sábado, 23 de outubro de 2010

Quebra de sigilo: PF ouvirá jornalista de novo

DEU EM O GLOBO

Acusado de encomendar violação de dados fiscais de tucanos em 2009 deverá ser indiciado na segunda-feira

Roberto Maltchik e Sérgio Roxo

BRASÍLIA. Desde o último dia 14, a Polícia Federal reúne provas contra o jornalista Amaury Ribeiro Jr., mas até ontem ainda não o havia indiciado como responsável pela quebra de sigilo de tucanos e familiares do presidenciável José Serra (PSDB).

Amaury é a única pessoa diretamente envolvida no escândalo ainda não indiciada, mas até o advogado dele, Adriano Bretas, diz acreditar que isso vá ocorrer segunda-feira, quando Amaury prestará novo depoimento à PF, às 10h, em Brasília.

— Este pedido para ir a Brasília é um sintoma de que haverá indiciamento — afirmou.

Amaury será ouvido pelo delegado Hugo Uruguai. No último dia 19, a PF procurara Amaury na Rede Record, emissora para a qual trabalha desde agosto deste ano. No entanto, um representante da emissora informou que o jornalista estaria viajando. Nos dois dias seguintes, a PF continuou atrás do jornalista. premiado, que sempre fez trabalhos lícitos e tem lastro moral”.

O objetivo é evitar um eventual pedido de prisão do cliente.

Citado no depoimento de Amaury à PF, Valdemir Garreta, atualmente sócio da empresa FX Comunicação Global, disse que, apesar de ser amigo do deputado estadual Rui Falcão e ter prestado serviços para a campanha dele, não tem relação com o suposto furto de dados de pessoas ligadas ao candidato José Serra do computador de Amaury.

— Não tive nenhuma relação comercial na campanha ou na pré-campanha com a empresa Lanza ou com nenhuma das empresas listadas nesse episódio — disse Garreta.

Ele afirmou que nada tem a dizer sobre a violação do sigilo de tucanos e do suposto envolvimento de Amaury, por desconhecer o tema. Amaury se referiu a Garreta como sócio da empresa de comunicação Marka, mas Garreta disse não ter participação societária nela.

À PF, Amaury, que encomendou a quebra de sigilo fiscal de tucanos, afirmou que Rui Falcão, que é coordenador de comunicação da campanha de Dilma Rousseff, teria copiado de seu computador informações sigilosas e permitido que os dados fossem levados para dentro da campanha petista.

O dossiê, de acordo com o jornalista, seria utilizado por um grupo de inteligência que estaria em gestação na précampanha de Dilma. A equipe, liderada pelo jornalista Luiz Lanzetta, foi extinta após a revelação de sua existência, no começo de junho deste ano.

No depoimento, Amaur y contou que Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, disselhe que havia discutido com Garreta, porque Garreta exigia participar dos trabalhos de comunicação já desenvolvidos pela Lanza na pré-campanha de Dilma, querendo dividir os valores recebidos para a contratação de jornalistas que trabalhavam na campanha. Garreta negou que essa discussão tenha existido e disse que não conhece Amaury.

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