STJ nega novo pedido de habeas corpus, e defesa entra com recurso no STF
Petista deve se entregar hoje de manhã
O ex-presidente Lula usou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que o projetou na política nos anos 70, como trincheira para tentar evitar a prisão. Ele ignorou o prazo concedido pelo juiz Sergio Moro para que se apresentasse voluntariamente até as 17h. Cercado por aliados e advogados, Lula não falou aos manifestantes reunidos em frente ao prédio: concentrou-se na estratégia de negociação com a Polícia Federal das condições para ser preso. A defesa ingressou com pedido de habeas corpus, negado pelo STJ. À noite, um recurso foi encaminhado ao STF. Lula participará da missa pelo aniversário da ex-primeira-dama Marisa Letícia, às 9h30m de hoje, e deve se entregar à PF depois disso. Ex-presidente não cumpre prazo dado pelo juiz Sergio Moro, mas deve se entregar hoje à Polícia Federal
Cleide Carvalho, Thiago Herdy e Sergio Roxo | O Globo
SÃO PAULO - Ao não cumprir o prazo dado pelo juiz Sergio Moro de se entregar até às 17h de ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço de sua carreira política, numa espécie de bunker de resistência contra a operação Lava-Jato. Ao permanecer no local por mais de 24 horas, cercado de aliados, simpatizantes, advogados, familiares e políticos, Lula se empolgou com a mobilização e terminou o dia discutindo alternativas sobre como e quando deveria começar a cumprir sua pena de 12 anos e um mês de prisão.
LULA PODE SE ENTREGAR HOJE
Até o fechamento desta edição, as negociações entre a banca de advogados do petista e os delegados da Polícia Federal caminhavam para que o ex-presidente se entregasse hoje — após uma missa pelo aniversário de dona Marisa Letícia, que faria 68 anos hoje, a ser rezada no próprio sindicato. Embora não seja praxe prisões ocorrerem no fim de semana, a não ser em casos de flagrante, o caso do ex-presidente tem sido tratado de forma excepcional.
Lula quis transformar o ato da prisão num marco político, se valendo de um velho recurso que já havia utilizado nos anos 1970, quando presidia o sindicato: o de se refugiar na sede da entidade. Foram várias noites passadas na entidade, naquela época para evitar uma detenção pelo aparelho de repressão da ditadura militar.