O Globo
Dá vergonha mesmo de ser brasileiro diante
de um comportamento tão escrachado de um militar graduado assessor de um
presidente da República
O que não faria Carlos Manga, o mais
icônico diretor de chanchadas da Atlântida, ou Woody Allen, que no filme
"Bananas" mostra um bando de guerrilheiros pedindo 300 sanduíches
numa cidade do interior de um país sul-americano, ironizando o que aconteceu em
Ibiuna no Congresso clandestino da UNE em 68, se tivessem nas mãos o seguinte
roteiro: um tenente-coronel do Exército brasileiro, ajudante de ordens do
presidente da República, negociando a venda de um relógio de luxo que recebeu
de presente de um governo estrangeiro? Mais: que um hacker estelionatário se
reuniu com militares no Ministério da Defesa para ajudá-los a montar uma
estratégia para provar que as urnas eletrônicas eram violáveis?
O papel dos militares no governo Bolsonaro ganha cada vez contornos mais bizarros, sem que o ministério da Defesa assuma oficialmente uma repulsa a comportamentos que desonram a corporação. Justamente por questões corporativas, não há o rigor que costuma ocorrer quando regulamentos são descumpridos.