*Theodor W. Adorno (11/9/1903-6/8/1969), filósofo,
sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos expoentes da chamada Escola
de Frankfurt, juntamente com Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse,
Jürgen Habermas, entre outros. Conferência realizada no dia 6 de abril de 1967,
a convite da União dos Estudantes Socialista da Áustria. “Aspectos do novo
radicalismo de direita”, p. 45. Editora Unesp,2020.
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
sábado, 22 de abril de 2023
Opinião do dia – Theodor W. Adorno*
Oscar Vilhena Vieira* - Agenda de defesa da democráticas
Folha de S. Paulo
A omissão pode custar caro, ainda mais
quando a radicalização política aponta para o risco de novas insurgências
Testemunhar militares
do GSI,
que deveriam cuidar da segurança do presidente, ciceroneando
golpistas na sede do Executivo dá uma clara dimensão dos desafios em
qualificar nosso sistema de defesa da democracia. Passados 35 anos da nova
ordem constitucional, corpos e práticas autoritárias permanecem insepultas em
órgãos de inteligência e segurança.
O desafio é ainda maior quando constatamos que dispositivos de defesa da democracia e dos direitos fundamentais, como o impeachment, não foram acionados, mesmo em face das graves e sucessivas ofensas aos poderes constituídos. Da mesma forma, o Ministério Público, a quem foi atribuída a função expressa de "defesa da ordem jurídica" e "do regime democrático" (artigo 127 da CF), desapareceu. Essas omissões deixam claro que precisamos corrigir gargalos em nosso sistema de proteção da democracia.
Alvaro Costa e Silva - Burrice natural
Folha de S. Paulo
Nem inteligência artificial pode salvar
Bolsonaro
Em tempos de inteligência artificial, nada
como a burrice natural. Reportagem de Julia Chaib e Marianna Holanda, na Folha,
revela que Bolsonaro, inconformado com o processo no TSE que pode levar a sua
inelegibilidade, vai adotar
mais uma vez o discurso de "vítima do sistema" e,
caso a pena venha a ser confirmada na corte eleitoral, recorrer ao STF. Não é
uma boa estratégia.
O capitão, coitado, é uma vítima da própria operação golpista que ele implantou
desde o primeiro dia de governo. O parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral que defende
tornar Bolsonaro inelegível por oito anos afirma que o
ex-presidente mobilizou a população a se insurgir contra o sistema eleitoral e
usou o Estado para benefício pessoal na eleição. Os participantes da intentona
bolsonarista de 8/1 concordam com o parecer cuja análise em plenário deverá
ocorrer até maio.
Dora Kramer - Trancos e barrancos
Folha de S. Paulo
Luiz Inácio da Silva tem feito escolhas tão
ruins quanto enigmáticas
O governo ainda não fez quatro meses e a
coleção de desacertos supera em muito a quantidade (e a qualidade) de acertos.
Até a unanimidade em torno da reação aos ataques de 8 de janeiro ficou tisnada
pelas imagens do
general da estrita confiança do presidente da República em
passeio ameno no Palácio invadido.
Luiz Inácio da Silva tem feito escolhas tão ruins quanto enigmáticas. Não obtém
bons resultados e por isso suscitam a dúvida sobre qual a motivação dele
ao arrumar briga
no campo externo com o Ocidente e, no terreno interno,
prestigiar as ilegalidades do MST, levando o líder invasor na viagem à China.
Demétrio Magnoli - Dez perguntas para dois chanceleres
Folha de S. Paulo
Proponho questões para esclarecer a posição
oficial do Brasil sobre a invasão russa
Lula tem dois chanceleres: Mauro Vieira,
que comanda o Itamaraty, e Celso Amorim, assessor presidencial. O primeiro
representa a política institucional, que definiu o voto brasileiro na resolução
da ONU exigindo a retirada das forças russas de ocupação da Ucrânia. O segundo
representa a política ideológica, lulista e petista, que renegou aquele voto.
Proponho dez perguntas a eles, destinadas a esclarecer a posição oficial do Brasil sobre a invasão russa:
João Gabriel de Lima - Lula lá ou Lula cá?
