sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Fernando Luiz Abrucio* - Recuperar o conceito de coalizão

Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

Não há chances de se montar um governo num país multipartidário e complexo socialmente sem a distribuição de poder e recursos entre aliados

Após a avalanche bolsonarista contra a democracia e o sistema político montados pela Constituição de 1988, o próximo governante terá uma enorme tarefa de reconstrução das instituições e das políticas públicas. Mesmo com milhões de votos, nenhum presidente conseguirá governar sob os escombros do bolsonarismo de forma voluntarista e personalista. No entanto, um dos pontos de preocupação para o próximo período é como retirar o poder excessivo dado ao Centrão liderado por Arthur Lira, especialmente mudando o modelo orçamentário controlado por esse grupo. A necessidade de construir alianças amplas sem repetir o padrão predatório atual só tem uma saída: reconstruir o conceito de coalizão.

O termo presidencialismo de coalizão é, ao mesmo tempo, tomado como algo constante, mas que geralmente recebe uma dupla interpretação. Os seus críticos dizem que ele é a origem de todos os males da corrupção. Embora em diversas ocasiões a necessidade de se construir maiorias parlamentares tenha sido alimentada por recursos escusos, isso não é uma lei de ferro.

A distribuição de ministérios e a divisão orçamentária conforme o apoio recebido são peças-chave que podem até gerar, em determinadas circunstâncias, erros de políticas públicas, porém não são, intrinsecamente, mecanismos corruptos de governança.

César Felício - A crônica de uma eleição que não acabou

Valor Econômico

Pleito de 2018 e 2022 são diferentes, mas há similaridades

Há praticamente quatro anos, a edição deste jornal no dia seguinte à eleição registrava: Bolsonaro questionava o resultado eleitoral e Fernando Haddad, o então candidato petista, anunciava que buscaria uma frente ampla.

A similaridade do quadro atual com 2018, quando tanta coisa mudou no Brasil desde então, mostra que essencialmente os dilemas e estratégias do petismo e do bolsonarismo seguem os mesmos.

O PT sabe que para chegar e permanecer no poder precisa pactuar com forças de fora da esquerda. Ninguém no partido soube fazer isso, a não ser o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Haddad em 2018 esteve muito longe de conseguir.

Lula saiu da cadeia com um discurso conciliador e depois durante muitos meses pareceu jogar parado. Fez um movimento importante, ao trazer Geraldo Alckmin para seu redil rendido, sem nenhuma condição, mimetizando um radicalismo que nunca teve. Ainda assim, Alckmin na chapa representou uma inflexão importante: o ex-presidente escolheu como vice um político que tem estatura para substitui-lo em caso de um impeachment, por exemplo.

José de Souza Martins*- A fome que mutila

Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

Há a enganosa suposição de que a fome de ontem pode ser saciada com programas de alimentação de hoje ou de renda adicional de agora

O levantamento, agora divulgado, feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania Alimentar e Nutricional), sobre a fome no Brasil, associado a outros dados do momento, como os das várias pesquisas sobre tendências de voto do eleitorado, fazem-nos revelações amargas. Somos um país tristemente à beira do abismo. Um país em que, para muitos, a vida do outro não vale nada. Não só para quem governa como também para uma parcela ponderável dos que votam.

O levantamento aponta que, em 41,3% dos domicílios, os moradores vivem em estado de insegurança alimentar. Em 15,2%, 33 milhões de seres humanos vivem em insegurança alimentar severa, de fome. Juntando-se a insegurança alimentar severa com a insegurança alimentar média (15,5%), 30,7% da população está numa situação alimentar crítica: não tem o que comer ou não tem o minimamente necessário para comer e sobreviver em condições propriamente humanas.

Feita uma desagregação dos dados por variáveis adicionais, os pesquisadores verificaram que falta comida em um em cada três lares com crianças até 10 anos.

Vera Magalhães - O voto útil e o abandono do barco

O Globo

Ciro Nogueira está pegando seu banquinho e saindo de mansinho. Diz que vai ali no Piauí e volta já. Será que volta?

A estratégia do QG de Luiz Inácio Lula da Silva em busca do voto útil conseguiu reverter a tendência de praticamente toda a campanha: Jair Bolsonaro perdeu o domínio da narrativa eleitoral a dez dias do pleito. Depois de esgotar todas as cartadas, mesmo a exótica viagem internacional no momento crucial da eleição, o presidente e seu entorno parecem atordoados, perdidos, desmotivados.

