaração dada pelo marqueteiro da presidente Dilma, João Santana. Em entrevista à revista Época do último fim de semana, Santana foi enfático: “A Dilma vai ganhar no primeiro turno, em 2014, porque ocorrerá uma antropofagia de anões. Eles vão se comer, lá embaixo, e ela (Dilma), sobranceira, vai planar no Olimpo”.

— Acho que essa união de anões poderá nos trazer uma coisa nova — salientou a ex-senadora.

Campos e Marina almoçaram nos Jardins, em São Paulo, e, no encontro, decidiram que no dia 29 será realizada uma reunião entre integrantes da Rede e do PSB para iniciar os debates sobre o conteúdo programático da aliança. O documento servirá de base para o programa de governo para a eleição presidencial do próximo ano.

O governador pernambucano afirmou que o nome do cabeça da chapa ainda não está definido, e só será discutido em 2014.

— É preciso começar a aliança não pelos nomes, é preciso começar pelo conteúdo — disse Campos.

Para o presidente do PSB, se o acordo com a Rede nascesse com o nome do cabeça de chapa já definido estaria se repetindo “os mesmos erros” da política tradicional. Ele descartou uma disputa com a ex-senadora, que aparece à frente nas pesquisas de intenção de voto, pelo posto.

— Se alguém imagina que vai ter problema entre Marina e eu para que a gente possa organizar isso está redondamente enganado.

Marina disse que endossava as palavras de Eduardo e que a união entre Rede e PSB quer inverter a lógica da política brasileira.

— O que acontece tradicionalmente: faz-se uma aliança eleitoral, ganha-se o governo e depois inventa-se o programa.

A ex-senadora fez ainda uma referência indireta à decisão do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO), um dos principais nomes da bancada ruralista, de romper as negociações para apoiar Campos nas eleições do próximo ano e disse que estará com o senador Aécio Neves (PSDB), em 2014.

— Obviamente que aqueles que não compreenderam que não dá mais para continuar nesse ciclo vicioso (da política tradicional), até já (estão) procurando outros lugares para poder ficar na mesma frequência.

Fonte: O Globo

'Só Lula faria frente a Marina como vice', diz analista

Marcelo Galli

Com a aliança entre a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, somente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia fazer frente a este acordo como vice de Dilma Rousseff nas eleições de 2014. Esta é a avaliação do especialista em pesquisas eleitorais e marketing político Sidney Kuntz, para quem, hoje no Brasil, somente um nome de peso como o de Lula poderia se contrapor ao impacto causado por essa notícia. "Acredito que Lula não é 100% descartado para quem pensa a campanha do PT, só ele faz contraponto hoje a Marina. Lula pode ser viável como vice", disse, acrescentando que "não há melhor vice do que Marina".

Na avaliação dele, a ex-senadora, que entrou para o PSB de Eduardo Campos no último sábado, 05, defende o que os protestos de junho pediam, como moralidade, fim da corrupção e mais transparência. Além disso, ela passa simpatia e tem baixa rejeição. "Ela não pode ser atacada pelos seus adversários, quem atacá-la pode sofrer rejeição depois, além de passar a imagem de vítima por não ter conseguido ter criado a Rede", disse. O especialista avalia também que Marina pode ser vista pelo seu eleitorado como "fiscal" do candidato Campos em uma provável candidatura. "Campos e Marina podem fazer ainda campanha divididos, cada um perto do seu público", acrescentou o especialista, dizendo que eles se completam porque o governador abrange o Norte e Nordeste e a ex-senadora tem um público mais cativo no Sul e Sudeste do País.

Para Kuntz, com esta aliança, o PSDB corre o risco de não passar para o segundo turno no pleito presidencial do próximo ano, pela primeira vez desde 1994. Para o especialista, se a disputa do segundo turno for entre Dilma e Campos-Marina, os tucanos poderão apoiar os pessebistas. "A eleição do próximo ano parecia tranquila. Agora, Marina passa a ser uma ''pedra no sapato'' para tucanos e petistas", disse, lembrando que ela e a Rede, caso conseguissem criar a legenda, não teriam o tempo de televisão e rádio que têm hoje com o PSB.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ideia é esticar a corda

Marina e Eduardo Campos querem aproveitar dúvida sobre qual deles será o cabeça de chapa para confundir adversários na corrida ao Planalto

Paulo de Tarso Lyra

BRASÍLIA – O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a ex-senadora Marina Silva (PSB) decidiram usar a seu favor a polêmica gerada nos últimos dias sobre quem será o cabeça de chapa nas eleições presidenciais do ano que vem. Os dois almoçaram ontem juntos em São Paulo, no primeiro encontro após o anúncio da aliança, em Brasília e decidiram esticar ao máximo a definição sobre quem será o candidato a presidente. "Temos a necessidade de começar a mudança política. E vamos começar cometendo os mesmos erros das práticas políticas que estamos condenando? Começar a discussão pela chapa, nomes, arranjo eleitoral para ir para o político de novo? Não, nós temos clareza de que esta é a hora de debater conteúdo, futuro. Em 2014 vamos tomar a decisão sobre a chapa", afirmou Campos.

Marina concordou com as palavras do presidente do PSB e afirmou que a parceria entre ambos inverte a lógica da política tradicional. "Tradicionalmente, faz-se uma aliança eleitoral, ganha-se o governo e depois inventa-se um programa. Nós estamos fazendo uma aliança programática, vamos adensar a aliança, dar substância a conteúdo e aí sim aliança programática poderá se tornar uma aliança fática", disse ela.

A estratégia foi desenhada durante a reunião de duas horas ontem entre Eduardo e Marina. Os dois avaliaram a repercussão da polêmica sobre a cabeça de chapa, que abriu uma discussão entre a militância dos dois partidos, entre os ministros do governo Dilma Rousseff e fomentou debates em redes sociais e nas páginas de jornal. A análise é de que, neste momento, o melhor a se fazer é deixar a dúvida no ar para confundir os adversários.

O governador pernambucano afirmou que a Rede e o PSB têm "paciência de sobra" para acompanhar as provocações. "Se acham que vão ficar nos provocando, que fiquem", disse. "Aqui não tem jogo, tem gente que tem coragem de fazer, gente que veio de uma história política que venceu muitas adversidades. Nós já enfrentamos coisas muito mais complicadas do que teremos que enfrentar até a hora certa em 2014", acrescentou. Marina estará em Recife na semana que vem e os integrantes da Rede e do PSB promoverão um seminário em 29 de outubro para começar a rascunhar o programa de governo conjunto dos dois partidos.

