- O Estado de S. Paulo / O Globo
Não há desculpas para a imprevidência. A
saúde e o bolso, ambos são indispensáveis
O mundo passa por um mau momento: não é só
a pandemia, é a aflição do amanhã. Olhando em volta, pouco se vê, a não ser a
preocupação com a sobrevivência e o pouco ânimo com as doenças. E não é para
menos.
Apesar disso, enquanto estivermos por aqui
é melhor, se não der para agir, pelo menos sonhar. O pior é que se nos
envolvermos muito com o dia a dia, mesmo no sonho, o que há é pesadelo.
Principalmente se no devaneio aparecer a política. Mas vamos lá...
Nosso presidente não decepciona, atua como
se nada houvesse de grave... Mesmo eu, que, por motivos óbvios, prefiro não
falar dos incumbentes, de vez em quando tenho vontade. Não é possível tratar a
epidemia como se nada se tivesse que ver com ela. Todos temos. Com mais forte
razão quem deveria cuidar de nosso bem-estar. Não vou exagerar: cada indivíduo
precisa cuidar-se. E a crise de saúde não é “culpa do governo”. Fizesse o que
fizesse o governo, o vírus estaria pronto a atacar.
Mas daria para ter um pouco mais de
cuidado. Se a ação for pouco responsável, que pelo menos as palavras sejam
cuidadosas. Não é o que se vê.
Deixemos de lado, contudo, o modo de ser e
falar. Esqueçamos mesmo o aspecto médico-hospitalar da crise atual, não dá para
deixar de lado o óbvio: a recuperação da economia demandará tempo e precisa de
ação. Já.
Vejo declarações de que a recuperação
econômica será breve. Confesso que as leio com preocupação. Com base em quê?
Talvez, mas por enquanto se trata mais de uma aposta do que de uma verificação
baseada em dados ou na experiência. Ainda que seja essa a tendência, o que
sentirão os desempregados que escutam, sem ter poder de decisão, que o
futuro será promissor e a recuperação será em breve?
Um pouco de empatia e solidariedade não faz mal a ninguém. E em nosso meio, se não dá para curar, que pelo menos se mostre preocupação com o que está acontecendo. Tomara que a recuperação da saúde e a do bem-estar venham depressa. Para tanto, mais do que nunca, é preciso vacinar. Vacina boa é a vacina no braço das pessoas. Há, portanto, que buscá-las, literalmente custe o que custar. Mas enquanto não vêm, que pelo menos os que têm autoridade falem com mais compaixão e atuem com maior discernimento.