A pregação pelo voto “Lula já” surtiu efeito junto a juristas, artistas, economistas, adversários políticos e trouxe até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ex-alvo preferencial do PT, para o debate, ainda que com uma nota em que não dá nomes aos bois, só aos conceitos.

FH fez mais em entrevista há um ano para mim, aqui no GLOBO. Na ocasião, disse que, caso se configurasse um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, não deixaria de se posicionar.

— Se ficar entre Lula e Bolsonaro, temos de escolher entre um dos dois. Da última vez, eu não escolhi. Desta vez não vou fazer isso. É preciso escolher. E eu não vou escolher o Bolsonaro.

Ele foi, portanto, elegante com a senadora Simone Tebet, candidata do MDB que tem o apoio do PSDB. Mas não resta nenhum sujeito indeterminado na sua nota cheia de sujeitos ocultos.

Bernardo Mello Franco – Brigando com as pesquisas

O Globo

Ao questionar credibilidade de institutos, presidente e aliados seguem mesma estratégia golpista

Aconteceu em Ariranha, município de 9 mil habitantes no interior de São Paulo. Um pesquisador do Datafolha entrevistava um morador local quando foi abordado aos gritos pelo bolsonarista Rafael Bianchini: “Vagabundo!”. “Só pega Lula!”.

Não satisfeito com os insultos, o eleitor do capitão atacou o profissional a socos e pontapés. Ele ainda saiu para buscar um facão, mas foi contido pelo filho antes de usá-lo.

A agressão não foi caso isolado. Bolsonaristas têm assediado e hostilizado pesquisadores em diversas regiões do país. Na semana passada, o Datafolha chegou a registrar dez ocorrências num único dia.

Em meio à escalada da violência, o presidente e seus aliados incitam o ódio contra os institutos. Ontem o presidente da Câmara, Arthur Lira, fez uma ameaça velada a empresas que medem intenções de voto. “Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura”, tuitou.

Eliane Cantanhêde - A onda do voto útil

O Estado de S. Paulo

Está escrito que a onda do voto útil vai crescer, mas ainda não chegou à sua excelência, o eleitor

A onda do voto útil, comum na reta final das campanhas, já começou e começou forte, com os artistas puxando a fila, os intelectuais indo atrás e um personagem-chave, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dando aos tucanos e ao próprio centro uma sinalização a favor de Luiz Inácio Lula da Silva, mas, mais ainda, contra Jair Bolsonaro.

Apesar de não citar Lula e Bolsonaro, o texto de FHC não deixa dúvida, ao defender o combate à pobreza e à desigualdade, direitos iguais independentemente de raça, gênero e orientação sexual, valorização da educação e da ciência, preservação do ambiente, fortalecimento das instituições e recuperação da imagem internacional do Brasil.

É tudo que separa Lula e Bolsonaro, logo, é fácil identificar quem está de um lado e do outro nessas questões tão fundamentais. FHC redigiu o texto, não com políticos, mas, sim, com três intelectuais: o ex-chanceler Celso Lafer, o diplomata e seu assessor internacional Miguel Darcy de Oliveira e o diretor do Instituto FHC, Sérgio Fausto.

Bruno Boghossian - A consistência da frente ampla

Folha de S. Paulo

União de divergentes é ferramenta poderosa, mas eventuais deserções podem provocar estragos

A expansão precoce do elenco que manifesta apoio a Lula mexe em alguns parâmetros da frente ampla que os petistas trabalham para construir. Quando adesões do tipo aparecem no segundo turno, o movimento é interpretado pela ótica do pragmatismo, já que a escolha é restrita. No primeiro, elas podem ter peso simbólico para mudar expectativas em relação a um futuro governo.

Em alguma medida, a chegada de políticos de centro-direita ao palanque do petista carrega esse potencial. Henrique Meirelles declarou voto em Lula e posou como uma espécie de selo para a economia. Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sinalizou apoio indicando uma convergência com a plataforma social do sucessor.

O motor da aproximação desses e outros atores com Lula é a oposição a Jair Bolsonaro. Eles tratam a derrota do presidente como prioridade e veem o petista como único candidato competitivo. Ainda assim, fizeram questão de destacar pontos de contato na agenda de governo.

Vinicius Torres Freire - O risco de golpe baixo na eleição

Folha de S. Paulo

Possível vitória apertada do petista pode incentivar artimanhas até eleição e depois dela

Quem está ansioso com o resultado da eleição deve continuar assim até a noite do domingo 2 de outubro. A indefinição ou um resultado apertado aumentam o risco de tumulto político ou de golpes baixos. Tomar cuidado com a segurança do eleitor e da apuração é tarefa ainda mais séria.