Tabuleiro Um adversário de Eduardo, certa vez, afirmou que ele, a exemplo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é um exímio jogador de xadrez. Mas, ao contrário de Lula, que movimenta as peças nos tabuleiro sob os olhos do oponente, Eduardo esconde as peças, tornando imprevisíveis os passos seguintes. É nisso que o presidente do PSB aposta neste instante. Trabalhar em silêncio para evitar uma exposição antecipada da própria candidatura.

Vários fatores reforçam a cautela de Marina e Eduardo. O primeiro deles é evitar a desmobilização da militância. Os socialistas sabem que boa parte dos marineiros ficou insatisfeita com a aliança entre os dois presidenciáveis, pois preferiam que ela ficasse de fora da disputa ao Planalto em 2014 para reverberar o argumento de que ela foi vítima de uma injustiça do Tribunal Superior Eleitoral. Já os socialistas queixaram-se com as declarações dúbias de Marina sobre quem seria o cabeça de chapa e apressaram-se em anunciar que não há dúvidas de que o escolhido será Eduardo Campos.

"Se o candidato não for o Eduardo, o PSB implode. Mas não precisamos definir isso agora", confirmou um integrante da direção partidária.

Na TV A aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva foi destacada na propaganda partidária do PSB que foi ao ar ontem à noite. Eles defenderam fazer uma "nova política, com novas lideranças". Na parte final do vídeo, aparecem trechos dos discursos de Eduardo e Marina, em forma de jogral, proferidos sábado, quando a ex-senadora firmou o acordo político com os socialistas.

Juntos, mas separados
A aliança entre Eduardo Campos e Marina não esconde as arestas que precisam ser aparadas para o sucesso da união

» Militância
Marineiros querem a ex-senadora como candidata ao Planalto. Socialistas defendem que a vaga é do governador de Pernambuco

» Alianças
Marineiros defendem aliança com a sociedade. Já os socialistas negociam palanques para ampliar o tempo de televisão

» Relação com o PT
Marina rompeu com Lula em 2009 e pode criticar com mais ênfase o governo e o PT. Eduardo deixou o governo há um mês. O PSB ajudou a eleger Dilma Rousseff

» Desenvolvimento
Marina é rigorosa no que se refere à sustentabilidade e desenvolvimento econômico dentro de critérios ambientais. Eduardo incrementou a economia pernambucana, apesar de algumas críticas ambientais, sobretudo no Porto de Suape

» Empresariado
Marina tem ao seu lado os empresários mais voltados à sustentabilidade e os integrantes da Rede são contrários ao financiamento eleitoral privado, preferindo contribuições de pessoas físicas. Eduardo está desde o início do ano se reunindo com o setor produtivo nacional, inclusive empresários do ramo de infraestrutura

Fonte: Estado de Minas

Rede quer PSB com Miro no Rio e Feldman em SP

Socialistas teriam compromisso com Alckmin; em MG, Lacerda é opção

Carolina Benevides e Maria Lima

RIO, BRASÍLIA e SÃO PAULO - Na primeira reunião conjunta das cúpulas do PSB e da Rede Sustentabilidade, esta semana, a ex-senadora Marina Silva defendeu que a coligação tenha candidatos próprios em Minas Gerais e em São Paulo e ainda que apoie Miro Teixeira (PROS) ao governo do Rio. Miro é um de seus principais aliados na criação da Rede.

A posição de Marina, no entanto, pode vir a ser um novo ponto de divergência, principalmente em São Paulo, onde o PSB de Eduardo Campos tem aliança com o governador Geraldo Alckmin e estaria comprometido com sua reeleição/Para o estado, a ex-senadora defende a candidatura do ex-tucano Walter Feldman (PSB). Em Minas, o PSB espera convencer o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, a disputar o governo.

A direção do PSB não se opôs aos pedidos de Marina, mas sabe que tem que resolver o problema de São Paulo. Em reunião anteontem com o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, o deputado Márcio França (PSB-SP), cotado para vice na chapa de reeleição de Alckmin, já sinalizou com a divisão: disse que pode abrir mão de sua candidatura, mas não abre mão de apoiar Alckmin.

— O melhor para a candidatura do Eduardo é dividir o palanque do Alckmin. O estado é grande e as candidaturas dependem de uma engrenagem grande. O PSDB e seus aliados controlam cerca de 500 das 645 prefeituras de São Paulo. E aqui não seríamos a terceira via como no plano nacional e sim a quinta via — diz o presidente do PSB em São Paulo, deputado Márcio França.

— Minhas novas tarefas eu estou discutindo com o PSB e a Rede. Lógico que uma empreitada desse tamanho merece uma reflexão profunda — diz Feldman.

Recém-filiado ao PROS, Miro Teixeira diz que o apoio de Marina é "uma boa notícia"

— È também uma ótima largada para a gente sentar e conversar em tomo de um programa de govemo e é um começo para discutir com o PSB do Rio — diz ele, lembrando que a coligação PSB-Rede apoia Campos à Presidência, mas que isso não impede aliança com seu partido, que tem se mostrado mais alinhado com o governo Dilma: — O PROS sabe que estou na organização da Rede. E as alianças só serão formalizadas nas épocas próprias.

Presidente do PSB no Rio, o deputado Romário disse que acha "interessante" o nome de Miro:

— Existe a possibilidade de ter nosso apoio. Eu já disse que também vejo Lindbergh (pré-candidato do PT) com bons olhos. Mas a definição é só lá para março ou abril de 2014. Vamos ver qual é a melhor solução. (Colaborou Sérgio Roxo) .

Fonte: O Globo

Reforma agrária do PT é uma peça de ficção - Roberto Freire

"Vamos garantir acesso à terra para quem quer trabalhar, não apenas por uma questão de justiça social, mas para que os campos do Brasil produzam mais e tragam mais alimentos para a mesa de todos nós. Para que o homem do campo recupere sua dignidade sabendo que, ao se levantar com o nascer do sol, cada movimento de sua enxada ou do seu trator irá contribuir para o bem-estar dos brasileiros do campo e da cidade. A reforma agrária será feita em terras ociosas, nos milhões de hectares disponíveis para a chegada de famílias e de sementes, que brotarão viçosas. "

Essas foram algumas das palavras proferidas pelo então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em seu discais bandeiras. Entretanto, mais uma vez, o Brasil real surge para acertar as contas com a peça de ficção arquitetada pelos petistas: após oito anos urso de posse, no dia 1º de janeiro de 2003, quando assumiu o compromisso histórico do PT de levar a cabo a reforma agrária que o partido sempre defendeu como uma de suas principsob Lula e outros três de Dilma, os trabalhadores do campo sofrem com a inércia e o imobilismo de um governo que amarga os piores índices para a reforma agrária desde a redemocratização.

