O Globo
A nota do Ministério da Defesa e dos
comandantes das Forças Armadas criticando o presidente da CPI, senador Omar
Aziz, é uma distorção de suas palavras e atinge todo o Senado. Deveriam estar
indignados, sim, com os militares que se envolveram em negócios polêmicos na
Saúde.
Tudo leva a crer que estamos diante de uma briga de quadrilhas de
atravessadores de contratos de vacinas no Ministério da Saúde. Com acesso até
ao gabinete da Presidência da República, como revela uma das mensagens do
celular do cabo da PM Luiz Paulo Dominguetti. A prisão do ex-servidor Roberto
Dias pela CPI da Covid é apenas um percalço nessa disputa de poder.
O ex-secretário executivo do ministério, coronel Elcio Franco, está no centro
das disputas pelas negociações, e Roberto Dias, cuja cabeça foi pedida por ele
em outubro, mas Pazuello segurou por pressão do líder do governo, Ricardo
Barros, sugere que a eventual responsabilidade final era de Franco.
Pelo menos uma culpa o coronel Elcio Franco tem: garantiu que investigou o
processo de compra da Covaxin e não descobriu os erros esdrúxulos que a
senadora Simone Tebet apontou num dos recibos (invoices) enviados pela empresa
intermediária Davati.
Quando foi à entrevista para denunciar o deputado Luis Miranda como
falsificador de documentos, nem ele nem o patético ministro Onyx Lorenzoni
sabiam que havia três recibos. Apontaram como falso o único verdadeiro, que
pedia antecipação de pagamento de US$ 45 milhões.