sábado, 4 de agosto de 2018

PSB destitui diretório de Minas Gerais

Ex-prefeito de BH tenta resistir à decisão do partido de rifar sua candidatura ao governo

Jonathas Cotrim, Rafael Moraes Moura, Amanda Pupo | O Estado de S. Paulo.

BELO HORIZONTE, BRASÍLIA - A Executiva Nacional do PSB destituiu ontem o diretório estadual em MG. A decisão foi anunciada após o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda ter afirmado que manterá a candidatura ao governo mineiro.

A Executiva Nacional do PSB destituiu ontem o diretório do partido em Minas Gerais. A decisão foi anunciada após o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda ter afirmado que desafiará a direção nacional e manterá sua pré-candidatura ao governo do Estado pelo partido.

Um acordo em nível nacional entre PT e PSB fez com que os pessebistas retirassem a candidatura de Lacerda para apoiar a tentativa de reeleição do governador Fernando Pimentel (PT), enquanto em Pernambuco, Marília Arraes (PT) foi rifada para apoiar a candidatura de Paulo Câmara (PSB).

A decisão do partido de destituir o diretório mineiro foi tomada anteontem à noite. Ontem, Lacerda entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) para derrubar decisão da Executiva.

Ainda na noite de ontem, o juiz Nicolau Lupianhes, do TRE, acatou pedido do ex-prefeito e suspendeu “todo e qualquer efeito do ato de destituição da Comissão Provisória do PSB no Estado de Minas Gerais”. Cerca de uma hora depois, no entanto, o TSE, em decisão do ministro Napoleão Nunes, garantiu a realização da convenção estadual do partido, marcada para hoje. “Juiz incompetente para julgar a causa, vamos recorrer”, afirmou o presidente do PSB, Carlos Siqueira, antes da decisão do TSE.

‘Ilegalidade’. Para a defesa de Lacerda, a destituição da comissão provisória mineira sem a “prévia observância dos postulados constitucionais da ampla defesa e do contraditório” foi um ato de “clara ilegalidade”. Na avaliação do ex-prefeito, a destituição da comissão provisória do diretório estadual do PSB mineiro foi um “completo e inadmissível desrespeito das garantias constitucionais da ampla defesa e contraditório”.

Na petição protocolada no TSE, a defesa de Lacerda apresenta o ex-prefeito como “candidato natural ao cargo de governador de Minas Gerais, encontrando-se posicionado em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto realizadas por diversos institutos”.

A destituição presidente estadual em Minas, João Marcos Grossi Lobo, e sua diretoria foi tomada anteontem, em determinação de Siqueira. Ao Estado, Siqueira, disse ontem que a candidatura de Lacerda “era um faz de conta”.

O presidente do PSB afirmou que há três meses Lacerda avisou que não seria candidato a governador de Minas. “Ele disse que a situação de Minas é muito difícil, que existe um déficit fiscal enorme e que não seria candidato. Disse também que tinha razões familiares. (...) Na sequência veio essa discussão de ser vice do Ciro Gomes. Não sei de quem partiu isso, mas é provável que tenha sido dele próprio. Não foi do PSB.”

E completou: “Na última semana ele tomou gosto pela candidatura e resolveu que queria o apoio do MDB. Mas esse apoio traria grande prejuízo ao PSB. Fechamos o acordo com o PT e fomos cumprir o acordo. Essa crítica dele é injusta”. Sobre a destituição do diretório em Minas, Siqueira disse que não haverá recurso. “Se eventualmente essa convenção (do PSB-MG) ocorrer no sábado (hoje) aprovar a candidatura, nós vamos tirar. E não haverá recurso.”

Bancada. Renê Vilela foi nomeado ontem presidente interino do diretório pessebista em Minas. Segundo Vilela, a direção do partido anterior deixou de priorizar a eleição de uma bancada de deputados federais e estaduais – e vinha dando mais atenção à pré-candidatura de Lacerda.

“A forma como a pré-campanha vinha sendo tomada não estava respeitando as prioridades nacionais”, afirmou Vilela, que é próximo do deputado federal Júlio Delgado (PSB), considerado um opositor interno de Lacerda. Outro motivo apontado pelo novo presidente foi a possibilidade de uma coligação entre MDB e PSB. Anteontem, o ex-prefeito de BH confirmou que havia um entendimento entre os dois partidos.

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