De acordo com os dados do próprio Incra, a três meses do fim do penúltimo ano de seu mandato, Dilma não fez, em 2013, uma única desapropriação de imóvel rural, de interesse social, para a criação de assentamentos. Ao caminhar com a lentidão que tão bem o caracteriza, governo do PT ficará atrás do ex-presidente Fernando Collor, que assinou quatro decretos para a reforma agrária em1992 — o menor índice para um único ano desde o início da reabertura democrática, em 1985.

Além de fazer de 2013 o pior ano para o campo desde Collor, Dilma ostenta um resultado geral pífio no número de desapropriações quando comparada aos antecessores. Foram 86 imóveis rurais desapropriados para a reforma agrária, índice superior apenas ao do próprio Collor (28). José Sarney desapropriou 748 imóveis rurais. Itamar Franco, em apenas dois anos, 238. Fernando Henrique Cardoso, alvo de ferrenha oposição do PT durante os oito anos em que governou o país, foi o presidente que mais decretos assinou para a reforma agrária: 3.532, quase o dobro de Lula (1.990), cujo discurso ao assumir o cargo, como se vê, não saiu do papel.

A regressão moral e institucional do país na última década, com sucessivos escândalos de corrupção e o desrespeito sistemático aos poderes constituídos da República, também vem atingindo, sob os auspícios do PT, setores cruciais para o desenvolvimento do país, como o campo. Em geral, as pouquíssimas desapropriações resultam em assentamentos em condições precárias, alguns em situação de miséria, que quase não avançam como unidades econômicas e se tornam meramente dependentes de programas assistencialistas.

A "justiça social" e a garantia do " acesso à terra para quem quer trabalhar", prometidas por Lula há dez anos, não se transformaram em realidade por absoluta incompetência de um governo inerte, ineficaz e que vive de propaganda. Enquanto a presidente se preocupa exclusivamente com sua reeleição, milhares de famílias só querem um terreno para plantar, produzir e viver com dignidade. No discurso e na prática, a reforma agrária do PT é mais um engodo com a marca registrada de Lula e Dilma.

Roberto Freire, deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil EEconômico

Outros tempos - Marina Silva

Nos últimos anos, o exagero numa disputa política bipolar, em que cada lado se considera o bem absoluto na luta contra o mal absoluto, contaminou toda a sociedade brasileira e gerou um ambiente de discórdia no qual a mais simples divergência é julgada e condenada como uma grave traição. O debate político tornou-se estéril, pois todos gritam e ninguém escuta.

Qualquer atitude, decisão ou proposta é imediatamente vista como uma reação emocional, de ataque e defesa. Se alguém tem um projeto, uma ideia, um questionamento, é porque está atacando um dos lados, "rompeu" com o outro, está se vingando.

É grave quando essa bipolaridade penetra em serviços e procedimentos que deveriam ser públicos e isentos e os fazem sucumbir ao antigo preceito antirrepublicano: aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei. Dessa forma, o regime democrático é enfraquecido por dentro.

Mas, como diz o poeta, "amanhã há de ser outro dia". Podemos recuperar a política como atividade idealista, meio de realizar utopias, ambiente de disputas leais na busca de novos consensos capazes de unir (sem ter que fundir) os ideais da nação.

É necessário que cada um, principalmente as forças que se forjaram na bipolaridade, busque um realinhamento interno e uma revisão de seus princípios. Vale o que foi dito, nos últimos dias, por uma importante liderança do PT, o governador Tarso Genro: a disputa não é em torno do passado, mas voltada para o futuro.

É necessário, também, compreender que lutar pela democracia sob uma ditadura é bem diferente de defender a democracia na democracia. Pensemos em pessoas com histórico de luta pela democracia, como a presidente Dilma. Não seria ofensivo pedir-lhe que proceda de modo democrático? A democracia, nesse caso, é pressuposto básico, não temos que agir temendo que ela nos seja negada.

Da mesma forma, talvez seja inútil esperar atitude democrática de quem depende do autoritarismo e das decisões autocráticas, pois só nesse ambiente pode prosperar sua política ou seus negócios. Porém, mesmo a estes deve-se dar o benefício da dúvida e a margem para uma mudança que é sempre possível pois, como temos visto tantas vezes, o tempo e a vida são bons professores.

De todo modo, o Brasil fez nas ruas e faz todos os dias um apelo que precisa ser escutado: recolher as armas. O tempo mudou. De nada adianta soltar os cachorros, comer o fígado e outras expressões de uma política feita com ódio. Quanto a beijar e abraçar, é bom quando é sincero.

Houve um tempo em que vivíamos insultados sob a ditadura. É hora de nos sentirmos respeitados em nossa democracia.

Marina Silva, ex-senadora, foi Ministra do Meio Ambiente

Fonte: Folha de S. Paulo

De todos os picaretas - Fernando Gabeira

O intenso fim de semana na política foi um dos temas do Twitter. Dois candidatos da oposição uniram forças e foram muito comentados, perdendo apenas para temas como um quadro do Programa Raul Gil (SBT). As eleições presidenciais estão chegando e cada um, de acordo com suas limitações de tempo e restrições profissionais, tem a missão de fazer alguma coisa.

Individualmente, tentei fazer o PV e Marina Silva se entenderem e o partido ser o plano B caso a Rede não conseguisse registro no TSE, o que considerava altamente provável. Achava que o campo grosseiramente definido como socioambiental precisava apresentar-se como alternativa. Ele ainda é muito fraco. Dependia de uma união interna para disputar a simpatia do conjunto da oposição. Nos meus cálculos, o campo precisaria também rever alguns de seus dogmas para sair do gueto ecológico. Um é o de se fixar só na defesa de um Código Florestal abstrato, lutando contra ruralistas, que defendem outra abstração.

Minha proposta, em primeiro( lugar, é introduzir o elemento científico para definir quanto de uma área deve ser preservado e quantos metros da margem de um rio serão resguardados para protegê-lo. No caso específico dos rios, considerava que a discussão em Brasília era muito limitada e deveria contar com os comitês de bacia, que conhecem o tema e trabalham diariamente com ele. Isso no caso de comitês de bacia que trabalham e venceram a etapa do faz de conta.

