PIB positivo não deve obscurecer desafios do governo
O Globo
Ano começou com otimismo, mas economia ainda
depende do cenário externo e da agenda de reformas
O ano de 2024 começou com excelentes notícias
no campo econômico. A inflação cumpriu a meta em 2023 e tem ficado abaixo da
expectativa neste ano. O desemprego caiu ao menor nível na última década. A
arrecadação do governo bateu recorde e contribuiu para as contas públicas
fecharem janeiro com superávit. Até a meta fiscal de déficit zero, antes
considerada inviável, entrou no radar dos analistas de mercado (embora dentro
da margem de tolerância de meio ponto percentual do PIB). Para completar, o
IBGE divulgou ontem o resultado oficial de crescimento da economia no ano
passado: 2,9%. Há indiscutivelmente motivos para comemorar, e todas as
projeções para este ano têm sido revisadas para melhor.
O clima positivo reflete o trabalho competente do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele conquistou a confiança do mercado financeiro ao encarar com seriedade o desequilíbrio nas contas do Estado brasileiro. Este será o primeiro ano de teste do novo arcabouço fiscal, e Haddad conta com dois fatores favoráveis. O primeiro é a disciplina férrea com que o Banco Central tem conduzido o controle inflacionário, a despeito de todos os ataques que sofreu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A política monetária propiciou crescimento e queda no desemprego sem trazer risco para a inflação. O segundo é o cenário de desinflação global, com perspectiva de queda de juros nos Estados Unidos. Apesar de tudo isso, é preciso cautela na comemoração.