Chamar
o ex-juiz Sérgio Moro de extremista de direita é evidentemente um abuso de
linguagem com objetivo político. O presidente da Câmara Rodrigo Maia e a
direção do Democratas, inclusive seu presidente ACM Neto, estão há tempos
participando dos preparativos para o lançamento da candidatura de Luciano Huck
à presidência da República, e o encontro dele com Moro em Curitiba deve tê-los
apanhado de surpresa, daí a reação exagerada.
Como
uma parte independente do Centrão, o DEM tem que zelar pela capacidade de
aliança do grupo, e Moro é figura non grata de todo político apanhado na malha
da Lava-Jato, ou que pode vir a ser. Sobram poucos que apóiam ainda a maior
operação de combate à corrupção já realizada no país, e Moro, por falta de
traquejo político, não se aproxima nem mesmo desses.
Também
a esquerda esperneou com a aproximação de Huck com Moro, tendo o presidente do
Partido Socialista a classificado de “erro crasso”. Para quem pretende
expressar uma candidatura de centro-esquerda, Luciano Huck foi além dessa
bolha, praticando o que o presidente do Cidadania, Roberto Freire, define como
a saída para enfrentar a polarização em 2022: aceitar todos os que pretendem a
derrota de Bolsonaro, sem idiossincrasias.