O mais importante para fortalecer o campo socioambiental seria reconhecer a importância da alimentação num planeta que brevemente chegará aos 9 bilhões de habitantes. Posso discorrer muito tempo sobre a importância política desse tema, mas a Primavera Árabe e revoltas em países africanos revelam como ele pode desestabilizar governos incapazes, momentaneamente, de financiar alimentos a preços acessíveis. Dentro dessa visão planetária, não tem sentido hostilizar o agronegócio, mas sim dialogar com ele e levá-lo, quando possível, a uma convergência com as propostas de sustentabilidade.

No meu caso particular, aprendi muito sobre a realidade agrícola discutindo com ex-ministro Alysson Paulinelli, ou sobre a produção de carne ouvindo o também ex-ministro Prati-ni de Moraes. Não tenho medo de ser chamado de velho conciliador, desde que acrescentem

O adjetivo curioso. Colocar o tema dos alimentos numa projeção ecológica não só aumenta a credibilidade da proposta, como indica pé no chão, contato com a dura realidade cotidiana.

Meus esforços para reaproximar Marina e o PV foram em vão e as razões do fracasso não cabem numa análise política. Talvez num outro suporte, um romance psicológico, conseguisse explicar o que aconteceu. Os dois lados estavam irredutíveis.

Por baixo desse esforço havia outra divergência: a necessidade de um plano B. A realidade tem desmentido minha análise de que o plano B é tão importante quanto uma capa de chuva em Bruxelas. A insistência em não tê-lo significa confiar em certos resultados que podem falhar. Não me parece oportunista um candidato a presidente que tenha planos B. Em caso de vitória, terá de se acostumar com eles.

Com os rumos da oposição já traçados, mais a escolha de reduzir candidaturas, e não ampliar o leque, como pedia minha análise, só me resta agora tentar contribuir de outra maneira, dentro de minhas limitações. Uma forma de contribuir com uma alternativa para o Brasil foi ler 1.200 páginas dos debates da chamada esquerda democrática e produzir uma síntese para a Fundação Astrojildo Pereira, do PPS.

Quando os atores são tão imprevisíveis, é importante concentrar-se no roteiro. Apesar do apelo eleitoral, não basta condenar o PT e conseguir com isso um vínculo de simpatia em escala nacional. E preciso dizer como seria o Brasil pós-PT. De que forma impulsionar o crescimento econômico, como estabelecer políticas institucionais mais respeitosas, como se situar no mundo sem arroubos bolivarianos - há muitas coisas que precisam ser definidas com clareza.

O senso comum nos garante que acompanhando e participando da política podemos transformá-la. Mas o universo político brasileiro move-se com tanta independência e autonomia que parece uma galáxia distante. O balcão de negócios está instalado com toda a franqueza. Deputados vendem emendas, votos e, agora, o próprio mandato aos partidos em competição por bancadas numerosas.

O governo do PT contempla isso tudo com a maior tranquilidade porque acha que, no fundo, a desagregação vai ajudá-lo a permanecer no poder, sua obsessão. Não importa se seu reino se transformou num pântano, o importante é sentar na cadeira presidencial, distribuir cargos, verbas, enfim, o combustível que move essa sórdida engrenagem. Os marqueteiros ensinam o caminho do coração popular. Basta reservar para a propaganda uma boa parte dos recursos.

Espionado freneticamente pelos americanos, salvo pelos médicos cubanos e marchando triunfalmente para o topo da economia mundial, apesar do pessimismo dos próprios economistas, o PT vai construindo sua fantástica narrativa. Tudo pode acontecer num país imprevisível, onde os presidentes nem se preocupam mais em fazer sentido. As respostas desconexas de Dilma são apenas a continuidade hesitante da sólida ignorância de Lula, que sonhava com uma Terra quadrada para atenuar a poluição e com um mundo mais justo onde as mães não nascessem analfabetas. Tudo isso com penteado produzido por um cabeleireiro japonês, que deve prestar também seus serviços à Coreia do Norte, a julgar pelo estilo de Kim Jongun.

Parece ironia, mas se a oposição deixar também de fazer sentido, seja por uma tardia descoberta dos encantos da literatura ou pela recusa a analisar friamente os problemas nacionais, aí, então, estaremos perdidos. Só nos restará escolher entre o bom humor dos comediantes e o mau humor dos manifestantes, mas até neste caso um tipo de síntese conciliatória é desejável. Um bom exercício seria completar a frase: Brasil, um país de todos...

*Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

Vendo o grito - Cristovam Buarque

A classe política passa a impressão de que viu mas não ouviu os gritos do povo. Elas provocaram um pequeno ativismo, como para dar satisfação com atos legislativos, mas sem gestos e leis que permitissem uma revolução que o povo deseja.

As manifestações foram sentidas com a emoção de quem vê o quadro do pintor norueguês Edvard Munch, representando uma pessoa gritando, em cima de uma ponte. O observador pode até sentir o grito que sai daquele rosto transtornado, mas não ouve porque o quadro está em outra dimensão, é uma representação, não é a realidade do grito. Da mesma forma, por indiferença de uns e incompetência de outros, os gritos não foram ouvidos.

Diversos fatos têm mostrado esta insensibilidade.

O povo foi às ruas querendo uma reforma radical, uma revolução na maneira como se faz política no Brasil, ao invés disso propusemos uma minirreforma política, e nem ela foi concluída.

Nos últimos dias, quase 100 parlamentares mudaram de partido, não por discordâncias ideológicas, mas para tirar vantagens dos novos, em troca de oferecer tempo de televisão e dinheiro público do fundo partidário.

Ouvir as vozes, em vez de apenas ver a cara dos que estão nas ruas exigiria, entre outras coisas, proibir coligações no primeiro turno, eliminar os fundos partidários com recursos públicos, proibir financiamento de campanha por pessoas jurídicas e limitar o valor das doações particulares, permitir apenas uma reeleição para todos os cargos eletivos, redefinir a forma de escolha de ministros do STF e do TCU, criação de mecanismos para cassação de mandatos pelo eleitor, possibilidade de candidaturas independentes sem filiação partidária, eleição por voto distrital de vereadores, limitar o horário eleitoral apenas às falas dos candidatos, fim do voto secreto e do voto de liderança, com votação aberta e nominal em todos os casos, adoção de consultas populares por meio de modernas tecnologias de comunicação, perda de mandato do parlamentar nomeado para cargos de ministro e de secretário, fim do recesso parlamentar e instituição de férias de 30 dias para os eleitos, registro dos compromissos de campanha, limitação de benefícios específicos da classe política, considerar falta de decoro o uso de serviços públicos por detentores de mandato, malha fina automática para ocupante de cargo público, e eliminação do foro especial.

