quarta-feira, 27 de março de 2013

OPINIÃO DO DIA – Fernando Henrique Cardoso: o sentimento da rua

"Andei muito por São Paulo todo com o Franco Montoro. Montoro falava pouco e direto: um, dois, três. A mensagem tem que ser simples, tem de ser direta e tem de pegar a população. O PSDB precisa é de um banho de povo. Precisamos é de povo.

E não é só isso, não. É preciso ter o sentimento da rua. Nós dissemos logo do início, quando fizemos o governo do PSDB, dissemos que era preciso escutar o eco surdo das ruas. Outra vez agora, o Brasil precisa tomar decisões importantes .

Eles têm uma propaganda brutal. E fizeram uma coisa que é contra a democracia, juntaram o governo, o Estado e o partido. Os três falam a mesma voz, têm o mesmo maestro e o mesmo marqueteiro – afirmou.

Agora, vai ver nas filas do SUS, se eles são bem tratados? Vai ver na escola se o professor ganha direito. Temos que falar é com esse povo sofrido.

Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente de República, Zero Hora (RS), 27/3/2013.

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
Falha fecha Engenhão e Rio fica sem estádio
CEF ameaça excluir construtoras
Feliciano fica; saída coletiva foi cogitada
Doméstica terá jornada e hora extra
Fundo dos emergentes: Brasil deve injetar US$ 18 bilhões

FOLHA DE S. PAULO
Domésticas passam a ter direito a FGTS e hora extra
Com prejuízo de R$ 1,5 bi, Gol cortará serviço gratuito em voo
Haddad ignora promessas e fixa cem metas para sua gestão
Obras e chuvas devem prejudicar descida ao litoral
Brics montam seu próprio 'FMI', com US$ 100 bi

O ESTADO DE S. PAULO
PSC ignora pressões e Feliciano fica em comissão
Senado aprova PEC das domésticas
Anvisa deve liberar a sibutramina
Governo revê setor nuclear e troca chefias
Haddad reduz promessas feitas na campanha

VALOR ECONÔMICO
"Prioridade em todos os Estados é reeleger Dilma"
BR-163 define o futuro dos portos na Amazônia
Busca pelo 'sentimento' do mercado
Todo dia, 30 mil reclamam das teles à Anatel

BRASIL ECONÔMICO
Planalto defende MP dos Portos, mas Pernambuco quer exceção
Eleições do ano que vem adiam a votação do FPE
Bolsa brasileira na lanterna mundial
Calote recua, mas juro volta a subir
Novo imortal

ESTADO DE MINAS
Eles nos venceram
PSC: País tem de engolir Feliciano
Olha quem está voltando... Arena
Congresso aprova lei que garante às domésticas direitos como FGTS e horas extras

O TEMPO (MG)
Aprovada PEC das domésticas
Campanha de Patrus em 2012 vai para o cadastro do Serasa
A queda do império de Eike
PSC decide manter pastor na comissão e pede mais respeito

CORREIO BRAZILIENSE
Brasil aprova, enfim, a segunda abolição
Sob pressão, PSC mantém Feliciano
ANS intervém e bens da Geap são bloqueados

GAZETA DO POVO (PR)
Lei que amplia os direitos dos domésticos é aprovada
Paraná precisa construir uma biblioteca por dia até 2020
Isenção de ICMS do diesel avança na Assembleia
Lucro da Copel cai com prejuízo trimestral
PSC ignora pressão e apoia Feliciano
Papa abre mão do apartamento no palácio

ZERO HORA (RS)
Nova lei das domésticas entra em vigor no dia 2
Queda de braço: Pastor fica e amplia tensão na Câmara
Santa Maria: A luta dos últimos sobreviventes da Kiss

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Aeroporto e metrô ligados até agosto
Oficializada a conquista das domésticas
Eduardo briga por Suape com governo Dilma
Especialistas em games combatem Marta Suplicy

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do País

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

"Dinheiro federal é do povo"

Governador Eduardo procura desfazer clima de "guerra fria" entre PSB e PT, realçado na visita da presidente Dilma Rousseff

Otávio Batista

Um dia depois de Serra Talhada virar palco da "guerra fria" PSB-PT na corrida antecipada para o Palácio do Planalto, durante a visita da presidente Dilma Rousseff (PT) ao Sertão do Pajeú, o governador Eduardo Campos (PSB) comentou ontem - em entrevistas no Recife e em Brasília - os discursos adotados pela presidente e sua ministra do Planejamento, Miriam Belchior, procurando desconsiderar a interpretação de que, ao realçar o papel da União no crescimento econômico de Pernambuco, os gestores federais tenham mandado um recado direto ao presidenciável socialista.

"A presidente Dilma não é mulher de mandar recados, e nem eu sou homem de receber recados. Ela não é dada a esse tipo de conversa e nem eu", disparou Eduardo Campos, à tarde, antes de entrar para a audiência pública sobre a MP dos Portos, no Senado Federal (leia sobre a audiência em Economia).

Horas antes, no Recife - após evento do comitê organizador da Copa das Confederações -, o governador já havia adotado o mesmo tom, mesmo lembrando que "a União, como arrecada mais, tem condições de fazer mais". Ele ressaltou que o dinheiro federal é "do povo", "do contribuinte", e defendeu as parcerias.

"Tem sido da tradição do PSB e da nossa formação política que nós nos colocamos sempre em torno de projetos, de valores, de ideias. Nosso compromisso é com o o povo. Nosso compromisso é com um projeto de País. Compromissos pessoais são típicos das relações pessoais, os compromissos políticos são coletivos. Então, temos compromisso com o povo, que é da minha tradição política, que é da escola que eu venho, e isso não se dá em torno de pessoas. Porque essa é a velha política", afirmou. "Nem eu, nem a presidente Dilma somos dados a dizer as coisas pela metade, dizemos por inteiro", completou.

Na visita ao Sertão, o governo federal anunciou um aporte de R$ 3,1 bilhões em Pernambuco (contando com a contrapartida estadual). O governador colocou o gesto da presdiente como um "ato federativo" que deve ser repetido entre União e Estados para "ganhar 2013". E fez questão ainda de reiterar a posição de "independência" do PSB no processo político.

"O importante é que cada um faça o esforço de integração para fazer as obras. Não é ficar discutindo quem fez, quem não fez, tudo isso é feito com o dinheiro do povo, do contribuinte. A sociedade é quem paga tudo isso".

O governador defendeu ainda que os investimentos do governo federal chegam para obras que eram "alinhavadas" em parceria com o governo de Pernambuco, no mesmo tom dos aliados escalados para fazer sua defesa na segunda-feira - os deputados Guilherme Uchoa (PDT) e Waldemar Borges (PSB), respectivamente presidente da Assembleia e líder do governo estadual. Ele comparou também o gesto da presidente com o que fez com os prefeitos pernambucanos, recentemente, ao criar os Fundo de Desenvolvimento Municipal.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Eduardo Campos: ‘Dilma não é mulher de mandar recados, e nem eu sou homem de receber’

Governador de Pernambuco diz que não entendeu como recado o discurso da presidente em Serra Talhada

Maria Lima

BRASÍLIA — Em Brasília nesta terça-feira para tentar derrubar a medida provisória (MP) que cria o marco regulatório dos portos, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, disse que não entendeu como um recado o discurso da presidente Dilma Rousseff, ontem, em Serra Talhada, onde participou de inaugurações e lançamentos de obras. No palanque, Dilma cobrou parceria e disse que precisava de aliados comprometidos com seu projeto.

Embora tenham mantido o tom da cordialidade, o encontro de Dilma e Campos foi marcado pela troca de farpas. Os dois se reencontraram no palanque pela primeira vez depois que Eduardo Campos começou a articular sua provável candidatura a presidente em 2014.

— A presidente Dilma não é mulher de mandar recados, e nem eu sou homem de receber recados. Ela não é dada a esse tipo de conversa, e nem eu — respondeu Eduardo Campos antes de entrar para a audiência pública.

