O Globo
O instituto das federações partidárias foi
concebido para que pequenas legendas ameaçadas de extinção a partir do
estabelecimento de cláusulas de desempenho, ou de barreira, sobrevivessem. Mas
a negociação em curso para a criação de vários desses agrupamentos passou a
levar em conta uma outra lógica, a sobrevivência parlamentar dos partidos no
próximo governo. O que se tem são fábricas em que são projetadas novas versões
do Centrão, ao gosto do próximo freguês, ops, presidente.
O sucesso do Centrão atual, comandado por
Arthur Lira, que tem como satélites partidos como o PL de Jair Bolsonaro, o
Republicanos e outros que ora o integram, ora se afastam, foi tal que será
inexorável que o eleito em outubro conte com algo parecido para ter alguma
capacidade de governar.
Já escrevi aqui, e as declarações subsequentes do cacique do Centrão atual corroboraram: qualquer um que vença o pleito não terá sucesso em desarmar a bomba do Orçamento secreto, na prática o principal motor das relações entre Executivo e Legislativo hoje. Todos os candidatos prometerão fazê-lo, mas é bem provável que o vencedor nem chegue a tentar.