Além disso, exigiria reservar 10% das cadeiras da Câmara dos Deputados para eleição em nível nacional, o direito de se desligar do partido que trair seus princípios programáticos, eleição de 40% dos deputados estaduais por distrito, ficando 60% por votação no estado e por lista, e, principalmente, cassação pelo eleitor do parlamentar que deixar de cumprir os compromissos assumidos em campanha, a partir de denúncia subscrita por, no mínimo, 5% dos eleitores.

Estas e outras propostas estão no Senado ou na Câmara dos Deputados em forma de projetos de lei ou Propostas de Emenda à Constituição, mas não foram consideradas, porque os gritos foram vistos, mas não ouvidos.

Nos últimos 90 dias, centenas de pequenas manifestações foram realizadas, mas estas nem ao menos estão sendo vistas, como se não formassem uma ainda maior do que a de junho, sobretudo, pela lógica de que são organizadas como parte de uma imensa guerrilha-cibernética do povo na rua, mobilizado pelos métodos que a internet permite.

Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Entre sonhos e realizações :: Rogério Werneck

Aberto, afinal, o startinggate da corrida presidencial, a 12 meses da eleição, constatou-se que a disputa relevante ficou restrita a três candidaturas. Quanto ao cavalo governista, a única informação nova, revelada pelo marqueteiro do Planalto, é que a presidente deverá montá-lo com sobrançaria olímpica. Caso seu desempenho não corresponda às expectativas, o ex-presidente Lula estará pronto a substituí-la. Tampouco houve surpresa quanto ao cavalo tucano, montado por Aécio Neves, sob o indefectível mau-olhado de José Serra. A grande novidade foi o terceiro cavalo, com que Eduardo Campos e Marina Silva, unindo forças, decidiram disputar a corrida presidencial.

Porta-vozes do governo apressaram-se a arguir que a filiação de Marina ao PSB, para "adensar o projeto da candidatura já posta" de Campos, favorece a reeleição. Em vez de ter de lidar com três candidatos, a presidente terá dê enfrentar só dois. Mas os desdobramentos da filiação podem ser bem mais complexos. Frustrando esperanças que vinham sendo acalentadas pelo ex-presidente Lula, o lançamento da candidatura do PSB tornou-se irreversível. E Marina parece ter abandonado de vez a preocupação de evitar uma postura de oposição aberta ao governo. Ao anunciar sua decisão como um movimento de resistência ao "chavismo do governo" terá causado grande impacto no Planalto. Não é crítica que o governo esteja habituado a ouvir da esquerda.

A verdade é que, embora ainda seja cedo para vislumbrar com clareza em que vai redundar a aliança de Marina e Campos na campanha eleitoral, o Planalto já deu sinais de apreensão com a perspectiva de ter de lidar com uma segunda frente, liderada por dois aguerridos ex-ministros de Lula e respaldada por considerável apoio popular. O que se noticia é qüe o primeiro movimento defensivo da candidatura governista será reforçar a imagem de realizadora da presidente. Ou, como ironizou um ministro, confrontar o perfil "sonhático" de Marina com "realizático" de Dilma.

Essa linha de defesa padece de duas limitações. A primeira é que, se o candidato a presidente do PSB for mesmo Eduardo Campos, bater no perfil "sonhático" de Marina não causará grandes danos. O governador de Pernambuco não terá dificuldade em contrapor suas realizações como administrador às da presidente Dilma. E, diga-se de passagem, o mesmo pode ser dito do candidato tucano.

Isso leva à segunda limitação dessa linha de defesa. Que realizações como administradora poderá a presidente Dilma ostentar, de fato, na campanha que se inicia?

Dessa perspectiva, o que se vê é um quadro desolador. A taxa média anual de crescimento do PIB nos três primeiros anos do mandato não deverá passar de 2%. Apesar de todos os PACs, os programas de investimento público continuam emperrados. O recurso tardio a concessões na infraestrutura de transportes vem se mostrando bem mais problemático do que o governo esperava. E a lamentável sequência de decisões equivocadas feitas no setor de petróleo — desde o governo Lula e sempre sob a firme tutela de Dilma Rousseff — impôs enormes dificuldades à Petrobras e estreitou em muito as possibilidades do pré-sal.

O investimento privado continua entravado pela desconfiança do empresariado. E não é difícil perceber por quê. Na condução da política econômica, o Planalto, atarantado, vem emitindo sinais cada vez mais contraditórios. Basta ter em conta o noticiário recente. No início da semana, o governo, engajado em desesperado esforço para evitar que o Brasil seja rebaixado pelas agências de classificação de risco, tentou dar mostras de que está desmontando às pressas o faustoso orçamento fiscal paralelo que há vários anos vem mantendo no BNDES. Mas, logo no dia seguinte, anunciou um deplorável trem da alegria na renegociação de dívidas dos governos subnacionais que, por mera coincidência, deverá propiciar substancial folga fiscal à prefeitura de São Paulo no ano eleitoral de 2014.

Está cada vez mais difícil encontrar realizações que a presidente Dilma possa de fato ostentar.

Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC-Rio

Fonte: O Globo

O Semiárido ergue as mãos para o alto -Washington Novaes

São boas notícias. Em reunião na Namíbia, há poucos dias, a Convenção da ONU para combate à Desertificação, que debatia o uso de tecnologias para uso sustentável da terra, decidiu adotar práticas do Departamento de Combate à Desertificação do nosso Ministério do Meio Ambiente, que põem ênfase na convivência sustentável com ambientes naturalmente áridos - e não tentativas de "combate à seca", como fizeram durante décadas nossas políticas governamentais. Aponto de o escritor Ariano Suassuna haver dito ao autor destas linhas, há alguns anos, que "tentar combater a seca no Nordeste brasileiro é o mesmo que tentar combater a neve na Sibéria". Fez lembrar o competente ministro Celso Furtado, que demonstrava haver sido praticamente toda a área fértil mais próxima do mar na região ocupada pela cana-de-açúcar, o que obrigou famílias pobres a migrar para as áreas secas; e ali foram realizadas as tentativas de transplantar culturas inadequadas para o solo e clima da região - agravando a escassez.

Também no recente encontro de ministros da Agricultura das Américas na Argentina o tema da desertificação ocupou parte das discussões sobre "uso sustentável da água". E ali o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) apresentou alguns dos trabalhos que vem executando em áreas como a de Gilbués, no Piauí, uma das mais problemáticas. Ali, em 55 mil quilômetros quadrados, está um dos cenários mais dramáticos da seca e da desertificação no Brasil, que atingem 1,3 milhão de quilômetros quadrados em 1.488 municípios do Nordeste, de Minas Gerais e do Espírito Santo.

