Nessas duas semanas de recesso não escrevi
aqui, mas conversando (amigos importam) li e ouvi, a miúde, a pergunta sobre se
ainda cogito chance eleitoral para um “centro” formado por agregação. Pergunta
que também não cala em meditações solitárias por não ser de jeito algum acidental
o título da coluna inaugural (12.12.2020), “Em busca de um centro”, sendo
esse um tema recorrente nas sabatinas.
Um dos mais argutos desses interlocutores, o cientista político Marco Aurelio Nogueira, também refinado articulista no debate público, ao ler a coluna de 20.11.21 (“Quatro ou cinco estrelas no céu da política, a realidade chã bate à porta”), percebeu que eu tentava, após a trituração da pré-candidatura de Mandetta no âmbito do União Brasil e a previsão de vitória de João Dória nas prévias do PSDB, deslocar a cogitação de um centro como terceira via para uma última hipótese de encarnação. Leu bem que, a meu ver, o presidente do Senado, cria da política que ousa dizer o nome, poderia ser, por essa razão, uma estrela “diferente” das que estão inscritas hoje no cardápio eleitoral que se prepara para as eleições presidenciais de 2022. Constelação quíntupla (Bolsonaro, Lula, Moro, Ciro e Dória), ainda que a cada dia fique mais forte a impressão de que só haverá vagas para, no máximo, três egos, nesse ringue montado, onde bater é verbo de língua franca, sendo Lula o único deles que demonstra ter recursos, ao menos retóricos (e retórica importa), para alterar os molhos da antipolítica e da política rasteira.