O Estado de S. Paulo
Europeus têm dificuldade em decifrar Lula e querem saber de que lado ele está
Lula desembarcou num território que tem
2.500 quilômetros de fronteira com a Rússia. Tomo a imagem emprestada de uma
reportagem publicada no jornal português Expresso. “Vladimir Putin
provavelmente não desejava isso, mas conseguiu unir toda a Europa contra ele”,
diz a escritora e jornalista Ana França, autora da reportagem. No minipodcast
da semana, ela fala sobre o livro que acaba de lançar, em forma de diário,
sobre a guerra na Ucrânia.
A entrada da Finlândia consolidou a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan – daí a fronteira de 2.500 quilômetros. A Suécia deve seguir o mesmo caminho. Em tese, se Putin agredir qualquer país dessa Europa unida e expandida, todos terão que reagir – incluindo Portugal, que tem uma enorme comunidade de imigrantes ucranianos.
Bolívar Lamounier - A proletarização da classe média
O Estado de S. Paulo
Incapazes de escolher entre contas públicas equilibradas e inflação galopante, a questão que nos espreita parece ser: temos como frear a volta do paraíso e a descida aos infernos?
Pergunte a dez pessoas o que elas entendem por “classe média” e preparese para receber dez respostas diferentes. Ou, talvez, só nove: alguém poderá responder que é o conjunto de pessoas situado abaixo dos ricos e acima dos que exercem ocupações não manuais. Pistas quiçá mais proveitosas podem ser encontradas deitando uma vista d’olhos na história de alguns países. Na França, por exemplo, entendia-se (acho que ainda se entende) por petite bourgeoisie aqueles que tocavam pequenos negócios familiares, como padarias ou pequenas propriedades rurais, e transmitiam tal patrimônio e o respectivo modo de vida a seus descendentes. No Brasil, o conceito era semelhante, porém mais referido ao serviço público. Dizia respeito a uma camada estável, cujos integrantes viviam com certo conforto, em residências de padrão semelhante, e auferiam uma remuneração suficiente para assegurar a educação dos filhos, cuja aspiração era se alçarem à mesma posição dos pais.
Carlos Alberto Sardenberg - O crime da Lava-Jato foi combater a corrupção
O Globo
Estão soltando os condenados. Não por terem
sido considerados inocentes, mas por cuidadosa manipulação de regras formais
Lula comete
muitos equívocos. Na maior parte, são opiniões rasteiras sobre assuntos
complexos que ele não conhece. Entram nessa categoria os comentários sobre os
games — vistos como formadores de crianças violentas — e transtornos mentais —
ou “desequilíbrio de parafuso” que afeta 30 milhões de brasileiros, potenciais
causadores de “desgraça”. Tratava dos assaltos a escolas, tema sensível, mas
essas falas não geram políticas públicas. Ao contrário. Nos ministérios da
Saúde e da Educação, ficaram perplexos com os comentários do presidente.
Calaram. Ainda bem.
É diferente quando se trata das incursões de Lula em política internacional. As declarações de apoio à China e à Rússia revelam um antiamericanismo que, antes de mais nada, é visceral. Lula acha — e diz — que sua prisão foi resultado de uma conspiração armada pelo Departamento de Justiça dos EUA. Tem muita gente importante no PT que racionaliza essa ideia, tornando-a base da diplomacia “Sul-Sul”. Se os americanos são capazes de destruir uma economia emergente, então o negócio é buscar outros parceiros.
Pablo Ortellado - Nada de bom pode sair do circo da CPMI
O Globo
É ingenuidade acreditar que conseguiremos
resultados com embates televisionados entre Eduardo Bolsonaro e André Janones
As imagens da invasão do gabinete da
Presidência da República veiculadas na quarta-feira pela CNN tornaram
inevitável a instalação da CPMI para apurar o ataque às sedes dos Poderes.
Na edição apresentada pela CNN, o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, parece ser conivente com a invasão do Palácio do Planalto, e alguns de seus subordinados dão a impressão de colaborar com os invasores. Olhando a íntegra das imagens, publicadas no dia seguinte, podemos até aceitar a verossimilhança da explicação do general: que não houve conivência da parte dele, apenas perplexidade e impotência e que a ação leniente de seus subordinados era desobediência.