Para o debate do marco regulatório dos portos, que tira da gestão do governo do estado de Pernambuco dois dos 10 portos listados, inclusive Suape, foram convidados os governadores do Rio Grande do Sul ,Tarso Genro (PT), e da Bahia, Jaques Wagner (PT), além de Campos, o único que compareceu. Para defender a posição do governo, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, participou do debate.

Ao externar a MP dos Portos, Eduardo Campos disse que os estados já têm pouca autonomia na gestão, porque tudo já passa antes pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Tribunal de Contas da União (TCU). Disse que várias obras contratadas para o Porto de Suape já sofreram impacto negativo e estão paradas só com o inicio do debate do marco regulatório.

— Somos favoráveis ao diálogo, à modernização da concorrência para melhorar os custos. Mas nós podemos fazer tudo isso respeitando o pacto federativo. Porque isso tem que ser feito agredindo a autonomia dos Estados? — protestou Eduardo Campos.
Campos chamou de “capricho” a insistência do governo em tirar mais autonomia dos estados na gestão dos portos para passar para a Antaq.

— Parece um capricho tirar a autonomia dos estados? Por que isso? Não vejo por quê. Muitos portos são geridos pelo governo federal. É só comparar o resultado desses portos com o Porto de Suape, que há 30 anos é gerido pelo governo de Pernambuco. Qual é o melhor porto? — questionou Eduardo Campos.

Na chegada ao debate, o governador de Pernambuco foi festejado por estivadores e portuários. E prometeu visitá-los em breve.

O Globo

Campos minimiza 'compromisso de aliados' proposto por Dilma em PE

Virtual adversário da presidente em 2014 também não demonstrou empolgação com pacote de bondades anunciado na segunda-feira pelo governo federal

Angela Lacerda

RECIFE - Um dia depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar investimentos de R$ 3,1 bilhões em Pernambuco, o governador do Estado, Eduardo Campos (PSB), não demonstrou nesta terça-feira, 26, empolgação com a bondade do governo federal, embora a tenha aprovado. Virtual adversário de Dilma Rousseff em 2014, Campos também mininizou a declaração da presidente sobre "compromisso dos aliados".

"A União, como arrecada mais, tem, claro, condições de fazer mais", afirmou ele ao participar de evento voltado para a Copa das Confederações, com a presença do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, em Recife.

"Nem eu nem a presidente somos dados a dizer as coisas pela metade", disse Campos sobre a declaração da presidente de que precisa de ''compromisso dos aliados''.

Eduardo Campos disse que tem sido tradição do PSB e da sua formação tratar das questões políticas em torno de projetos, valores e ideias. "Compromissos pessoais são típicos das relações pessoais", disse, ao aproveitar para criticar "a velha política" que se dá "em torno de pessoas".

Segundo ele, o encontro em Serra Talhada não foi marcado por essa "velha visão política". "Tanto eu digo as coisas por inteiro, como ela diz as coisas por inteiro".
"O que a presidente está fazendo é o que eu fiz com os prefeitos", observou, ao dizer que Estados e municípios têm feito um grande esforço de investimento. "Ela tem de fazer com os governadores e com os prefeitos. Acho bom, a gente tem de saudar iniciativas como esta é uma coisa boa para o País e para Pernambuco", disse.

Dia positivo. "O importante é que cada um faça um esforço de integração de recursos para fazer as obras, não ficar discutindo quem fez e quem não fez", acrescentou." Tudo isso é feito com dinheiro do povo, do contribuinte, a sociedade é quem paga tudo isso''.

Presidente nacional do PSB e provável candidato a presidente da República em 2014, Campos tem reiterado que o Brasil precisa "ganhar 2013" antes de pensar em 2014. Segundo ele, "para que se ganhe o ano de 2013, o País precisa de mais ações como esta".

"Foi um dia positivo para Pernambuco, uma pauta que a gente já vinha discutindo há muito tempo, tanto é que nós tínhamos projetos", disse, referindo-se à visita da presidente nesta segunda-feira (25) ao município de Serra Talhada (PE). Ele reiterou que Pernambuco tem tornado possíveis os investimentos federais porque tem se preparado para eles. De acordo com a presidente Dilma, o governo federal já repassou R$ 60 bilhões para o Estado.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Eduardo Campos defende retirada de Suape de novas regras para portos

Ana Flor

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), defendeu nesta terça-feira no Senado a retirada do Porto de Suape (PE) das regras da Medida Provisória 595, que trata das novas regras de concessão portuária no país.

Campos afirmou que foi "pego de surpresa do dia para noite" pelas novas regras propostas pelo governo e disse que retirar de Estados e municípios o direito de gerir portos que já administram --são 15 atualmente-- seria "uma quebra do contrato federativo".

Pelas novas regras estabelecidas pela MP, as autoridades locais, como Estados e municípios que gerem terminais no Brasil, perdem a maior parte de sua autonomia e liberdade de firmar contratos.

A discussão faz parte das audiências públicas na comissão mista do Congresso que analisa a MP e que, até a próxima semana, deve apresentar mudanças no texto antes da votação no plenário.

"Se a gente quer honrar contrato, a gente precisa também honrar contrato dentro do pacto federativo. Nós fomos surpreendidos do dia para a noite (com as medidas)", disse ele, afirmando que nenhum governador quer "ofender" o governo federal propondo mudanças no texto.

Pernambuco, segundo Campos, que é visto como um provável rival da presidente Dilma Rousseff na corrida à Presidência da República em 2014, é um "Estado governado por um aliado do governo" e por isso tem condições de negociar sem "problemas políticos".

Antes de Campos, representantes dos Estados da Bahia e Rio Grande do Sul, ambos governados pelo PT, falaram sobre a Medida Provisória, sem fazer reivindicações de mudança.

A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também participou da audiência para defender a MP do governo, que tem como objetivo aumentar investimentos privados e diminuir custos do setor.

Segundo ela, antes de finalizar a MP, o governo discutiu o projeto com diversos integrantes do setor portuário.

"Se a MP não espelha um consenso ou a vontade de cada setor, é porque o tema tem dificuldade de consenso", disse ela, rebatendo a afirmação do governador de que não houve discussão com governadores.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos: MP dos portos 'não precisa agredir os Estados'

Denise Madueño, Laís Alegretti e Leonencio Nossa

O governador de Pernambuco e possível adversário de Dilma Rousseff nas eleições de 2014, Eduardo Campos (PSB), reforçou nesta terça-feira que é contra a proposta de os Estados brasileiros perderem a autonomia para fazer licitações nos terminais portuários - tarefa que passaria para a União. Campos falou com jornalistas antes de participar de audiência pública da comissão mista destinada a analisar a medida provisória 595/2012, a MP dos Portos, que propõe um novo marco regulatório para o setor. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também participa da reunião.

O governador afirmou ser favorável a um planejamento nacional que intensifique a concorrência dos portos - que é o propósito da MP dos Portos, segundo o governo federal -, mas que isso não pode ser feito atingindo o pacto federativo. "Não precisa agredir os Estados", disse. Ele defendeu que os Estados já vêm perdendo autonomia nesse setor. "O que restou da autonomia é importante manter."

Campos voltou a dizer que o Porto de Suape é considerado o mais eficiente porto público do Brasil e que a legislação existente deve ser levada em consideração. "Parece um capricho querer tirar a autonomia", afirmou.

Também foram convidados os governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT) e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), mas eles enviaram representantes para participar da reunião: o secretário do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã do Rio Grande do Sul, João Constantino Motta, e o coordenador executivo de Infraestrutura da Casa Civil da Bahia, Eracy Laffuente. Campos disse que os governadores não discutiram a MP dos Portos (595/2012) antes de ela chegar ao Congresso Nacional. "Não tivemos a oportunidade de fazer um debate prévio sobre a medida", afirmou. Segundo ele, apenas técnicos do Estado participaram de reuniões na Casa Civil.

