quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Vera Magalhães: Asfixia financeira

- O Estado de S.Paulo

A indicação do delegado da Polícia Federal Luiz Pontel como número dois do Ministério da Justiça reforça a disposição de Sérgio Moro de fazer da asfixia financeira ao crime organizado a grande inovação de sua gestão.

Pontel fará uma dobradinha com a colega de PF Erika Marena, designada para o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), estrutura que terá papel central no desenho de Moro para sua multitentacular pasta.

Grande chave do sucesso da Lava Jato, que teve como laboratório menos bem-sucedido o caso Banestado, foi mapear o caminho do dinheiro que irrigou o petrolão e, por meio de cooperação internacional inédita tanto com Ministério Público e Justiça de outros países como com instituições financeiras, estancar os dutos e efetivamente recuperar os recursos.

É essa engrenagem que o trio quer replicar no Executivo, tendo a PF, o DRCI, a Receita Federal, o Coaf e o Ministério Público como uma grande força-tarefa. Os alvos são a estrutura de doleiros e offshores que resistiu à Lava Jato e, principalmente, a atuação em solo nacional e no exterior de grupos como o PCC.

É nesse esquema que entrará o general Guilherme Teophilo. O fato de Moro ter ido buscar um militar para a segurança sinaliza reforço do combate ao narcotráfico nas fronteiras e também a permanência da atuação das Forças Armadas na segurança urbana – se não por meio de intervenções como a do Rio, já criticada por Jair Bolsonaro, ao menos em ações de garantia da lei e da ordem, como realizadas em outros Estados.

NO TELHADO
Clima desfavorável para Lula no Supremo

O pedido de vista de Gilmar Mendes ao habeas corpus de Lula, que se seguiu a uma tentativa da própria defesa de retirar o assunto da Segunda Turma, mostra dificuldades para o ex-presidente no Supremo Tribunal Federal. Ministros avaliam que mesmo a disposição de julgar no início do ano o mérito das ações que tratam da prisão após condenação em segunda instância arrefeceu.

FLERTE
Tucanos cearenses no governo indicam aproximação com Tasso

Tasso Jereissati já vinha num processo de aproximação com pessoas-chave do bolsonarismo. Encontrou-se com a deputada eleita Joice Hasselmann e foi citado pelo futuro senador Flávio Bolsonaro quando, em entrevista à GloboNews, se colocou frontalmente contra a eleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado. A ida de dois ex-candidatos pelo PSDB do Ceará para o segundo escalão do governo foi lida no Senado e no partido como sinal de que governistas podem fechar com Tasso, caso ele se consolide como a mais forte opção a Renan.

VELHA-GUARDA
Renan conta com ajuda de Eunício para voto secreto

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