Embora não lhes destine os recursos necessários, o Ministério do Meio Ambiente de fato tem órgãos e profissionais competentes que se empenham há anos na implantação de políticas e programas de convivência com o clima e o ambiente. Além de sistema de alerta precoce para a seca e a desertificação, esses profissionais trabalham com os programas de sustentabilidade da matriz energética - e aí merece destaque o "fogão ecológico", que permite reduzir em 30% o consumo de lenha predominante em grande parte da região. Outro programa é o do manejo florestal integrado para uso múltiplo comunitário da lenha em áreas plantadas - e que permite reduzir o consumo de vegetação natural em locais como o "pólo gesseiro"de Pernambuco, onde não se encontrou alternativa mais barata. Um terceiro caminho é o da instalação de "barragens subterrâneas" (que acumulam água da chuva no subsolo e possibilitam o uso posterior para plantio). Todos no caminho da "convivência".

É preciso insistir: a ONU inclui a desertificação e a fome entre os problemas mais graves do mundo, com 14% da população mundial sofrendo; e a desertificação avança 60 mil quilômetros quadrados por ano. A ponto de o papa Francisco haver dito (FAO, 21/6) que o mundo já produz alimentos suficientes, mas ""há milhões de pessoas que continuam a morrer de inanição; é um verdadeiro escândalo". De fato a própria Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) afirma que a produção de alimentos hoje seria suficiente para alimentar os 7 bilhões de habitantes do planeta, mas o desperdício e a concentração de renda impedem. Pode piorar, com os problemas de mudanças climáticas, inclusive no Brasil, onde se prevê uma redução de até 30% nas chuvas no Semiárido - sem falar que tudo pode ser ainda mais grave com a diminuição do fluxo de águas que nascem no Cerrado e correm para o Nordeste. E com o problema - analisado em trabalho de 26 pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - da expansão de culturas de soja e cana, do Maranhão à Bahia, agravando as condições sociais da região.

O presidente do Comitê de Ciência e Tecnologia da convenção da ONU sobre desertificação, Antônio M. Magalhães, enfatiza que as terras secas já significam 40% do território do planeta, onde vi vem 33% da população. E onde se concentram 50% da pobreza. No Brasil, uma das situações mais graves está em Gilbués (Piauí), onde até chove entre 800 e 1.200 milímetros por ano, mas as condições do solo apressam a infiltração de água e dificultam o plantio de alimentos. írauçuba (Ceará), Cabrobó (Pernambuco) e a região do Seridó (lho Grande do Norte e Paraiba) são outros pontos críticos,

Ao todo, 399 mil pessoas envolvidas. E a questão mais delicada é a da Paraíba, com 54,88% do território cm processo de desercificação (O Globo, 9/7).

Não estranha, assim, que o Semiárido seja o principal polo de origem de migrações para o Centro-Oeste, principalmente para Brasília. As informações das últimas semapas sobre renda no Brasil mostram o Maranhão e o Piauí, por exemplo, com os mais baixos padrões de renda do País. No geral, a situação até tem melhorado, com um crescimento real da renda em 2012, mas ainda com alto nível de concentraçao: enquanto na faixa dos 10% mais pobres a renda está em R$ 215, na faixas dos 1% mais ricos chega a R$ 18.889, ou 87 vezes mais. E a média no Nordeste é de R$ 1.044,00, ante RS 1.507 da media nacional.

Em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) já está testando em Sergipe projeto que deverá ser replicado em todo o Semiárido, com ênfase no combate à erosão do solo e seu esgotamento. Juntamente com o os conhecimentos do IICA em Gilbués e outros do Departamento de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, além dos programas da Articulação do Semiárido -principalmente o de cistemas de placa (custo médio de R$ 2,4 mil) para prover de água captada nos telhados uma família durante toda a estiagem -, talvez seja possível conseguir avanços importantes para toda a população do Semiárido.

Como respondeu ao autor destas linhas, com as mãos voltadas para o céu, uma beneficiária de cisterna de placa, com quase 80 anos, ao ser perguntada sobre o que mudara em sua vida: "Vixe Maria!".

*Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

Revendo conceitos - Merval Pereira

Lentamente, o acordo entre a ex-senadora I Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, vai voltando ao seu leito natural. O acordo foi originariamente montado para que a candidatura à Presidência da República ficasse em segundo plano, ressaltando o aspecto programático da união.

A "coligação democrática" deixaria a escolha do candidato oficial do grupo político a ser formado para uma etapa posterior, quando o programa já estivesse definido. Dessa maneira, a união dos dois é mais forte do que definindo de antemão quem será o candidato. Por que reduzir o espectro da escolha se existem dois candidatos possíveis para buscar um mesmo objetivo? Entre a primeira conversa, na sexta-feira à noite, e o anúncio oficial, no sábado, houve pressão dos socialistas para que Campos não abrisse mão de sua candidatura, e foi isso que fez com que Marina afirmasse na sua fala que a candidatura posta era a de Campos, e que ela embarcava no seu projeto.

Mas Marina tratou de recolocar a questão em entrevistas, lembrando que ambos sabiam que os dois são possibilidades a serem testadas junto ao eleitor até a tomada de posição oficial.

Um primeiro teste deve ser divulgado ainda neste fim de semana, quando está sendo esperada uma pesquisa do Datafolha. O Ibope irá às ruas só na próxima semana, dando tempo para que o eleitor se acostume com o novo quadro.
Da mesma maneira que Marina deu mostras de desprendimento indo ao encontro de Eduardo Campos, ele também está demonstrando que fez um acordo para ganhar, e não para alimentar seu ego.

Outro ponto importante nessa mudança de atitude é que Marina precisa manter seus seguidores amarrados ao projeto da Rede, e sua candidatura é parte fundamental para estimular os "marineiros" empenhados na campanha. Cortar os tênues fios que ligavam o PSB de Campos a Ronaldo Caiado em Goiás teve o aspecto simbólico de garantir à sua base que nada mudou no projeto original. Embora eles saibam que muita coisa mudou.

Mas é preciso preservar aspectos simbólicos do projeto original para não perdê-lo. A legislação aprovada a toque de caixa no Senado e o parecer do procurador-geral da República que retiram dos novos partidos a capacidade de disputar a eleição municipal de 2016 em condições similares às dos outros — ou seja, com tempo de TV e fundo partidário — são obstáculos que servirão para unir os "marineiros" em tomo do PSB, a barriga de aluguel que viabilizará a formação da Rede. Mesmo aqueles que rejeitam a aproximação com os socialistas, alegando que eles representam a "velha política" que Marina quer superar, terão de se valer da estrutura formal do PSB para gerar a Rede, até que ela possa caminhar pelas próprias pernas.