Recado

Ao chegar para audiência pública, Campos foi questionado sobre o discurso desta segunda-feira (25) da presidente Dilma Rousseff, que cobrou "coalizão" dos aliados do Planalto. Em tom irritado, o governador afirmou: "A Dilma não é mulher de mandar recado, nem eu sou homem de receber recado. Ela não é dada a esse tipo de coisa, nem eu sou dado". O governador participa da audiência juntamente com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Os governadores petistas Tarso Genro (RS) e Jaques Wagner (BA) foram convidados, mas não compareceram ao evento.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Funcionários ligados ao PSB são demitidos

Caio Junqueira

BRASÍLIA - Em pleno acirramento do embate político entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o governo federal resolveu fazer uma intervenção em um órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia para demitir funcionários ligados ao pernambucano.

A cúpula da Indústrias Nucleares do Brasil SA (INB), egressa do período em que Campos comandou a Pasta no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi substituída por funcionários ligados ao PT. Os exonerados souberam da demissão ontem, após ver seus nomes publicados no "Diário Oficial da União". Foram substituídos quatro diretores - inclusive o presidente - da empresa, que detém o monopólio da pesquisa e processamento do urânio no país.

O movimento teve o aval do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que mesmo tendo deixado a Pasta de Ciência e Tecnologia, ainda exerce influência sobre ela. Segundo interlocutores, ele planejava uma maior interação do INB com o presidente da Eletronuclear, Otto Luiz Ribeiro da Silva, no cargo desde o primeiro mandato de Lula.

Os nomes indicados no INB são técnicos, mas com vinculações políticas ao PT. Assim como os que saíram também são técnicos, mas próximos ao PSB. O caso mais evidente da intervenção é o de Marco Antonio de Oliveira, funcionário de carreira do INB e cuja mulher, Ana Guerra, foi deputada federal pelo PT e vereadora por dois mandatos pelo partido em Poços de Caldas. Oliveira assumirá a diretoria de Recursos Minerais.

Na presidência, entrou Aquilino Senra Martinez, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos maiores especialistas em energia nuclear do país. Também vinculado ao governo Lula, para o qual colaborou com a elaboração do programa nuclear. Entrou no lugar de outro técnico, Alfredo Tranjan Filho, filiado ao PSB e ligado a Roberto Amaral, vice-presidente nacional da legenda.

Já Flávio Gay da Cunha, chefe de gabinete do atual ministro da Ciência e Tecnologia, assume a Diretoria de Finanças e Administração no lugar de Athayde Pereira Martins, outro ligado ao PSB. No lugar do diretor de produção de combustível nuclear, Samuel Fayad Filho, outro com forte ligação com o PSB, entrou Renato Viera da Costa, próximo ao PT.

As trocas ocorrem em um momento em que cresce a tensão na relação entre Dilma e Campos e, consequentemente, entre PT e PSB. Anteontem, a troca de recados entre ambos foi intensa na cerimônia de entrega de um trecho de uma adutora financiada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em Serra Talhada, interior de Pernambuco.

Isso a despeito de o governo negar retaliações à crescente movimentação de Campos no jogo político com o objetivo de viabilizar sua candidatura a presidente contra a petista em 2014.

Mas as demissões no INB, da forma como foram feitas, podem ser um sinal de que uma guerra fria está por se iniciar. Ontem, a avaliação política das demissões dentre os diretamente envolvidos nela era o de que o jogo nacional da sucessão presidencial fora determinante para a sua execução.

Segundo interlocutores de Raupp, a demissão já vinha sendo planejada há oito meses, mas as circunstâncias políticas a facilitaram. Oficialmente, porém, o ministro justificou a medida como essencialmente técnica e decorrente da necessidade de reestruturação da área nuclear no país. Hoje, o INB atua basicamente com a prospecção e enriquecimento de urânio e a tanto a demanda externa, onde há um mercado forte em crescimento, e interna, como a construção do submarino nuclear, irão aumentar. Por essa razão, a ideia foi "capacitar" o INB para esse aumento da demanda. Nesse sentido, as mudanças não foram um fato isolado, mas inseridos, segundo a Pasta, em um contexto maior "de ordem técnica".

Fonte: Valor Econômico

Briga entre PMDB e PT no Rio ameaça vitrines eleitorais

Paola de Moura

RIO - A disputa entre o PMDB e o PT do Rio de Janeiro sobre a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo do Estado nas eleições de 2014 vai além do palanque com dois candidatos, da antecipação da campanha ou dos números de pesquisas eleitorais. Desde o início de março, Lindbergh vem percorrendo o interior do Rio gravando imagens e postando em sua página do Twitter e do Facebook problemas como falta de hospitais públicos e de saneamento básico. Mas, em um Estado onde as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades de Polícia Pacificador (UPPs) são, para os pemedebista, sinônimo de sucesso incontestável e exemplo para o país do que aliança com o PT ajuda a desenvolver, o fogo amigo é um tiro no pé. Principalmente para quem desenhou um projeto de governar o Estado até pelo menos 2026, com apoio do governo federal. Os sucessores do governador Sérgio Cabral (PMDB) seriam seu vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o atual prefeito da capital, Eduardo Paes (PMDB).

No fim de semana, enquanto a revista "Época" publicava um dossiê supostamente produzido pelo PMDB mostrando ações que correm no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador, Lindbergh visitava o noroeste fluminense. A pré-campanha, batizada de "Caravana do PT pela Cidadania", esteve em pequenos municípios da região, como Bom Jesus de Itabapoana e Santo Antônio de Pádua, território político também do deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) outro pré-candidato a 2014. "A Caravana do PT segue ouvindo moradores do noroeste do RJ, que não tem hospital público. Jovens querem emprego para ficar na região", postou o senador no Twitter. "Em Varre-e-Sai, Caravana do PT depara com falta de hospitais e condições precárias dos produtores rurais, que são 80% da população", comentou no microblog.

"Quando ele ataca o Estado, ele ataca o governo Dilma", afirma o presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani. "Ele está atacando a aliança, está provocando a ruptura de uma aliança que é muito importante para o governo federal. Somos o terceiro colégio eleitoral e o PT não tem nem o primeiro e nem segundo", lembra Picciani referindo-se a São Paulo e a Minas Gerais.

Lindbergh afirma não estar fazendo campanha, nem atacando. "Eu apenas mostro o que posso fazer além. Sou o candidato da aliança com mais chances de vencer", afirma o senador.

Ontem, pesquisa do Instituto GPP, divulgado pelo vereador Cesar Maia (DEM) em seu blog, mostra que, se as eleições fossem hoje, o deputado Anthony Garotinho (PR) teria 17,6% dos votos, Lindbergh estaria praticamente empatado com 17,4%, o próprio Cesar Maia viria em terceiro com 15,3%, o vice-governador Pezão com 11,6%, e o deputado federal Alfredo Sirkis (Rede), com 2,3%.

A pesquisa aponta um crescimento do vice-governador em relação aos últimos dados divulgados. Pezão, em pesquisas anteriores, beirava os 5%. O crescimento deve acirrar ainda mais os ânimos. "Ainda é muito cedo para ler pesquisas. As pessoas hoje estão preocupadas com as escolas, com o reajuste do plano de saúde, ou ainda com a inflação e a crise da economia mundial", minimiza Picciani. "Mas é nítido que o Pezão, o menos conhecido, vai aos poucos se tornar mais conhecido e se eleger como sucessor do governador Sérgio Cabral", afirma Picciani.

"A questão política se resolverá. O fato é que a aliança está cada vez mais fortalecida, a presidente Dilma vem ao Rio toda semana e mostra o apoio e o apreço ao Pezão", lembra Picciani referindo-se à visita que Dilma fez a Petrópolis na segunda-feira; e à viagem, há duas semanas, para conhecer as obras do submarino em Itaguaí, inaugurar um hospital na Ilha do Governador e visitar o Museu de Artes do Rio, no Porto Maravilha.

O senador segue em campanha e diz que o PMDB tem direito de decidir quem será seu candidato. Lindbergh não acredita que a exigência do partido dará resultado. "Quanto à ameaça do PMDB, entra por um ouvido e sai pelo outro", finaliza o senador.