Eduardo Affonso - O Baependi de Lula
O Globo
Covardemente escudado sob uma pretensa
neutralidade, o presidente se dedica a tomar partido da Rússia, o país agressor
Em junho de 1940, o então ditador Getúlio
Vargas disse, num discurso:
— Marchamos para um futuro diverso de
quanto conhecíamos em matéria de organização econômica, social ou política e
sentimos que os velhos sistemas e fórmulas antiquadas entram em declínio. Não
é, porém, como pretendem os pessimistas e os conservadores empedernidos, o fim
da civilização, mas o início, tumultuoso e fecundo, de uma nova era.
Essa “nova era” saudada por Vargas era nada
mais, nada menos que o nazifascismo.
Corta para 2023. O presidente democraticamente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, não esconde sua simpatia pelos regimes autoritários da Rússia e da China. Até aí, nada de novo. Lula nunca deixou de demonstrar apreço por governos corruptos e/ou pouco democráticos: a Venezuela de Chávez e Maduro, a Cuba dos irmãos Castro, a Nicarágua de Ortega, a Líbia de Kadafi, o Irã de Ahmadinejad, a Guiné Equatorial de Obiang, a Angola de José Eduardo dos Santos.
Carlos Góes - Lula e o xadrez geoeconômico
O Globo
Na terceira vez ocupando a presidência,
petista enfrenta um mundo com interesses econômicos subdeterminados por
contextos políticos
A viagem do Presidente Lula à China causou
muitas reações. A movimentação de Lula, se traz oportunidades, traz também
riscos, porque, na última década, o mundo tem se caracterizado pelo fenômeno da
fragmentação geoeconômica.
Mas o que é este fenômeno?
No mundo que emergiu da Guerra Fria, as
palavras de ordem eram livre comércio e mercados abertos. Mesmo a China e a
Rússia foram integradas aos mercados internacionais e reconhecidas como
economias de mercado.
A História parecia ter chegado ao fim, com a democracia de mercado tendo prevalecido como modelo hegemônico, como conjecturou o cientista político Francis Fukuyama.
Marcus Pestana* - Estabilidade fiscal e a retomada do desenvolvimento
É
evidente que governos e a sociedade em geral, carentes de investimentos e
políticas sociais, preferem sempre gastar mais. Há um pequeno obstáculo: a
restrição orçamentária. Na vida pessoal, empresarial ou pública só podemos
gastar o que temos e não o que queremos.
A
geração de empregos e renda para os brasileiros depende de fatores objetivos -
os fundamentos econômicos - e subjetivos, as expectativas que se formam em
relação ao futuro. O grau de confiança gerado pela política econômica é
essencial para as decisões de investidores nacionais e estrangeiros. Há que se construir
um ambiente que promova confiança, segurança, otimismo.
O maior desafio brasileiro é ampliar a produção e o comércio, gerando empregos, renda, tributos e bem estar. O Brasil foi um dos países que experimentou as maiores taxas de crescimento econômico do final da Segunda Grande Guerra até a crise de 1980. Em 1980, tínhamos um PIB por habitante maior do que o da Coréia do Sul. Hoje, o país asiático tem um PIB per capita mais do que quatro vezes maior do que o brasileiro.
O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões
Contribuição a sindicatos não deve ser compulsória
O Globo
Julgamento no Supremo poderá promover
retrocesso se restabelecer nova versão do imposto sindical
Foi mais que oportuno o pedido
de vista do ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
num julgamento que pode restabelecer contribuições compulsórias a sindicatos,
extintas na reforma trabalhista de 2017. Ao contrário do que o Supremo decidira
antes no caso das contribuições sindical e confederativa, o relator,
ministro Gilmar Mendes,
mudou de ideia e decidiu acolher a demanda para tornar obrigatória a
contribuição assistencial.
O voto de Gilmar representa uma reviravolta na posição que ele próprio defendera neste caso e em votações anteriores a respeito do tema no STF. Foi provocada, segundo ele mesmo escreveu, pela argumentação do ministro Luís Roberto Barroso em favor da obrigatoriedade. Na votação em plenário virtual cujo encerramento estava previsto para a próxima segunda-feira, Barroso e a ministra Cármen Lúcia já haviam concordado com Gilmar, até o pedido de vista de Moraes.