Se vencerem a eleição, sós ou apoiando o PSDB de Aécio Neves, o novo governo poderá promover verdadeira reforma política que reorganize nossos sistemas partidário e eleitoral.

Fazendo o diabo
A presidente Dilma, que anda em fase de paz e amor, não abre mão de "fazer o diabo" na pré-campanha eleitoral antecipada, aliás, por ela mesma, quando tirou do ex-presidente Lula a garantia de que seria a candidata oficial do PT. Na hora do expediente, reuniu-se com seu mentor e mais conselheiros políticos, como o ex-ministro Franklin Martins e o 40° ministro, o marqueteiro João Santana, para discutir a corrida presidencial. Não deveria ser assim, mas, no Brasil, nada que é impedido por lei deixa de ser feito, pois as sanções pecuniárias são ridículas, e as morais já há muito não fazem mais efeito em nossos políticos.

Afinal, se o governador de Pernambuco pode se dedicar exclusivamente à sua candidatura nos últimos dias, por que não poderia nossa "soberana"?

Fonte: O Globo

E se...? - Eliane Cantanhêde

A tensão na novíssima aliança Eduardo Campos-Marina Silva agora é pública, cheia de disse não disse, mas a ansiedade nas searas opostas de tucanos e petistas também existe, só que nos bastidores --ou melhor, nos corredores do Congresso Nacional.

No quadro de hoje, Campos tem um partido, e Marina, os votos; Aécio tem a pré-candidatura, mas Serra, o "recall" de 2010; Dilma está em campanha aberta, mas Lula é o único, entre todos os candidatos, capaz de vencer no primeiro turno.

E se, em março de 2014, a sete meses da eleição, a economia não ajudar, as manifestações voltarem, a base aliada desandar, Dilma Rousseff empacar nas pesquisas e um(a) adversário(a) disparar?

É improvável que o PT assista a isso de braços cruzados, sem acionar o sempre latente "volta Lula". E é muito mais improvável ainda que Lula corra o risco de derrota só para não melindrar a afilhada e sucessora.

E se Campos tiver toda a campanha estruturada, aliados garantidos e apoios no empresariado, mas não decolar e continuar patinando com um dígito nas pesquisas?

É difícil imaginar que o PSB insista no nome do governador tendo ali à mão o da ex-senadora, que arrebanhou quase 20 milhões de votos em 2010. E é muito mais difícil ainda que Marina e a Rede, ou o núcleo da futura Rede, não forcem a barra para trocar a cabeça da chapa.

E se Aécio estiver forte no PSDB, mas débil no eleitorado?

É preciso um enorme esforço de imaginação para pensar nos tucanos e seus aliados unidos para mais uma derrota sem espernear. E mais imaginação ainda para visualizar Serra desistindo de lutar pela vaga.

Assim, em 2014, os institutos vão multiplicar simulações, com os analistas tateando e os atuais candidatos com medo até da sombra. Até porque todas essas sombras são bem reais.

PS - Fundo branco, mesa preta, Marina vestida de freira. Aquilo ontem era entrevista ou velório?

Fonte: Folha de S. Paulo

Condomínio eleitoral regado a vinagre - Maria Cristina Fernandes

Quarenta e oito horas separaram o anúncio da aliança entre a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do recrudescimento de manifestações nas duas maiores cidades do país. É óbvio que ninguém saiu para protestar contra o pacto dos ex-ministros de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas está claro que, sendo Marina o único pré-candidato a ter militantes na muvuca, seus movimentos não ignorem o que se passa nas ruas.

O primeiro sinal é de que não pretende desperdiçar o capital político acumulado pela campanha de 2010 e por sua versão molotov. O dueto que chega a sugerir uma definição postergada da cabeça de chapa escancara essa pretensão.

Se é importante para o futuro eleitoral da aliança preservar o capital político de Marina, como a dupla deixou claro ontem na TV, o PSB parece atento aos riscos de que a aliada se transforme num cavalo de troia.

Aliança reivindica herança lulista até nas contradições

Eduardo Campos ganhou espaço junto ao empresariado por vender uma condução desideologizada da economia, mas a aliança com Marina reforça o apelo da origem política de esquerda do anfitrião. Marina traz verniz, mas o discurso busca deixar claro que a militância-nas-lutas-populares do governador a precede.

E a estratégia não se resume a reprisar a saga do engenho Cananeia. No ato de filiação, Marina já tinha começado a falar quando foi anunciada a entrada no auditório da deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), logo chamada ao palco pela ex-senadora.

Ao discursar em seguida, Campos não apenas homenageou Erundina como lembrou que ela havia entrado naquele auditório na companhia de Renata, sua mulher.

Se o governador trabalhava para ser um herdeiro recauchutado do lulismo, a entrada de Marina na chapa só reforça essa tendência. Até mesmo nas contradições.

Marina tinha uma constelação de símbolos da amorfia lulista para alvejar em seu discurso de estreia mas escolheu logo o chavismo. Foi no auge das relações de Lula com Hugo Chávez que foi gestada a refinaria Abreu e Lima, o general pernambucano que lutou ao lado de Simon Bolívar. A Venezuela nunca pôs um tostão lá e a Petrobras entrou sozinha no maior empreendimento industrial jamais feito no Estado.

O condomínio de contradições que ambos vão gerir a partir de agora tem seu valor pedagógico. Tivesse entrado em outra da miríade de legendas nanicas que se lhe ofereciam, Marina estaria mais exposta à acusação de que só a candidatura a presidente lhe move. Ao ingressar no PSB a ex-senadora faz uma inflexão na rota que percorre desde que deixou o PT.

Não há dúvidas de que o insucesso eleitoral da empreitada acelerará a retomada do Rede. Mas a aposta no PSB é o reconhecimento de Marina de que o insulamento de seu projeto não o faria avançar. No máximo, como já disse em discurso, seria a mais curtida e cutucada ex-candidata que o país jamais teve.

A surpresa da aliança não desmerece o dote que vinha sendo preparado por Campos desde 2010, quando começou a falar pra quem quisesse ouvir que a votação de Marina, inclusive na cidade onde mora, que lhe deu 36,7% dos votos, era a maior lição das urnas. O governador levou o candidato de Marina em Pernambuco para ser seu secretário e dele fez seu emissário em sucessivos e frustrados gestos de aproximação. Nenhum deles parece ter sido tão eficaz quanto aquele que levou o PSB a contestar no Supremo o cerceamento a criação do Rede.