Fonte: Valor Econômico

Lula pede Constituinte exclusiva para reforma política

Gustavo Porto

Poucos meses após o fim do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e com lideranças do seu partido e de legendas aliadas aguardando recursos para escapar da prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para a discussão de uma reforma política. "Se o Congresso não aprovar a reforma, teríamos de ter uma Constituinte só para isso", disse o petista, durante o seminário "Novos Desafios da Sociedade", realizado em São Paulo.

Há uma previsão de que o Congresso avalie na próxima semana o projeto de reforma política relatado pelo deputado federal Henrique Fontana (PT-RS). Cético, Lula afirmou que não acredita na votação "porque as pessoas que estão lá querem continuar com o status quo".

O ex-presidente cobrou que uma eventual reforma política torne crime inafiançável o financiamento privado de campanha. "Não pode ter mais partido de aluguel, legenda só para ganhar espaço na TV", disse. "É preciso ter partidos mais fortes e representativos e políticos que não têm medo de conversar com o povo", afirmou, reafirmando a defesa do financiamento público de campanha.

De forma indireta, Lula criticou as campanhas que levaram à Presidência da República Fernando Collor de Mello, hoje senador aliado ao governo petista da presidente Dilma Rousseff, e Jânio Quadros (1917-1992), eleitos com enfáticos discursos de combate aos corruptos. "Tome cuidado quando alguém defende o combate à corrupção como bandeira porque pode ser pior", aconselhou.

Já em relação à campanha que deu o primeiro mandato presidencial a Fernando Henrique Cardoso, Lula fez um raro elogio ao tucano, ao destacar que a bandeira de combate à corrupção não foi o fator preponderante na disputa eleitoral. "A primeira eleição do Fernando Henrique Cardoso foi um avanço para a democracia no País", afirmou.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Tucanos já buscam recursos para Aécio

Ex-presidente Fernando Henrique leva senador mineiro e dirigentes do partido para reuniões com empresários

Objetivo é montar logo estrutura para bancar viagens, contratar equipe de propaganda e pesquisas de opinião

Valdo Cruz, Daniela Lima

BRASÍLIA, SÃO PAULO - O PSDB vai intensificar contatos que já vem realizando com empresários para captar recursos e montar uma estrutura de apoio à candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência.

O objetivo é contratar equipes de propaganda e pesquisas de opinião, além de bancar as viagens que Aécio deve fazer nos próximos meses.

Os contatos com empresários têm sido feitos principalmente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem levado Aécio e outros dirigentes do partido para algumas dessas conversas.

Aécio passou o último fim de semana em São Paulo com esse objetivo. Ele participou de um evento partidário na segunda-feira e aproveitou os dias anteriores para encontrar empresários da construção civil. Ele e FHC também já fizeram contatos no setor financeiro e na indústria.

Os tucanos tratam o assunto com discrição. Dizem não querer divulgar as reuniões para não passar a impressão de que estão competindo com o governador Eduardo Campos (PSB-PE), outro potencial candidato que tem feito contatos no meio empresarial.

Eles destacam também que o partido quer evitar expor a retaliações do governo empresários que manifestem a intenção de apoiar o PSDB.

Aécio Neves tem feito visitas regulares a São Paulo e ao Rio de Janeiro. Além de empresários, o senador tem procurado economistas e consultores do mercado financeiro.

De acordo com um tucano que tem participado dessas conversas, a movimentação no PSDB precisou ser antecipada porque os petistas já estão em campanha e, por estarem no poder, têm mais facilidade para obter recursos.

Além disso, diz ele, o governo tem condições de pôr a serviço da presidente Dilma Rousseff a máquina de propaganda oficial, com impacto positivo para sua imagem.

Na segunda-feira, Aécio ganhou o apoio do governador Geraldo Alckmin e de outros líderes do PSDB de São Paulo para assumir o comando da legenda na convenção que renovará sua direção nacional, marcada para maio.

Principal cabo eleitoral do senador no PSDB, Fernando Henrique disse a colegas de partido que o evento de segunda-feira "sacramentou" a candidatura de Aécio a presidente da sigla, etapa considerada crucial para organizar sua campanha à Presidência.

O ex-presidente disse aos tucanos que, agora, depende de Aécio "estruturar" o partido para enfrentar a eleição presidencial do próximo ano.

Principal obstáculo à hegemonia do mineiro no partido, o ex-governador José Serra está fora do Brasil. Ele retorna de viagem no próximo sábado, quando deverá agendar nova rodada de conversas com Aécio. FHC disse a aliados não ver mais "obstáculos" ao mineiro.

Fonte: Folha de S. Paulo

O fenômeno Eduardo Campos - Elio Gaspari

Eduardo Campos é candidato a presidente da República. É ou não é? Ele está na base de apoio do governo de Dilma Rousseff. Está ou não está? Segundo o senador Jarbas Vasconcelos, o simples fato de ele ter dito que "dá para fazer muito mais" mostra que é um dissidente. Mostra, ou não mostra?

Nenhuma dessas perguntas foi respondida pelo governador. Seria cedo para fazê-lo, mas, indo-se às ideias que Eduardo Campos defendeu desde a sua transformação em fenômeno federal, vai-se em abissal silêncio. Ele poderia ter ido a uma universidade com um plano para fazer melhor na educação. Poderia ter ido a um seminário sobre saúde pública. Nada. Foi a São Paulo reunir-se com empresários. Se levou ideias ou buscou apoios, não ficou claro, pois nem ele expôs propostas nem os empresários mostraram suas oferendas. Até agora, o governador cumpriu uma agenda político-gastronômica da qual resultou uma única informação de conteúdo: o cozido que o senador Jarbas Vasconcelos lhe ofereceu leva carnes de segunda com pirão de farinha de mandioca.

Suas propostas são um acúmulo de platitudes. Diz coisas assim:

"Não há grande incômodo nas grandes massas. Não há na classe média esse sentimento, nem de forma generalizada no empresariado. Mas há, nesse instante, nas elites, grande preocupação com o futuro. Há o sentimento de que as coisas podem piorar."

Seu melhor momento deu-se quando citou o avô, Miguel Arraes:

"Na política, você encontra 90% dos políticos atrás de ser alguma coisa. Dificilmente eles sabem para quê."

Não era citação, mas carapuça. Nenhum comensal de Eduardo Campos enunciou o "para quê" e muito menos ele ofereceu uma pista.

Campos propõe-se a "renovar a política". Durante a passagem da doutora Dilma por seu estado, um veículo do Instituto de Tecnologia de Pernambuco distribuía faixas louvando-o, e uma jovem desempregada de 24 anos contou que prometeram-lhe R$ 20 para carregar a propaganda. Nas suas últimas campanhas presidenciais o PSDB alternou marquetagens, platitudes e cruzadas religiosas. Deu no que deu.

Um candidato que está na base do governo mas não está é uma contradição em termos, coisa de uma época que passou. Candidatos que se fizeram de rogados foram fritos. Na última eleição municipal deu-se em São Paulo um fenômeno que merece ser estudado por quem pretenda vencer uma eleição majoritária. Depois de uma campanha na qual o PT tinha um poste e o PSDB um candidato relutante, o asteroide Celso Russomano tinha 46% das preferências na Zona Leste da cidade. Em duas semanas, caiu para 24%, um destaque estimado em 270 mil votos. Ele tinha fama como apresentador de programa de TV, sem partido forte ou tempo de propaganda gratuita. Na reta final, propôs uma tarifa de ônibus diferenciada: quem fizesse percurso maior pagaria mais. Tradução: o trabalhador que mora longe do serviço tomaria uma mordida. Russomano não chegou ao segundo turno.

As eleições brasileiras não se decidem mais num joguinho de doações, marquetagens e alianças de cúpula. Como nos cozidos, esses ingredientes temperam o prato, mas, sem carnes, nada feito, pois tanto um bilionário como um esfomeado sabem quando não há substância no prato.

Fonte: O Globo

Romper ou não romper - Fernando Rodrigues

O pré-candidato a presidente mais badalado pela mídia até agora é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB. Ele terá de fazer cálculos complexos antes de anunciar sua decisão de entrar (ou não) na corrida pelo Palácio do Planalto no ano que vem.

