O Globo
A primeira imagem foi o escatológico golden
shower com a qual Jair Bolsonaro brindou os brasileiros logo no início de seu
governo. No dia 5 de março de 2019, o presidente compartilhou em suas redes
sociais um vídeo em que um homem urina na cabeça de outro. Fez isso para
gratuitamente atacar os blocos de carnaval. Visto de hoje, depois de tudo o que
temos passado, aquele compartilhamento absurdo vindo da maior autoridade
nacional parece até bobagem. Além desta imagem inaugural, há uma coleção de
retratos que explica bem o caráter doentio deste governo.
A série de ataques à
democracia e aos Poderes instituídos tem três momentos símbolos. O primeiro foi
a manifestação do dia 19 de abril de 2020 liderada por Bolsonaro em frente ao
Quartel General do Exército, em Brasília. A foto síntese tem o presidente em
primeiro plano discursando para um grupo de pessoas que levavam cartazes
pedindo o fechamento do Supremo e do Congresso, a volta do AI-5 e a intervenção
militar. Por isso apenas um processo de impeachment deveria ser aberto por
Rodrigo Maia, que nada fez. O segundo momento foi o desfile de tanques
fumacentos na Esplanada, e o terceiro, a tentativa fracassada de golpe do dia 7
de setembro passado.
No quesito pandemia, há um sem número de imagens que entristeceram o país. As fotos das sepulturas sendo abertas em escala industrial são as mais duras. Mas há as ridículas também, como a da ema fugindo de Bolsonaro, que lhe ofereceu uma caixa de cloroquina. O presidente fez tudo o que esteve ao seu alcance para sabotar o combate ao coronavírus. O resultado da sua ação deletéria será conhecido em toda a sua extensão no relatório da CPI da Covid, mas estudos indicam que pelo menos 200 mil das 600 mil mortes no pais poderiam ter sido evitadas se o governo tivesse agido de modo contrário.