• Maioria dos turistas tem intenção de voltar ao Brasil, diz pequisa. Dezesseis ministros participam de balanço do mundial
André de Souza e Jailton de Carvalho – O Globo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que o Brasil derrotou os pessimistas e fez com que a anunciada Copa das Copas se tornasse realidade. De cada 20 turistas estrangeiros que vieram ao Brasil durante a Copa do Mundo, 19 têm intenção de voltar ao país. Eles são de 202 nacionalidades diferentes, percorreram 378 municípios brasileiros e ficaram, em média, 13 dias no Brasil.
Além disso, o Brasil atendeu plenamente ou superou as expectativas de 83% dos turistas. Ao todo, 1,02 milhão de turistas visitaram o Brasil durante a Copa. A maioria (61%) visitou o país pela primeira vez. Os números foram divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Turismo, que ouviu 6.627 turistas em 12 aeroportos e dez fronteiras terrestres.
- Sem sombra de dúvidas, os torcedores e amantes do futebol asseguraram uma festa que sem dúvida é uma das mais bonitas do mundo. A gente dizia que teríamos a Copa das Copas. Nós tivemos a Copa das Copas - disse Dilma, acrescentando:
- O Brasil demonstrou sua capacidade de organização. Os vaticínios, os prognósticos que se faziam sobre a copa eram os mais terríveis possíveis. Começava do "não vai ter Copa" a "Copa do caos". O estádio do Maracanã, que ontem foi palco de momento belíssimo, só ia ficar pronto em 2038 ou 2024. Enfim, não ficaria pronto nunca. Não teríamos aeroportos, e não teríamos a capacidade de receber milhões e milhões de turistas, Enfim, nós derrotamos sem dúvida essa previsão pessimista e realizamos uma imensa, maravilhosa contribuição, a Copa das Copas.
O quesito mais bem avaliado pelos estrangeiros foi a hospitalidade: 98,1% deles aprovaram. Em seguida vêm gastronomia (93,1%), segurança pública (92%), informação turística (90%), táxi (90%), transporte público (89,2%), sinalização turística (81,2%) e aeroportos (80%). Os pesquisadores, da Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe) continuarão em campo até o dia 23 de julho.
Dilma fez elogios a seu governo e também aos governos dos estados e cidades onde houve jogos. Segundo ela, foi um esforço conjunto, que também contou com o apoio do povo brasileiro.
- Foi uma árdua conquista para o meu governo. Todos nós nos empenhamos para assegurar que a Copa do Mundo trouxesse não só uma grande oportunidade para sediar o mais importante torneio de futebol do planeta, como também queríamos estar demonstrando naquela circunstância, quando a Copa começou, que o Brasil estava capacitado e tinha todas as condições para assegurar infraestrutura, segurança, telecomunicações, tratamento adequado aos turistas - disse a presidente.
O ministro da Casa Civil, Alozio Mercadante, concordou com a chefe sobre a organização da Copa no Brasil.
- Perdemos a taça, mas o Brasil ganhou. O mundo inteiro admirou. O Brasil soube ganhar, soube perder, soube celebrar em clima altamente receptivo, o que encantou o mundo - disse Mercadante.
O Ministério do Turismo também ouviu 6.038 turistas brasileiros que viajaram pelo país durante a Copa. Os turistas brasileiros saíram principalmente de São Paulo (858.825 pessoas), Rio de Janeiro (260.527), Bahia (220.021), Minas Gerais (204.425) e Paraná (165.694). A maioria (67%) estava visitando pela primeira vez a cidade para onde viajaram. O quesito mais aprovado foi o atendimento e receptividade (90,5%), opções de lazer e turismo (87,2%), segurança (83,8%), aeroporto (81%), hospedagem (80,6%) e informação turística (77,2%). Ao todo, 3,06 milhões de brasileiros visitaram as cidades-sede durante o Mundial.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, manifestou condolências pela morte dos operários na construção dos estádios e de dois jornalistas argentinos em acidentes em São Paulo e Minas Gerais. O ministro fez um balanço positivo da organização da Copa e ironizou as previsões pessimistas:
- Nem um jornalista, nem um turista foi mordido por cobra.