A favor do projeto do pernambucano só há dois cenários, ambos temerários. O primeiro e mais otimista é que Campos poderia atropelar Dilma Rousseff. Surfaria na fadiga de material do PT, há mais de uma década no poder. Sairia vencedor em 2014.

Esse desfecho não é impossível, embora seja altamente improvável, dadas as condições atuais. O governo do PT despeja milhões de reais no mercado. Dá dinheiro quase de graça para empresas tomarem emprestado. Corta impostos a granel. Fortalece programas sociais. São medidas que não consertam a economia, mas empurram a conjuntura de hoje até a campanha eleitoral de 2014. Aí fica difícil fazer oposição.

O segundo cenário supostamente favorável a Campos é ainda mais frágil: como candidato, mesmo perdendo, ele acumularia forças para 2018. Na história política presidencial recente, essa estratégia deu certo apenas para Luiz Inácio Lula da Silva -que era um líder sindical já conhecido nacionalmente desde sempre e tinha por trás de si o PT. Campos não é Lula, muito menos o PSB é o PT.

Se os fatores pró-candidatura de Campos são frágeis, os riscos são muito mais robustos. Com quem o PSB poderia se coligar nos 26 Estados e no Distrito Federal para eleger deputados, senadores e governadores? Só partidos nanicos. Os principais estarão alinhados a Dilma Rousseff ou a outros candidatos -Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (Rede).

Também parece óbvio que o PT tentará dizimar Campos e o PSB logo após o eventual rompimento. Há risco real de ele e seu partido saírem do processo menores do que entraram. Tudo isso será bem ponderado até março ou abril de 2014.

Fonte: Folha de S. Paulo

A linguagem dos políticos - Merval Pereira

Pesquisando sobre a linguagem dos políticos, tema sobre o qual escreveria na coluna que se segue, encontrei a seguinte definição do escritor inglês George Orwell: "A linguagem política destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade, e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez." É uma visão cética da atividade política, que não corresponde exatamente à minha, mas dá bem a medida de como os políticos, não só os brasileiros e não de agora, são vistos pela opinião pública.

Os casos que analisarei aconteceram nos últimos dias e não revelam tão graves distorções de caráter dos envolvidos, mas de qualquer maneira são exemplos saídos do forno de como se deve ter cautela com a linguagem dos políticos. A presidente Dilma foi a Serra Talhada para pela primeira vez encontrar-se oficialmente com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tido e havido como seu provável adversário em 2014, em seu território político. No entendimento generalizado, a presidente mandou um recado para seu quase ex-aliado, dizendo que é impossível governar sem uma coalizão forte, mas que precisava de parceiros comprometidos com o projeto de governo. Pois ontem Campos garantiu que não entendeu a frase como um recado indireto e foi peremptório: "A presidente Dilma não é mulher de mandar recados, e nem eu sou homem de receber recados. Ela não é dada a esse tipo de conversa, e nem eu".

Parece uma resposta altiva, de quem não se deixa emparedar nem mesmo pela presidente. Na verdade, porém, é absolutamente necessário para Campos fingir que não entendeu o recado dado, pois o entendimento o obrigaria a tomar uma decisão agora, sair do governo, entregando todos os cargos, ou desistir de sua provável candidatura.

Essa última hipótese, aliás, era motivo de especulação ontem em Brasília. Não foram poucos os que viram na fala de Campos sinais de que ele está começando a recuar de seu projeto de voo solo. Não que ele tenha admitido isso, mas usou palavras mais ambíguas do que tem usado e, sobretudo, adiou para abril de 2014 a decisão oficial, quando havia dito que em setembro deste ano ele se decidiria, para dar aos companheiros de partido tempo suficiente para se organizarem, seja qual for a decisão.

Um recuo, a esta altura do campeonato, seria ruim para a oposição, pois fortaleceria a base aliada, mas seria pior ainda para o jovem Eduardo Campos. Indicaria que ele avaliou como insuficientes seus apoios para enfrentar o favoritismo de Dilma. Mas, sobretudo, seria uma demonstração de fraqueza diante do PT e do PMDB que colocaria o PSB em situação mais frágil ainda na coalizão. Também os tucanos andam usando as palavras de maneira a não esclarecer o quadro político. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, achava que o senador Aécio Neves não deveria ser o presidente do PSDB, concordando com o ex-governador José Serra. Na reunião do partido na segunda-feira, ele acabou se convencendo de que seria bom para Aécio presidir a legenda, assim poderia viajar pelo país para organizar o partido, ouvir as famosas bases partidárias.

Tudo isso para quê? Para tornar-se um candidato à Presidência mais forte, está subentendido. Mas ontem, talvez temendo ter ido além do que deveria, Alckmin fez questão de ressaltar que o fato de apoiar Aécio para presidente do PSDB não significa necessariamente lançá-lo como candidato à Presidência da República. É claro que não, embora seja improvável que levem Aécio a realizar trabalho de reestruturação partidária para que ele desemboque em outra candidatura. E se Aécio não é o candidato putativo dos tucanos, que força terá ele para fazer as reformas que pretende? O comentário de Alckmin indica que ele ainda tem dificuldades para apoiar integralmente a candidatura Aécio à Presidência. Passos importantes foram dados nessa direção, e nem Aécio quer ser anunciado candidato agora.

Mas certos comentários revelam mais pelo que não dizem, e é essa a marca da linguagem dos políticos. Patrick Charaudeau, professor na Universidade de Paris-Nord (Paris 13), uma das maiores autoridades mundiais em análise do discurso, compara o discurso político a um jogo de máscaras. "Toda palavra pronunciada deve ser tomada ao mesmo tempo pelo que ela diz e não diz. Jamais deve ser entendida ao pé da letra, numa transparência ingênua, mas como resultado de uma estratégia cujo enunciador nem sempre é soberano".

Fonte: O Globo

A luta continua - Dora Kramer

Dia desses o presidente do PT, Rui Falcão, declarou que o partido já estava conformado: ao menos enquanto Dilma Rousseff for presidente não há chance de o governo encampar projeto de regulação dos meios de comunicação.

E não há mesmo, porque o objetivo central do PT não é a necessária modernização das regras do setor com sua adaptação aos novos tempos, o chamado marco regulatório. A ideia é distorcer o marco da democracia - a liberdade de expressão para todos, não só para a imprensa -, buscando formas de controle do Estado sobre os meios de comunicação.

Com esse pano de fundo é que se desenrola a divergência entre o partido e o Ministério das Comunicações, comandado pelo também petista Paulo Bernardo, por causa da concessão de incentivos fiscais a empresas de telecomunicação.

Nesse cenário é que Rui Falcão fez uma declaração que só aparentemente traduz a desistência de insistir em levar ao Congresso um projeto de restrição de liberdade com o nome de "controle social da mídia".

Ludibria-se a sociedade insinuando que a ela caberá o comando quando o que se pretende mesmo é dar ao governo o poder de subtração de um direito fundamental da pessoa.

Em verdade, o PT - ou a ala mais atrevida do partido - não desistiu de nada. Lança mão de qualquer pretexto para demonstrar sua insatisfação com a veiculação livre de informações e opiniões.

Obrigados, por determinação de Lula, a recuar de uma manifestação oficial contra o resultado do julgamento do mensalão no último encontro partidário, os petistas resolveram improvisar atacando as desonerações a empresas de comunicação. Coisa que não fazem quando há redução de impostos à indústria automobilística, aos produtos da chamada "linha branca", medidas que rendem votos e popularidade.

O documento, além do equívoco de conceito, já que a finalidade da desoneração é permitir a ampliação de investimentos em serviços de banda larga, continha um erro crasso: falava em R$ 60 bilhões quando o total das isenções fiscais é de R$ 6 bilhões.

Inicialmente isso passou despercebido da imprensa, mas o ministro Paulo Bernardo viu, reclamou com Rui Falcão e a divergência veio a público.

Confronto desnecessário, em tese. Do ponto de vista do PT, mais um pretexto para fomentar a interdição da crítica e criar uma discussão que lhe permita sair do isolamento no Congresso.