Marina, a exemplo de Lula, começou a falar de si na terceira pessoa. Juntou-se ao político cujo tino mais rivaliza com o ex-presidente. Essa dupla reencarnação de Lula tem pela frente a difícil montagem de um condomínio eleitoral regado a vinagre.

A saída do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) da aliança de Campos-Marina é um só o começo da disputa pelo agronegócio, o setor empresarial que tradicionalmente mais se expõe nas campanhas eleitorais.

A articulação, que precede o PSB vitaminado, foi posta em curso pelo ex-presidente Lula com vistas a reaproximar Dilma do empresariado no final deste governo e preparar terreno para um segundo mandato que se quer mais azeitado nesta relação.

A estratégia que estava em curso ganhou fôlego com o apelo redobrado que os dois ex-ministros, ambos com avançadas relações em nichos do capital, passaram a ter.

A articulação lulista passa pela filiação de empresários que possam servir de ponte do governo junto aos seus pares. O PMDB é o partido escolhido.

Começou pela filiação de José Batista Júnior, do grupo Friboi, que estava para fechar com o PSB e acabou levado pelo PMDB com a promessa de candidatura ao governo de Goiás. O cordão sanitário do agronegócio se estende ao vizinho Tocantins, com a adesão da presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (TO) também ao PMDB e chega a São Paulo onde Maurílio Biagi, filiado ao PR, é cogitado para vice do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

A rede (empresarial) se estende à indústria com Josué Gomes da Silva, o presidente da Coteminas levado por Lula ao PMDB. Ex-presidente e sucessora têm outros planos para o filho de José Alencar. Vice não traz voto. Os bons ajudam na composição partidária e na articulação política. Outros são escolhidos a dedo para sanar lacunas do titular. Assim fez Alencar, na vice de Lula. Seu filho parece ter outro destino.

Ministro mais próximo da presidente Dilma Rousseff, o titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, é líder nas pesquisas para o governo de Minas. Tem 12 anos de administração tucana a enfrentar no Estado em que o senador Aécio Neves vai jogar seu futuro na política. A chapa de Pimentel tem arestas a aparar com o PMDB, mas não parece ser esta a vocação de Josué ou a necessidade dos petistas.

Uma e outra parecem conspirar para colocar o presidente da Coteminas no lugar do ministro-candidato.

Fonte: Valor Econômico

A chave da terceira via - Denise Rothenburg

A escolha de São Paulo para cenário do primeiro encontro entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva está longe de ser obra do acaso ou da "praticidade" A opção foi feita de caso pensado e extremamente avaliado. E tem um motivo crucial: eles já perceberam que todas as tentativas fracassadas de quebrar a polarização PT-PSDB tiveram dois pontos em comum: primeiro, nenhum dos candidatos tinha o controle do partido. Em segundo lugar, não tinham inserção em São Paulo. Desfilaram nessas ondas de quebra da polaridade Anthony Garotinho, Ciro Gomes, Heloisa Helena e Cristovam Buarque. Nenhum deles tinha construído algo sólido em São Paulo, berço do PT e do PSDB, e cada onda que tentaram formar viraram marolinhas.

Juntos, Eduardo e Marina buscam, nessa primeira etapa, escapar dessa sina. No quesito controle partidário, ambos não podem se queixar. Marina decidiu praticamente sozinha levar a Rede para reforçar Eduardo Campos. E, no papel de presidente do PSB, o governador de Pernambuco não pede, manda. Falta, entretanto, o outro pilar capaz de dar sustentação a um projeto. Construir algo de peso em solo paulista, uma vez que, pelos cálculos deles, Aécio Neves, do PSDB, sairá bem de Minas Gerais e Dilma Rousseff já está no segundo turno.

Esse ponto, entretanto, ainda é uma incógnita. A candidatura própria de Walter Feldman ao goveriíò de São Paulo é vista com certo receio, porque seria a "5ª via", conforme definido pelos próprios integrantes do PSB e da Rede. O cenário de São Paulo apresenta quatro pré-candidatòs hoje: o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, concorrerá à reeleição. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já foi apresentado por Lula como o nome do PT. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, é o nome do PMDB e aparece bem posicionado.

O ex-prefeito Gilberto Kassab é o nome mais forte do PSD. Ou seja, só tem "feras" nessa disputa. À exceção de Skaf, que vem do meio empresarial e é tido como alguém meio avesso aos jogos da política, os outros três são "do ramo", expressão que os políticos usam para definir aqueles que são extremamente habilidosos e conhecedores do terreno onde pisam.

Nesse cenário, avaliam alguns, uma candidatura de Feldman seria a 5ª via, que chegaria numa faixa estreita de votos. Portanto, enquanto ainda mantêm a hipótese de nome próprio reservada, os integrantes da Rede e do PSB observam o quarteto de pré-candidatos. Está praticamente definido que, com o PT, eles não seguirão. Tampouco pretendem apoiar Skaf. Nesse caso, restam duas opções: Kassab e o governador Geraldo Alckmin.

A notícia veiculada na internet de que teria havido um encontro de Eduardo e Marina com Alckmin ontem, no fim da manhã — que não ocorreu —deixou o mundo político desconfiado. Realmente, eles não se encontraram, mas essa reunião não está longe de acontecer. Os tucanos sempre se referem ao deputado Márcio França, do PSB, como futuro candidato a vice na chapa de Geraldo Alckmin. Se isso ocorrer, Alckmin terá dois candidatos a presidente no palanque. Ocorre que Feldman já foi secretário de Kassab e, como em política nada é impossível, não será tão esquisito quanto parece se a dupla Eduardo-Marina ou Marina-Eduardo estiver com o ex-prefeito, uma vez que a dupla Lula-Dilma ou Dilma-Lula estará dedicada à campanha de Alexandre Padilha.

Enquanto isso, no Palácio dos Bandeirantes...
A construção entre Eduardo e Marina Silva e esse alicerce que eles buscam em São Paulo vai acelerar a formatação do palanque de Geraldo Alckmin. A cada dia, encurta-se o prazo para que o governador possa fazer um convite oficial ao PSB para compor a chapa. Está no ar a sensação de que, se esse convite não vier logo, a Rede de Marina pode levar o PSB a outro projeto, que não a reeleição de Alckmin. Afinal, é preciso ter em mente que, tanto Eduardo quanto Marina buscam um pé em São Paulo. E, em política, assim como no futebol, vale a máxima: quem se desloca, recebe. Quem pede, tem preferência. Os atores de São Paulo vão começar a se deslocar agora, Resta saber quem terá a preferência.

Fonte: Correio Braziliense