Aeroportos
O Brasil sediou uma Copa do Mundo nos últimos 30 dias, mas o evento não impactou muito os aeroportos do país. Números divulgados pela Secretaria de Aviação Civil (SAC), pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) ao longo das últimas semanas mostram que, no geral, o movimento não fugiu do normal e o índice de atrasos ficou dentro do satisfatório.
Mas houve exceções, especialmente nos aeroportos das cidades-sede nos dias em que elas receberam jogos, e no caso dos voos fretados.
A Copa começou, inclusive, com um movimento abaixo da média. Em 12 de junho, o primeiro dia da Copa, passaram pelos 20 principais aeroportos do Brasil 434,4 mil pessoas e 3.686 aeronaves. Segundo a SAC informou em 13 de junho, a média esperada para esta época do ano é de 500 mil passageiros por dia. Nos dias seguintes, a movimentação foi maior, mas ficou dentro da normalidade. A média diária da primeira semana foi de 471 mil passageiros.
Nas semanas seguintes, o movimento aumentou. Foram 487 mil por dia, em média, na segunda semana de competição, e 507 mil na terceira. Na quarta semana, 495 mil. O recorde foi no dia 3 de julho, véspera dos primeiros jogos das quartas de final, quando 548 mil pessoas passaram pelos principais aeroportos brasileiros.
No balanço desta segunda-feira, a SAC informou que os 21 aeroportos que atenderam as demandas da Copa tiveram um movimento de 16,74 milhões de passageiros.
O ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, destacou que o tempo de restituição de bagagem em voos internos durou, em média, oito minutos e 36 segundos. Já nos voos internacionais, foram 28 minutos e 18 segundos. O tempo médio de inspeção no raio-x foi de dois minutos e 13 segundos. Já o índice de atrasos (voos que partem mais de 30 minutos depois do previsto) foi 7,03%. São considerados satisfatórios índices de até 15%.
- Se tivemos condições de atingir esse índice (na Copa), não temos nenhuma razão para não garantir aos brasileiros esses patamares.
Embora os índices de atrasos tenham ficado dentro do satisfatório, alguns aeroportos foram mais problemáticos, como os de Cuiabá e Porto Alegre. Boletins divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ao longo das últimas semanas mostram que, em oito dias, os atrasos foram superiores a 15% em Cuiabá. No caso de Porto Alegre, foram sete dias.
Nesta segunda, Moreira Franco trouxe informações diferentes daquelas divulgadas anteriormente pela SAC.
Em 13 de junho, boletim da SAC informou que, no dia anterior, quando houve a abertura da Copa, 434,4 mil pessoas haviam passado pelos principais aeroportos brasileiros, concluindo: “o número está abaixo da média esperada para esta época do ano, de cerca de 500 mil passageiros por dia”.
Na semanas seguintes, o movimento aumentou, mas ainda ficou dentro da normalidade. A média diária da primeira semana foi de 471 mil passageiros. Foram 487 mil por dia, em média, na segunda semana de competição, 507 mil na terceira, 495 mil na quarta. O recorde foi no dia 3 de julho, véspera dos primeiros jogos das quartas de final, quando 548 mil pessoas passaram pelos principais aeroportos brasileiros.
Nesta segunda, o ministro informou que os 21 aeroportos que atenderam as demandas da Copa tiveram um movimento de 16,74 milhões de passageiros, acima dos 15 milhões da mesma época no ano passado. Disse ainda que, antes da Copa, os recordes tinham sido verificados em 28 de fevereiro deste ano, no Carnaval, quando 467 mil passageiros passaram pelos aeroportos, e em 20 de dezembro do ano passado, com 420 mil passageiros.