Hoje não tem apoio nos partidos aliados, mas quanto mais o Parlamento se desmoralizar, quanto mais isso repercutir negativamente nos meios de comunicação, quem sabe? O PT pode ganhar adeptos para travar o mau combate.

Colateral. A participação de artistas, intelectuais e setores outrora influentes na sociedade em causas de interesse público, hoje perde importância.

Descontadas ínfimas exceções, afastaram-se da política. Por medo da patrulha, cansaço ou equívoco ideológico que resultou em omissão, quando não conivência explícita, em casos como o do mensalão.

Agora, quando resolvem abraçar um combate, eles não têm voz forte o suficiente para interferir nos resultados. O exemplo mais recente, mas não o único, é o engajamento nos protestos contra a permanência do deputado Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos.

De onde se constata que o bom combate perde a eficácia quando tem dois pesos.

A passividade diante da corrupção, a defesa da tese de que o PT só fez o que todo mundo faz e que a "mão suja" é instrumento inerente à política acabaram levando governantes e representantes em geral a se liberar de quaisquer constrangimentos. A indignação não sensibiliza.

Na percepção dos partidos e políticos cooptados, se o PT pode pintar e bordar tudo o mais é permitido sob a proteção da "marca" antes associada a ideais de razoável conduta.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O primeiro teste - Denise Rothenburg

Quando a então deputada Ana Arraes, do PSB pernambucano e mãe do governador do estado, Eduardo Campos, venceu a disputa para integrar o Tribunal de Contas da União (TCU) houve quem dissesse que Eduardo vencera o primeiro embate no Parlamento. Errado. A primeira briga de fato contra o governo Dilma Rousseff começou ontem. E prosseguirá por todo esse semestre.

O pano de fundo dessa disputa é a Medida Provisória 595, que detalha o novo marco regulatório dos portos. Para quem já leu a respeito, peço licença para situar aqueles que não acompanham o tema. Eduardo Campos classifica que a centralização das licitações dos serviços portuários na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) é quebra do pacto federativo e cita o porto de Suape como de "excelência". A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, afirma que não e menciona de forma enfática que não existem "ilhas de excelência".

O impasse está criado. Agora, governo federal e Eduardo Campos vão cabalar votos no plenário da Câmara e do Senado. Os socialistas consideram que a resistência do governo em negociar é apenas porque se trata de Eduardo, pré-candidato a presidente da República contra a presidente Dilma. E agora ela pretende usar a MP para mostrar quem manda. "Por que ela não transforma Suape num Terminal de Uso Privativo como fez com o do Ceará? Só não faz e vai para a briga porque é o Eduardo que está defendendo que as licitações de Suape não fiquem centralizadas", dizia o deputado Márcio França (PSB-SP),enquanto Eduardo Campos era cercado por repórteres ontem ao sair da comissão que estuda o tema.

Essa briga entre Eduardo Campos e o governo Dilma Rousseff ficaria restrita a pé de pagina dos jornais e nem seria tratada aqui nesta coluna se fosse apenas mais um embate entre um estado e o governo federal. Mas não é bem assim. O fato de Eduardo Campos ser pré-candidato a presidente da República põe essa disputa sob os holofotes na forma de uma queda de braço, onde cada partido será monitorado com uma lupa. Quem for favorável à descentralização das licitações estará do lado de Eduardo Campos. Quem for contra estará ao lado de Dilma.

Nessa disputa, não se surpreenda, leitor, se Eduardo Campos levar a melhor. Ele pode unir o útil ao agradável. Primeiramente, a centralização das licitações prevista na Medida Provisória desagradou aos atuais gestores dos portos, embora tenha sido feita com a maior boa vontade por parte do governo federal. Esse é o lado agradável para alguns políticos ligados aos atuais dirigentes portuários.

Além disso, há o argumento da utilidade política. Muitos partidos que aguardam um chamamento do Planalto podem se alinhar ao governador nesse tema para dar um recado à presidente Dilma Rousseff. A bancada do PR espera um cargo de primeiro escalão para chamar de seu. No mesmo barco, está o PTB de Gim Argello e do vice-presidente da legenda, Benito Gama. Ora, se levar um susto na MP dos Portos, talvez Dilma acelere esse chamado.

Enquanto isso, na matemática...

A presidente pode perfeitamente considerar que as suas intenções de voto, suficientes hoje para assegurar uma vitória no primeiro turno, podem dispensar uma rendição às manobras partidárias. Mas, como me contava ontem um integrante da base governista, intenção de voto a mais de um no da eleição é algo volátil. Anthony Garotinho, por exemplo, tinha 4% nas pesquisas em 2002, faltando menos de um mês para a eleição. Obteve 19% dos votos e por pouco não foi ao segundo turno contra Lula. Seguro morreu de velho. Ou Dilma acerta logo a base para votar a MP, ou terá problemas ali na frente. Faça sua aposta. Vale registro ainda a forma como Eduardo está tirando o PSDB do debate dessa MP. Mas essa é outra história.

Fonte: Correio Braziliense

Omissão continuada nos temas tabus - Rosângela Bittar

A recusa do PSC a atender um apelo da Câmara para trocar um deputado do partido, iniciante e já desmoralizado presidente da Comissão de Direitos Humanos, o evangélico Marco Feliciano, denunciado como homofóbico e racista, que não conseguiu levar adiante nenhuma reunião tal o barulho do protesto que enfrenta, é um exemplo da falta de preparo dos políticos, dos partidos, dos candidatos, do governo, dos marqueteiros em geral para os temas da moral e da religião que afloram nas campanhas eleitorais.

São questões que passam três anos em branco, até surgirem como uma onda avassaladora no palanque. Afirma-se que foram os temas religiosos, os dogmas, as questões morais e as posições definidas inadequadamente no plano de marketing que levaram a presidente Dilma, em 2010, a disputar o segundo turno. Sabendo-se disso, alega-se que é preciso fazer algo para que candidatos não fiquem à mercê dos malafaias do palanque. Mas nada se faz.

O mais simples, coerente e normal seria atribuir a esse tipo de tema uma definição de foro íntimo. Cada candidato pensa como pensa, defende o que defende, em lugar de se transformar em marionete da rede social ou da marquetagem. Mas as questões religiosas e morais já estão, no momento, gritando aos partidos que novamente derrubarão e erguerão candidatos se a elas não for dada a atenção devida.

Marqueteiros serão os bombeiros do incêndio religioso

Custa a um candidato convencer-se, e uma vez convicto, assumir a posição, que obrigar a mulher a cumprir pena por aborto é uma crueldade adicional? As mulheres evangélicas e católicas não fazem aborto? Não há mulheres divorciadas no catolicismo? Não há gays nas famílias evangélicas? Imagina-se que o candidato seria compreendido pelo seu eleitorado seja qual for sua posição, mas nenhum quer testar. Pode dizer, também, que é radicalmente contra o aborto por razões religiosas, e seguir em frente com sua campanha a presidente, a senador, a vereador, a deputado, vendendo um plano de ação para o país, não para os que dirigem os ofícios religiosos e, pior ainda, que se elegem com ele.

E o divórcio? E os métodos contraceptivos? E a união homoafetiva? Como todas as questões que deixam os políticos ao sabor do socorro de um amigo padre, de um pastor, de um chefe da torcida do time da Igreja, o Supremo Tribunal Federal já os ajudou na montagem de um arcabouço jurídico sobre algumas dessas questões, mas nem desse ponto de vista conseguem transitar por elas em campanha. Buscar na sua consciência, na sua formação, na filosofia e na modernização da sociedade um pensamento racional, então, dá ainda mais trabalho.

Há políticos com liderança nos partidos que acreditam ser este tema do interesse da mídia, um problema que comove mais a crônica política que o eleitor. Não é verdade, e estão aí os avanços da sociedade para mostrar o contrário, bem como as manifestações do eleitorado em pesquisas de opinião.

