Por falta disso, mesmo que sem um propósito
claro, salvo o de se perpetuar no poder, o regime Bolsonaro subsiste diante de
uma oposição que passivamente se mantém na expectativa de que a maça caia no
seu colo como anunciam as previsões eleitorais. Tais previsões são conhecidas
por todos, escrutinadas pelos estrategistas bolsonaristas, que conspiram em
tempo contínuo para que elas não se realizem, inclusive em movimentos de alto
risco como nessa viagem a Moscou em plena crise de alcance mundial pela questão
da Ucrânia, em claro movimento dissonante da política dos EEUU, potência
hegemônica com a qual sempre nos alinhamos.
A derrota eleitoral em 2022 no segundo turno, se não no primeiro, já faz parte da planilha dos dirigentes bolsonaristas, onde medra a desconfiança com as forças aliadas do Centrão que podem face ao horizonte sombrio que lhes parecem reservar as urnas buscar alternativas de sobrevivência nas hostes da oposição, várias delas treinadas nas artes da convivência com elas. Para o regime Bolsonaro o processo eleitoral é percebido como a crônica de uma morte anunciada, e, nesse sentido, se prepara para tumultuá-lo e impedir sua tramitação efetiva, reiterando as práticas de Donald Trump nas últimas eleições americanas com a invasão do Capitólio. Aqui, seu cavalo de batalha é o da denúncia das urnas eletrônicas, garantia de lisura da competição eleitoral, procurando aliciar para esses fins setores das forças armadas.