A quantidade de abstenções e de votos válidos pode pesar mais do que as inconstâncias do eleitorado na última hora. A julgar pelos dados do Datafolha desta quinta-feira, ondas de abstenção ali ou aqui, entre os mais pobres em particular, podem ter peso terminal. É o que indica o histórico do número de votos válidos/inválidos e de abstenção. Mais sobre estes números mais adiante, neste texto.

Sim, se pode especular que muita decisão relevante é tomada nessa última hora, embora esta seja uma eleição de decisões mais precoces, a julgar pelas declarações do eleitorado. Mais de 18% dos eleitores dizem que ainda podem mudar o voto. De resto, haverá ainda 8 dias de campanha e 1 de "reflexão", o sábado. Mas, se todos os eleitores ainda não totalmente decididos mudassem o voto para sua segunda escolha, ainda assim a eleição continuaria indefinida (sempre pelos números do Datafolha desta quinta-feira).

Reinaldo Azevedo - Ciro já escolheu, e eleitor escolherá

Folha de S. Paulo

Ao votar, você responde por si mesmo e por todos

Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência, está empenhado em combater o "fascismo de esquerda". Não se sabe exatamente o que é isso. Pregar voto útil seria uma das expressões desse mal. Fosse assim, ter-se-ia a solução, não o problema. O voto útil estaria para o "fascismo de esquerda" como o golpe para o fascismo de direita. Então se faça a luz. Mas é preciso ir das palavras que movem para os exemplos que arrastam.

Na quarta, em entrevista à Rede Vida, Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, voltou a fazer uma ameaça nem tão velada ao STF. Depois de reclamar de decisões do tribunal relativas a seus decretos ilegais sobre armas e a inquéritos que apuram agressões à ordem democrática, foi enigmático, como de hábito, com a garrucha da cintura: "Acredito que, depois das eleições, a gente resolva essa parada aí".

Mariliz Pereira Jorge - Ciro cava o próprio fim

Folha de S. Paulo

Candidato parece estar numa cruzada para enterrar seu futuro político

"O PT, se você deixar, bate a sua carteira...". É uma fala típica de Jair Bolsonaro, mas foi dita por Ciro Gomes em entrevista ao apresentador Ratinho. Na mesma ocasião, o candidato do PDT botou parte da culpa do problema da violência e do tráfico de drogas do país na "esquerda caviar": "o burguês lá da zona sul do Rio falando de combater o fascismo tá cheirando cocaína desbragadamente".

O tom bolsonarista adotado por Ciro tem funcionado tanto quanto enxugar gelo. Quanto mais ele bate no PT e em Lula, mais derrete. A virada esperada jamais veio. A eleição se aproxima e quem se aproxima de Ciro é Simone Tebet. A única coisa que cresce na campanha de Ciro é a rejeição e a antipatia por ele. O que ele faz? Diz que antigos apoiadores, como Caetano e Tico Santa Cruz, vão de Lula porque estão com a vida ganha.

Bruno Boghossian - Lula usa rejeição a Bolsonaro e investe no 1º turno

Folha de S. Paulo

Petista encontra espaço nos segmentos em que presidente enfrenta oposição mais forte

Os movimentos do eleitorado dão alguns sinais sobre a influência que a rejeição a Jair Bolsonaro (PL) pode ter sobre o desenho final do primeiro turno.

A nova pesquisa do Datafolha captou uma variação favorável à candidatura de Lula (PT) nos segmentos da população em que o atual presidente apresenta alguns de seus piores índices negativos nesta corrida.

Na última semana, Lula registrou ganhos entre os mais jovens, entre as mulheres e entre os eleitores de baixa renda. Em todos esses grupos, a rejeição a Bolsonaro parece consolidada, chegando a beirar a casa dos 60%.

A relação entre os números oferece duas informações que podem ser determinantes para os dez dias finais da disputa e para os esforços do petista em direção a uma vitória no primeiro turno.

Um dos pontos é a indicação de que Lula pode ter encontrado algum espaço para reforçar o núcleo de seu eleitorado. Aqueles três grupos em que o petista avançou já eram aqueles em que sua candidatura apresentava mais força no confronto com Bolsonaro.