Não adianta esperar que se reduza a força desses grupos religiosos que estão se transformando em forças eleitorais complexas, principalmente nas campanhas proporcionais. Nas majoritárias, expõem o candidato, mais do que o elegem. O governo nada está fazendo, também, para que a presidente Dilma enfrente a disputa de 2014 mais confortável no discurso. Não se tem notícias que, além do marqueteiro oficial, o ministério da Mulher, o da Justiça, o da Saúde ou o secretário-geral da Presidência, responsável pela temática religiosa no governo Dilma, estudem o assunto.

Depois não venham reclamar porque Dilma ficou exposta aos malafaias do palanque. Persistem no erro os que não percebem o crescimento do problema, a cada eleição, o potencial de contradição e constrangimento nele contido. O candidato se vê no meio do tiroteio e diz qualquer coisa, criando reviravoltas eleitorais para desmentir os que imaginam que o assunto não tem a relevância imaginada.

Pesquisa Datafolha, de 21 de março, que entrevistou 2.653 eleitores em 166 municípios, revelou que 58% se disseram católicos, 21% evangélicos e pentecostais. No IBGE, o percentual de católicos na população chega a 64%, e já se divulgou pesquisa mostrando que, no Brasil, os evangélicos somam mais de 40% da população. Não dá para apostar que esse contingente se deixe levar, eleitoralmente, pelos dogmas religiosos. Até porque as contradições afloraram de uma maneira contundente também na sociedade, fato evidenciado nas últimas semanas.

Mostrou-se que os brasileiros querem que o papa seja liberal, mas rejeitam o aborto e o casamento gay. A Igreja Católica deveria, revelou a pesquisa, ser mais liberal em temas como contracepção e divórcio. Boa parte dos brasileiros discorda de posições da igreja. A divergência maior diz respeito ao uso de métodos para evitar a concepção. Para 83% o papa deveria orientar a Igreja a se posicionar a favor do uso de preservativos e 77% defenderam a pílula anticoncepcional, enquanto 61% são favoráveis a que o papa aceite o uso da pílula do dia seguinte pelas mulheres, método considerado abortivo pela Igreja.

Portanto, discute-se tudo, muda-se de posição, avança-se, e há até o crescimento do contingente de eleitores que se declararam, nas últimas pesquisas, sem religião. O drama está na rua e a sociedade nesse tipo de questão está mais avançada que as instituições religiosas e os partidos políticos. Os dogmas vão estar em evidência, este ano, como já estiveram na oportunidade da eleição do papa e na distribuição do poder no Congresso, com a jornada mundial da juventude, a ser realizada no Brasil. Já se questiona o ensino religioso nas escolas. Ebulições que acontecem à revelia dos políticos.

Que façam um conclave para definir como vão tratar o assunto, que convoquem os especialistas do partido, que levem o problema às convenções. A quantidade de bobagens ditas por ocasião da eleição do papa e das eleições de evangélicos homofóbicos na Câmara revela que, por enquanto, estão fadados a sucumbir à condução da propaganda e dos escândalos montados nas redes sociais.

Quem souber tratar isso vai fazer toda a diferença.

Fonte: Valor Econômico

Eleição já, para não ter de trabalhar - José Neumanne *

Todas as estradas que levam aos Portos de Santos e Paranaguá estão bloqueadas por filas de caminhões carregados com a supersafra de 38 milhões de toneladas de soja esperando para descarregar o produto em terminais portuários incapacitados para embarcar tanto grão. A China, a maior compradora do mundo, está desistindo, à medida que o tempo passa, do que adquiriu e, por causa disso, o minério de ferro não foi ultrapassado pela leguminosa como o maior produto de exportação da nossa Pátria amada, idolatrada, salve, salve! Enquanto tudo isso ocorre, a presidente Dilma Rousseff põe Antônio Andrade, peemedebista mineiro, no lugar de Mendes Júnior, peemedebista gaúcho, no Ministério da Agricultura. Mas não por causa do apagão da logística ou pelo colapso da infraestrutura, e sim porque trata de acomodar mais partidos em seu superpalanque da eleição de 2014.

A soja tinha de ser entregue faz tempo, mas a maior responsável pela operação desastrosa dos nossos portos só pensa no que vai ter de enfrentar em outubro do ano que vem - daqui a um ano e sete meses. Pode? Pois é! Diante da expectativa de os paulistas não conseguirem passar o feriado da Páscoa no litoral ao pé da Serra do Mar porque a Piaçaguera-Guarujá está intransitável, não há um líder oposicionista empenhado em entender, explicar, traduzir e criticar o absurdo. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) não foi solidarizar-se com os caminhoneiros paralisados, mas gastou todo o seu tempo e seu latim para apagar o fogo ateado com as manifestações de apreço de José Serra (PSDB-SP) pelo adversário Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Assim como o governo, a oposição só pensa naquilo para depois da Copa.

Os meios de comunicação não ficam atrás. Apesar de noticiarem o absurdo de uma burocracia que culpa o excesso de produtos a exportar, e não o descalabro dos portos mal administrados e das estradas esburacadas, dão destaque mesmo às potencialidades (se é que há alguma) da Rede de Marina Silva.

Na semana passada, o governo anunciou que a Petrobrás não venderá mais a refinaria de sua propriedade em Pasadena, no Texas (EUA), por causa do prejuízo que teria. Ora bolas, o prejuízo já foi dado! Agora a questão se resume a ter um prejuízo de US$ 1 bilhão, se a estatal brasileira conseguir passar adiante o mico que comprou dos belgas, ou US$ 1, 180 bilhão, se mantiver em sua contabilidade a atividade gravosa da empresa mal comprada. Não consta que haja um agente da republicana Polícia Federal do dr. José Eduardo Martins Cardozo investigando quem saiu ganhando na compra, que, aliás, só acrescenta mais um grão no areal de lambanças de uma empresa cujos donos somos nós.

Mas a oposição foi para o circuito Elizabeth Arden do tríduo momesco no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro e deixou a nau capitânia do "petróleo é nosso" afundar num mar de lama. Prometeu voltar depois da Quarta-Feira de Cinzas e ficou na muda esperando a Páscoa chegar, que, como diria o poeta pernambucano Ascenso Ferreira, conterrâneo do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, "ninguém é de ferro".

O ex-governador Serra trocou afagos em público com o neto do dr. Miguel Arraes para despertar a ciumeira de Aécio, a cuja indiferença atribui grande responsabilidade por sua derrota na eleição presidencial de 2010. Depois de perder de novo, em 2012, para outro poste de Lula, Fernando Haddad (PT), a Prefeitura de São Paulo, deixando desprotegido mais um bastião da oposição à invasão do bloco governista, formado por PT e PMDB, o furibundo tucano nem quis saber da surra que o partido dele levou da presidente Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas neste fim de semana. Como se diz sempre nessas pesquisas, "se a eleição fosse hoje"... Acontece que não é, e por isso mesmo a pesquisa de nada vale. Mas o professor Serra nem se deu ao trabalho de constatar.

Pesquisa de opinião pública é "o retrato do momento", dizem os marqueteiros que fazem os seus clientes pagar uma fortuna por essa inutilidade. Ou seja, as pesquisas que dão como certa a vitória da presidente na eleição da qual ela é óbvia favorita são como se se fotografasse o treino do Corinthians para o próximo compromisso pelo Campeonato Paulista anunciando que o time será o campeão da Libertadores da América do ano que vem. Aécio Neves até lembrou isso - como destacou que o governo preenche os intervalos comerciais da programação da televisão e a chefe e candidata não se cansa de produzir "factoides" eleitorais -, mas já chega eivado de suspeita por ser o principal interessado. Ou melhor, prejudicado,

O cidadão continua morrendo nos buracos das estradas agora ocupadas pelos caminhões que não são descarregados nos portos, ou nos pisos nus de uma rede hospitalar pública sem vagas, sem macas e sem médicos. Nossos filhos frequentam estabelecimentos de ensino incapazes de ensinar o bê-á-bá e a tabuada. Mas, empregada (ainda que mal remunerada) e de barriga cheia, com uma Bolsa-Família a receber e uma bolsa-escola a não frequentar, a maioria comemora até o advento de um papa argentino. Como a redução da tarifa elétrica e a isenção de impostos na cesta básica, que não baixou os preços dos alimentos, mas cristalizou o prestígio da presidente entre o povão, que nem carente mais é.

