sábado, 23 de outubro de 2010

Aliado de Dilma tentou influenciar investigação

DEU EM O GLOBO

Valter Cardeal interferiu para impedir CGU de descobrir irregularidades em contratos da estatal

BRASÍLIA. Aliado da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal, tentou influenciar investigação da Controladoria Geral da União (CGU) sobre irregularidades em contratos públicos na estatal. As supostas irregularidades foram revistas pelo órgão de controle, que deixou de responsabilizar dirigentes da Eletrobras individualmente pelo caso, mas manteve sua posição em relação à empresa.

A CGU analisou mudanças autorizadas pelo diretor e pelo exministro das Minas e Energia Silas Rondeau (2005 a 2007), em contrato da Companhia Energética do Piauí (Cepisa) com a Eletrobras para execução do programa Luz para Todos, do governo federal. Os atos foram investigados pela Procuradoria da República, que denunciou ambos ao Superior Tribunal de Justiça por gestão fraudulenta e desvio de recursos do programa.

Reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, publicada ontem, diz que, em conversa grampeada pela PF com autorização da Justiça, Cardeal atuou contra a investigação da CGU. Nos diálogos, Rondeau e Cardeal comentam relatório de Édison Freitas, membro do Conselho Fiscal da estatal, sobre a auditoria da CGU que os responsabiliza de cometer impropriedades na gestão dos contratos. Freitas teria emitido notas técnicas cobrando providências.

Cardeal revela que interferiu junto a um assessor do ministro Edison Lobão, que sucedeu a Rondeau, sobre o assunto. Numa das gravações, diz que procurou uma pessoa identificada como Ramos para tratar do caso antes que fosse levado por Lobão ao ministro da CGU, Jorge Hage. Segundo a PF, a pessoa citada por ele é Antônio Carlos Ramos, assessor de Lobão.

O relatório inicial da CGU afirmava que os contratos não podiam ser aditados, pois a execução das obras era inferior ao estipulado por regulamento da estatal.

Ainda assim, a Eletrobras o fez. Em sua defesa, a empresa argumentou que eram necessários os aditamentos para garantir a conclusão de obras.

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