Luiz Carlos Azedo - Voto útil pode reduzir distância entre Lula e Bolsonaro

Correio Braziliense

Numa campanha radicalizada, errar de “inimigo principal” pode ser fatal. Enquanto Bolsonaro concentra o fogo contra Lula, a oposição começa a se digladiar com muita agressividade na campanha

A campanha de voto útil deflagrada pelo PT para garantir a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno é a estratégia adotada pelo petista na reta final de sua campanha. O objetivo é volatilizar a candidatura do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) e, com isso, atrair os eleitores que lhe faltam para ter mais de 50% dos votos válidos em 2 de outubro. A expectativa de poder que o favoritismo de Lula oferece, ao contrário do que acontece com os demais candidatos de oposição, é um fator de atração de apoios de personalidades, intelectuais e políticos do chamado centro democrático, que estão aderindo publicamente à campanha do petista. Lula está mais próximo de uma vitória no primeiro turno.

No caso de Ciro, o voto útil já está implodindo o PDT. O tom agressivo da campanha, porém, provoca forte reação de Ciro Gomes, que passou a tratar Lula como adversário principal nas últimas semanas, por ter a sua sobrevivência como líder político nacional ameaçada pelo esvaziamento progressivo de sua candidatura. Na prática, essa reação de Ciro reforça a narrativa adotada por Bolsonaro para aumentar o índice de rejeição de Lula, focada, principalmente, nos escândalos do mensalão e da Petrobras, e pelas condenações em primeira e segunda instâncias nos processos da Operação Lava Jato, embora essas sentenças tenham sido anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

FH pede voto a eleitores em favor da democracia

Ex-presidente tucano enumerou pautas do candidato em quem defende votar, como compromisso com o combate à pobreza e desigualdade e direitos iguais para todos; Lula agradeceu a declaração

Por Guilherme Caetano e Sérgio Roxo / O Globo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, publicou uma nota na manhã desta quinta-feira em que defende voto "pró-democracia" no dia 2 de outubro, data do primeiro turno das eleições. Com recados indiretos ao presidente Jair Bolsonaro, a nota não cita o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já recebeu o apoio de tucanos nesta campanha eleitoral. Mas a avaliação de alguns integrantes da coordenação de campanha do petista é de que a declaração de FH é um gesto de apoio a Lula.

Fernando Henrique enumerou diversas pautas do candidato em quem defende votar, como compromisso com o combate à pobreza e desigualdade e direitos iguais para todos, independentemente de raça, gênero e orientação sexual.

A nota tem um tom implícito contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo governo tem colocado em prática ações contra a preservação de florestas e a ciência, por exemplo. O próprio presidente faz ataques constantes às instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Como é do conhecimento público, tenho idade avançada e, embora não apresente nenhum problema grave de saúde, já não tenho mais energia para participar ativamente do debate político pré-eleitoral. Peço aos eleitores que votem no dia 2 de outubro em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual, se orgulha da diversidade cultural da nação brasileira, valoriza a educação e a ciência e está empenhado na preservação de nosso patrimônio ambiental, no fortalecimento das instituições que asseguram nossas liberdades e no restabelecimento do papel histórico do Brasil no cenário internacional", diz a íntegra da nota.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

Voto útil e abstenção são as chaves do primeiro turno

O Globo

Lula tenta atrair eleitores de Ciro e Tebet, mas seu desafio será convencer os menos escolarizados a votar

Faltando nove dias, duas forças sobressaem na reta final da campanha eleitoral. Primeiro, a propaganda em favor do voto útil do líder nas pesquisas, o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo, o efeito que a abstenção — não medida pelos institutos — terá no resultado das urnas. A primeira força é favorável a Lula, a segunda desfavorável. A resultante entre as duas determinará se a disputa pelo Planalto com o presidente Jair Bolsonaro acabará no primeiro turno ou se será necessária uma nova rodada no final do mês.

pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra Lula com 47% das intenções de voto, 14 pontos percentuais à frente de Bolsonaro. O resultado é consistente com outros levantamentos. A medição do Ipec no início da semana também mostrou larga vantagem para o petista: 47% ante 31% de Bolsonaro. Acreditando que o “instantâneo” se manterá inalterado até o dia da eleição, os estrategistas da campanha lulista têm feito o possível para liquidar a disputa na primeira rodada.

O risco de Bolsonaro para a democracia tem sido brandido como argumento pelos petistas para tentar convencer eleitores de outros candidatos a votar em Lula. O PT, penalizado pelo voto útil repetidas vezes ao longo de sua história, adaptou às circunstâncias atuais o argumento que sempre usou.

Poesia | Jorge Luis Borges - Mudei o deserto

 

Música | Leila Pinheiro - Eu Sei (Renato Russo)