Carente mesmo é a democracia brasileira, que depende de ídolos como o mais popular de todos, Lula da Silva, padrinho de Dilma, por não dispor de instituições fortes capazes de formar políticos com cultura cívica e burocratas que sejam capazes de fazer algo mais útil do que furtar o erário. Dependente de eleições, como o viciado da droga, nosso Estado Democrático de Direito toma doses de demagogia na veia todos os dias. Com 39 ministérios, o governo não tem como governar e apenas galga o palanque para passar o tempo prestando atenção na arenga que esconde a inércia e o malfeito nossos de cada dia.

* José Neumanne é jornalista, poeta e escritor.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dispensas na INB irritam o PSB no Rio

Chico Santos

RIO - O presidente do diretório estadual do Rio de Janeiro do PSB, prefeito de Duque de Caxias (Baixada Fluminense) Alexandre Cardoso, disse ontem ao Valor que o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, teve uma atitude "no mínimo pouco política" ao demitir de uma só vez, e sem aviso prévio, três dirigentes do PSB da direção da Indústrias Nucleares do Brasil (INB).

"Nós estamos tentando apaziguar e vem o ministro botar gasolina!", lamentou Cardoso. Neste momento, o PSB vive um momento difícil na aliança governista por conta da perspectiva do lançamento da candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente licenciado do partido, à sucessão da presidente Dilma Rousseff em 2014.

Hoje, o "Diário Oficial da União" publicou a demissão do presidente da INB, Alfredo Tranjan Filho, no cargo desde junho de 2007. Ele será substituído por Aquilino Senra Martinez, professor de engenharia nuclear da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

Também perderam seus cargos os diretores Samuel Fayad Filho e Athayde Pereira Martins. Segundo Cardoso, tanto os dois ex-diretores como o ex-presidente da INB são membros da direção estadual do PSB, sendo que Tranjan, segundo o prefeito, é também membro do Diretório Nacional do partido.

"Eu desconhecia qualquer movimento nesse sentido [de substituir os membros do PSB]. Não fui comunicado de nada. O ministro sabia que havia membros do diretório do partido na diretoria. Soubemos [das demissões] pelo "Diário Oficial"", afirmou o prefeito. Cardoso estranhou que Raupp tenha escolhido justamente um momento tão delicado nas relações do governo com o PSB para fazer as demissões. "E eu estou em uma costura para que não se discuta 2014 em 2013", lamentou o prefeito que estava ontem em Brasília.

Cardoso disse que a presidente Dilma "certamente" não estava informada sobre as filiações partidárias dos dirigentes demitidos da INB ao assinar suas demissões. O presidente do PSB fluminense acha que todo foi feito pelo ministro Raupp sozinho. O ministro tem como principal avalista no governo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Para Cardoso, além de colocar lenha na fogueira desnecessariamente, Raupp demonstrou falta de compromisso com o setor nuclear, enfraquecendo os novos dirigentes da estatal.

A INB é a empresa responsável pela exploração e extração de urânio no Brasil e por toda sua cadeia de beneficiamento, até a transformação do minério em combustível nuclear. Ela vem trabalhando desde 2001, em parceria com a Marinha, no desenvolvimento das duas etapas do beneficiamento do urânio nas quais o Brasil é dependente do estrangeiro: o enriquecimento, que transforma o minério em combustível, e na conversão do urânio em gás, etapa necessária ao enriquecimento. Os projetos enfrentam falta de verba crônica.

No momento a INB possui uma pequena usina de enriquecimento, responsável por apenas 5% das necessidades das usinas nucleares de Angra 1 e 2. A empresa vem buscando ainda ampliar a produção doméstica de urânio que já tem sido insuficiente para alimentar as duas usinas e. Sem a ampliação, não será possível alimentar Angra 3, prevista para operar em 2016.

Fonte: Valor Econômico

Imortais lançam candidatura de FHC à ABL

Ex-presidente tem apoio da maioria dos acadêmicos para ocupar cadeira recém-aberta

RIO - Após anos de sondagens e de negativas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 81, deve ser apresentado hoje como candidato a uma vaga na ABL (Academia Brasileira de Letras).

Segundo acadêmicos ouvidos pela Folha, FHC aceitou o convite para se candidatar à cadeira nº 36, que será declarada vaga hoje à tarde, após sessão em homenagem a seu antigo ocupante, o jornalista João de Scantimburgo (1915-2013), morto na madrugada da última sexta.

O convite ao ex-presidente foi feito por dois membros da ABL, o senador José Sarney, 82, e a escritora Nélida Piñon, 75, em um almoço na última sexta (22) num restaurante no centro de São Paulo.

Durante o almoço, Piñon recebeu, por telefone, o aviso da morte de Scantimburgo. Passou a informação a Sarney, que imediatamente sugeriu que convidassem FHC a se candidatar.

"O presidente Sarney foi o primeiro a citar, eu tinha quase certeza de que ele o faria, mas fiquei impressionada com esse gesto de grande elegância moral dele, porque eles tiveram problemas no passado", disse Piñon.

Segundo a escritora, ela e o senador chamaram FHC a um canto e, após informar-lhe sobre a morte de Scantimburgo, convidaram-no a se candidatar. "Ele ficou perplexo, nós insistimos que era o momento, e ele aceitou. Eu ainda disse: 'O senhor não vai desistir, hein? Olha que é muito sério, diante do presidente Sarney e de mim'."

A assessoria do ex-presidente confirmou que ele foi "citado e indicado por alguns acadêmicos", mas disse que "ainda não está decidido se ele aceitará" a candidatura, e que emitirá hoje uma nota.

Além de Sarney e Piñon, a campanha por FHC inclui imortais como Marcos Vilaça, 73, ex-presidente da ABL, e Celso Lafer, 71, ex-ministro de Relações Exteriores do governo FHC e responsável por levar à sede da academia a carta de candidatura.

Segundo os acadêmicos, o ex-presidente já conta com a maioria dos 38 votos (duas das 40 cadeiras estão vagas).

Os interessados em concorrer à cadeira 36 terão um mês para apresentar suas candidaturas a partir de hoje. Depois disso, a ABL marca a eleição para dali a 60 dias.

Antes da eleição de que FHC participará haverá outra, no próximo dia 11, para escolher o sucessor do poeta Lêdo Ivo (1924-2012), que morreu em dezembro passado.

Há 11 candidatos na disputa, entre eles a jornalista Rosiska Darcy de Oliveira, o poeta Antonio Cicero e a historiadora Mary Del Priore.

Fonte: Ilustrada / Folha de S. Paulo

Declaração de Lula sobre financiamento de campanha beira o cinismo, diz Freire

Por: Valéria de Oliveira

“O que Lula fala não se escreve”, ironizou o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), ao comentar a declaração do ex-presidente que, ao defender o financiamento público de campanha, afirmou que financiamento privado deveria ser considerado crime inafiançável.

“Em alguns momentos (Lula) beira o cinismo; ele que tem estreita ligação com financiamentos espúrios, como o mensalão, com a corrupção e, atualmente, com lobby para empreiteiras vem a público com uma declaração como essa? É piada”, disse Freire.

Ele lembrou que em um primeiro momento da descoberta do mensalão, Lula pediu desculpas à nação e afirmou que aqueles recursos eram produto de caixa dois de campanha. “Não podemos nos esquecer de que ele é o maior beneficiário do esquema do mensalão”.

Segundo o presidente do PPS, o ex-presidente não tem responsabilidade em suas declarações, “que não são sérias”, e na maioria das vezes “caem no ridículo”. Lula, na avaliação de Freire, vive “um processo de decadência muito mais acentuado do que se imaginava”.

Fonte: Portal do PPS

Radamés Gnattali - Alma Brasileira (Estudo em ritmo de Choro)

Aprendizado - Ferreira Gullar

Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.

Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão

que a vida só consome
o que a alimenta.