- Nós podemos dizer com muito orgulho, com muita alegria que a infraestrutura aeroportuária brasileira conseguiu atender adequadamente o maior evento de futebol do planeta. Eu fui criado querendo a celebração. Foi um fato que se deu não apenas pelos investimentos da Copa nos aeroportos das capitais, mas por uma política que visa colocar a aviação civil em outro patamar - disse Moreira Franco.
Comunicações
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, destacou os números do setor, como as 15.012 antenas de telefonia móvel 3G e 4G instaladas nas cidades-sede e as 4,4 milhões de ligações telefônicas realizadas nos estádios.
- Foi montada uma rede de pouco mais de 15 mil km de fibras óticas, toda ela interconectada em todos os estádios, campos de treinamento, comitês de imprensa, todos os locais onde foi necessária a transmissão.
Tivemos um trabalho bem sucedido, com 527 horas de transmissão. Não tivemos nenhuma interrupção. Os estádios tinham pelo menos duas redes operando separadamente. Se houvesse acidente em uma, a outra tinha condição de resolver o problema - disse Paulo Bernardo, destacando que foram instadas antenas de 2G, 3G e 4G em todos os estádios.
Ele disse ainda que os estrangeiros não tiveram problemas para comprar chips e fazer roaming internacional.
Segurança
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também disse que o país venceu as previsões negativas e teve uma estrutura de segurança exemplar, que já estaria até servindo de referência para a polícia de outros países. Ao todo, 59.523 homens das Forças Armadas trabalharam na segurança do evento: 13.125 da Marinha, 38.233 do Exército e 8.165 da Aeronáutica. Além disso, 61 helicópteros e outras 77 aeronaves foram usadas durante a Copa. Segundo ele, o governo federal R$ 1,113 bilhão em equipamentos e na estrutura das forças policiais. Toda essa estrutura deverá ser utilizada para reforçar a segurança nas estradas, vigilância das fronteiras e também na segurança das Olimpíadas de 2016. Segundo ele, o governo conseguiu um desconto de 39,7% de desconto na compra de equipamentos. O dinheiro que sobrou foi reinvestido na compra de mais equipamentos.
Cardozo também destacou a integração entres as forças de segurança federais e estaduais. Segundo ele, 176.579 policiais e bombeiros participaram da segurança da Copa.
- O legado maior é o rompimento do isolacionismo dos órgãos de segurança - disse Cardozo.
Atendimentos na área de saúde
O Ministério da Saúde informou que foram feitos 17.042 atendimentos dentro e fora dos estádios, o que inclui ainda o entorno dos locais de competição, fan fests e outros locais de grande concentração de turistas. Do total, 7.055 atendimentos ocorreram nos estádios. Em 192 casos, foi preciso fazer remoção para unidades de saúde. As queixas mais comuns de quem passou mal foram dor de cabeça, mal de estar súbito, hipertensão, lesões, torções e quedas de baixa gravidade. Os números são do Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde Nacional (CIOCS), do próprio ministério.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro. ressaltou que não houve epidemia de dengue ou outras doenças durante a Copa, como chegou a ser cogitado. Segundo ele, os casos de dengue tiveram uma redução de 57% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O governo divulgou nesta segunda-feira o balanço da Copa do Mundo. Além da presidente Dilma, 16 ministros participaram do evento: José Eduardo Cardozo (Justiça), Celso Amorim (Defesa), Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores), Arthur Chioro (Saúde), Edison Lobão (Minas e Energia), Mirian Belchior (Planejamento), Paulo Bernardo (Comunicações), Aldo Rebelo (Esporte), Vinicius Lages (Turismo), Gilberto Occhi (Cidades), Moreira Franco (Secretaria de Aviação Civil), Luíz Inácio Adams (Advocacia-Geral da União), José Elito (Gabinete de Segurança Institucional), Thomas Traumann (Comunicação Social) Ideli Salvatti (Direitos Humanos) e Aloizio Mercadante (Casa Civil).