O Globo
Economista nunca escondeu que seu objetivo
é ajudar a construir uma terceira via, “seja ela qual for”, como disse a mulher
dele
Não foi Sergio Moro que, buscando
um nome peso pesado da economia para assessorá-lo na campanha presidencial,
encontrou Affonso Celso Pastore. Ao contrário, era Pastore que procurava um
candidato que enxergasse como viável para apoiar, eventualmente assessorar e
com certeza emprestar seu prestígio para tentar impedir um segundo turno entre
Lula e Bolsonaro. O economista nunca escondeu que seu objetivo é ajudar a
construir uma terceira via, “seja ela qual for”, como disse sua mulher, a
também economista Maria Cristina Pinotti, ao colunista Merval Pereira.
O próprio Pastore, numa
entrevista à “Folha de S. Paulo”, disse que o Brasil corre o risco de perpetuar
erros do passado caso eleja Lula ou reeleja Bolsonaro. O economista não caiu de
graça no colo de Moro, foi ele próprio que se aninhou ali. Estão enganados os
que imaginam que o ex-juiz, iluminado pelo seu conhecimento em economia (do
qual ignora-se a extensão), foi atrás e encontrou um economista liberal para
atender o mercado. Pastore, que achou Moro, vai tentar construir um raciocínio
econômico para o candidato, embora negue a pretensão de ser um novo Posto
Ipiranga. Ao “Estado de S. Paulo”, o economista disse estar animado em relação
a Moro “porque ele está disposto a me ouvir”.
Affonso Celso Pastore é um símbolo do mercado. Formado em Economia na USP, onde também fez mestrado e doutorado, foi aluno de Delfim Netto e acabou fazendo parte de um grupo conhecido como Delfim boys, pela proximidade com o ex-ministro. Com Delfim no Ministério do Planejamento do governo do general João Figueiredo, tornou-se presidente do Banco Central. Depois, foi professor da própria USP, do Insper e da Fundação Getulio Vargas. Hoje é consultor. Em relação à eleição presidencial do ano que vem, ele pensa e reage como o mercado, cujo primeiro objetivo é encontrar um candidato viável em quem se possa depositar suas fichas.