O Globo
Fernando Haddad, e Tarcisio de Freitas,
dois potenciais candidatos à sucessão de Lula em 2026 se aproximaram do centro
político se distanciando dos radicais do PT e dos bolsonaristas
Parafraseando Vinicius de Moraes, a
política é a arte do encontro, embora existam tantos desencontros na política.
Dois personagens tiveram protagonismo nesses encontros e desencontros das
últimas semanas, além, é claro, do presidente da Câmara, Arthur Lira, que
conseguiu a mágica de reter em Brasília numa sexta-feira a maior parte dos deputados
para aprovar a volta do voto de qualidade do Carf, fundamental para aumentar a
arrecadação do governo.
Falo do ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, e do governador de São Paulo Tarcisio de Freitas, dois potenciais
candidatos à sucessão de Lula em 2026 ( se ele realmente desistir da
reeleição), e que se aproximaram do centro político se distanciando dos
radicais do PT e dos bolsonaristas.
As reformas econômicas estão andando,
Haddad se apoiou em Lira e num Congresso com tendência mais liberal na economia
para avançar na aprovação de temas essenciais para sua gestão: arcabouço
fiscal, reforma tributária, mudança no Carf da Receita Federal. O presidente
Lula, lembrando aquele que teve sucesso no seu primeiro governo prosseguindo
nas reformas econômicas vindas do governo Fernando Henrique, agiu de maneira
diferente em relação à reforma tributária do que faz incessantemente com o
Banco Central independente, que não engole, embora os bons resultados estejam
evidentes.
O ministro Haddad acompanha Lula e os petistas contra Roberto Campos Neto para não perder tração no campo petista, que não é de hoje não o engole. Quando ministro da Educação, mesmo sob pressão dos petistas, Haddad não entregou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o cofre da pasta, ao partido. Colocou lá um servidor de carreira do Tesouro. Ele se legitimou através da boa gestão, mas engoliu poucas e boas calado, até mesmo aguardar com paciência que Lula liberasse a vaga de candidato em 2018 para ele.