quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

PSDB vive risco de novo racha em 2012

Resolução do diretório paulista muda regras para escolha de nomes que definirão candidatos a prefeito e deflagra disputa entre grupos na capital

Julia Duailibi

Recentes movimentações no PSDB para controlar a escolha dos nomes que disputarão as eleições municipais de 2012 criaram as primeiras tensões entre grupos tucanos, a menos de dois anos do pleito.

Resolução aprovada no dia 29 de novembro de 2010 pelo diretório paulista do PSDB alterou "temporariamente" o prazo de filiação partidária, estipulado pelo próprio estatuto da legenda. A nova regra reduziu de 180 para 41 dias o período mínimo de filiação para um quadro da sigla votar e ser votado nas convenções zonais e municipais de 2011.

Assinada pelo presidente do diretório estadual, Mendes Thame, ligado ao ex-governador José Serra, e pelo secretário-geral, César Gontijo - próximo do secretário de Energia, José Aníbal -, a decisão permite que filiados até 31 de janeiro de 2011 possam escolher os nomes que conduzirão a eleição de 2012.

O prazo anterior, pelo estatuto, era setembro de 2010 para as convenções zonais e outubro para as municipais, em cidades acima de 500 mil habitantes.

A iniciativa, da qual a executiva municipal pretende recorrer, deflagrou uma corrida por fichas de filiação pelos grupos interessados em lançar candidatos à Prefeitura de São Paulo. Despertou ainda o temor de que o partido chegue rachado à disputa, como ocorreu em 2008. O grupo que eleger mais diretórios zonais - são 52 na capital - escolherá a nova direção municipal, que definirá o candidato à reeleição de Gilberto Kassab (DEM).

Os grupos aliados ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a Kassab, que disputam tacitamente a condução do processo eleitoral, começaram a se movimentar após a aprovação da resolução.

Aliados dos pré-candidatos e secretários de Alckmin José Aníbal e Bruno Covas (Meio Ambiente) começaram a buscar filiados. Vereadores tucanos ligados ao prefeito também procuraram obter novas filiações para conseguir, assim, influenciar na eleição dos zonais.

"A intenção foi dar condições para que novas lideranças, principalmente candidatos a prefeitos no interior, possam ingressar com grupos políticos. Não tem nada a ver com a eleição de São Paulo", disse Gontijo. Segundo ele, o diretório estadual acatará hoje pedido do municipal para que a nova regra não seja válida para a capital paulista.

Mudança. O presidente municipal que conduzirá a eleição será eleito em 10 de abril, após a eleição nos zonais, em 13 de março. O atual, José Henrique Reis Lobo, tem bom trânsito entre os aliados de Kassab, Serra e Alckmin, mas tem dito que não tentará a reeleição. Lobo estaria desestimulado, já que o governador, de quem era próximo e a quem apoiou em 2008, não o convidou para integrar o governo.

O deputado Arnaldo Madeira defende a disputa interna para o partido se fortalecer eleitoralmente : "O PSDB precisa sair desse negócio de obter consenso".

Procurados, Lobo e Mendes Thame não se manifestaram.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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