O Globo
Jair Bolsonaro foi o último líder mundial a
aparecer em fotos, com um sorriso orgulhoso nos lábios sempre abertos em
demasia para ocasiões formais, ao lado de Vladimir Putin antes de o autocrata
russo efetivar a invasão militar a um país soberano e iniciar uma guerra cuja
extensão ainda está por ser determinada.
Não satisfeito em ir a Moscou em condições
sabidamente adversas e delicadas e em se regozijar com o acesso e a proximidade
concedidos a ele por Putin, expressou uma difusa “solidariedade” ao russo
quando ele já se encaminhava para colocar em prática seus antigos e meticulosos
planos de guerra.
Para coroar a trapalhada, a visita foi
precedida e sucedida por um show de babação de ovo sobre Putin da parte do
próprio presidente, de seus ministros, de parlamentares e de outros menos
credenciados.
E agora? Agora, todos os “conselheiros” que levaram Bolsonaro a pagar essa sucessão de micos demonstram perplexidade com a escalada do conflito e não conseguem dar uma resposta rápida e inequívoca que tire o Brasil da insustentável posição de não condenar a invasão de um país a outra nação soberana, princípio básico e elementar que deveria nortear a diplomacia em uma democracia.