domingo, 21 de agosto de 2011

Planalto poupa o PT e corta verba de áreas de aliados

Investimentos de ministérios petistas aumentaram 14%; nas pastas dos demais partidos da base, a queda foi de 5%.

Dados do Tesouro mostram que, nas dez pastas entregues originalmente a PMDB, PR, PSB, PP, PDT e PC do B, os investimentos caíram 5% em 2011.

O número contrasta com o dos 13 ministérios da cota petista: 14% acima do volume da primeira metade do ano eleitoral de 2010.

Dilma corta gastos de ministros aliados e poupa áreas do PT

Investimentos de petistas cresceram 13,7%, mas pastas de outros partidos investiram 4,8% menos que em 2010

Impacto desigual do aperto fiscal contribui para alimentar tensão na base de apoio ao governo no Congresso

Gustavo Patu

BRASÍLIA – O controle de gastos promovido pelo governo Dilma Rousseff poupou ministérios controlados pelo PT e atingiu com mais força os que estão nas mãos dos outros partidos que apoiam o governo, contribuindo para alimentar a tensão na base de sustentação do Palácio do Planalto.

Uma análise detalhada das contas do Tesouro Nacional mostra que, nas dez pastas entregues no início do governo a PMDB, PR, PSB, PP, PDT, e PC do B, os investimentos caíram 4,8% no primeiro semestre deste ano.

O desempenho contrasta com o dos 13 ministérios da cota petista: em conjunto, eles investiram 13,7% a mais do que na primeira metade do ano eleitoral de 2010, sem considerar as cifras modestas do apartidário Itamaraty e das secretarias especiais vinculadas à Presidência.

Embora sejam teoricamente prioritários para o Executivo federal, os investimentos -obras de infraestrutura e compras de equipamentos destinadas a ampliar a capacidade produtiva da economia- viraram o principal alvo do ajuste fiscal.

Trata-se do único grande grupo de despesas federais que sofreu redução real neste ano, depois de considerada a variação da inflação.

Há razões técnicas para a queda: são gastos não obrigatórios e sujeitos a atrasos. Mas são razões políticas que explicam o aperto desigual na Esplanada.

Pelo modelo de repartição de poder iniciado no governo Lula e reforçado por Dilma, o PT ocupa pastas de mais relevo, como Fazenda, Planejamento, Saúde e Educação.

Os demais partidos ficam com a maior parte das verbas que movimentam as negociações com o Congresso.

Ministérios como Cidades (comandado pelo PP), Integração Nacional (PSB), Turismo (PMDB) e Esporte (PC do B) concentram ações incluídas por deputados e senadores no Orçamento por meio de emendas parlamentares.

São, na maioria, obras paroquiais típicas de prefeituras, como a recuperação de ruas e a construção de quadras esportivas, mas igualmente classificadas como investimentos -e vítimas preferenciais do corte de gastos.

Não por acaso, o governo promete agora liberar R$ 1,7 bilhão em emendas para atenuar a insatisfação dos partidos e facilitar as próximas votações no Congresso.

Entre os ministérios controlados por partidos aliados, dois registraram alta significativa nos investimentos neste ano, mas ambos passaram por crises e trocaram recentemente de mãos.

O PR foi varrido dos Transportes após acusações de corrupção e desligou-se da base governista. O PMDB teve de substituir o bombardeado Wagner Rossi na Agricultura, na semana passada.

Uma das pastas petistas que mais investiram é a Educação. Seu titular, Fernando Haddad, quer ser candidato à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012 e conta com programas para a criação e a expansão de escolas e universidades.

Entre as pastas petistas, apenas o Desenvolvimento Agrário teve queda expressiva do investimento.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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