quarta-feira, 8 de março de 2017

PIB cai 7,2% em 2 anos: a maior crise da história

Economia encolheu 3,6% no ano passado, segundo IBGE; taxa de investimento é a pior em 20 anos e renda despencou

A economia brasileira vive a maior crise de sua história. O Produto Interno Bruto (PIB), divulgado ontem pelo IBGE, mostra que a economia encolheu 3,6% no ano passado e que, em dois anos, a queda chegou a 7,2%. É a maior recessão registrada desde 1948, quando o IBGE começou a fazer o cálculo. Com esse recuo, o desempenho brasileiro volta ao patamar do terceiro trimestre de 2010. 

Desde o segundo trimestre de 2014, início deste período de recessão, o PIB já recuou 9%. A taxa de investimento apresenta o pior resultado em 20 anos. Como a população cresceu, a geração de riqueza por pessoa caiu 11% no período. Na prática, o brasileiro ficou mais pobre. O “bolo” a ser dividido está menor e há mais bocas para alimentar. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a queda é “espelho retrovisor” e que 2017 pode ter um “crescimento robusto”

Tombo. Em dois anos, queda no PIB chegou a 7,2% e, se considerado o início da recessão, no segundo trimestre de 2014, recuo é de 9%; é a maior retração econômica já registrada pelo País pelo menos desde 1948, quando o IBGE começou a medir esses números

PIB brasileiro caiu 3,6% no ano passado e economia voltou aos níveis de 2010

Daniela Amorim, Fernanda Nunes e Vinicius Neder | O Estado de S. Paulo

A economia brasileira encolheu 3,6% no ano passado. Em dois anos, essa queda chegou a 7,2%, a maior recessão já enfrentada pelo País pelo menos desde 1948, quando o IBGE começou a calcular os números do Produto Interno Bruto (PIB). Com esse recuo, a economia encerrou 2016 no mesmo patamar do terceiro trimestre de 2010.

Desde o início desse período de recessão, no segundo trimestre de 2014, o PIB já encolheu 9%, nos cálculos da LCA Consultores. Como a população cresceu, o PIB per capita, ou seja, a geração de riqueza por pessoa, caiu 11% no período.

Na prática, o brasileiro ficou mais pobre, pois o “bolo” a ser dividido por todos está menor e, ao mesmo tempo, há mais bocas para alimentar. “Tem de colocar muita água no feijão”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O saldo desse período pode ser visto nas ruas: do fim de 2014 ao fim do ano passado, 2,613 milhões de trabalhadores perderam o emprego. Com o orçamento familiar apertado, a fila da busca por uma vaga praticamente dobrou, para 12,342 milhões de pessoas. O valor do total de salários em circulação encolheu em R$ 8,038 bilhões, reduzindo o poder de compra. No PIB, o consumo das famílias caiu 4,2% ano passado, após recuar 3,9% em 2015.

Sem consumidores, 210,6 mil lojas que possuíam funcionários com carteira assinada fecharam as portas, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Isso é mais do que o total de 121,6 mil estabelecimentos localizados em shopping centers, conforme a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). “Em três anos, o comércio teve uma queda de 20% nas vendas.

De cada R$ 100,00 que o comércio vendia em 2013, R$ 20,00 desapareceram”, afirmou Fabio Bentes, economista da CNC. O PIB de serviços teve baixa de 2,7% ano passado, mesmo ritmo de queda de 2015. O PIB industrial encolheu 3,8% ano passado, após cair 6,3% em 2015, mas a crise já vinha desde 2014, quando o recuo foi de 1,5%.

Um ano antes, em 2013, o Brasil produziu 3,7 milhões de veículos, segundo a Anfavea, entidade industrial do setor. Ano passado, a produção total foi 42% menor, com 2,2 milhões de unidades. “O Brasil nunca passou por uma experiência como essa”, disse o presidente da Anfavea, Antonio Megale. Se as projeções do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) para este e o próximo ano estiverem certas, a atividade econômica chegaria ao fim de 2018 ainda 4,9% abaixo do pico, no primeiro trimestre de 2014, nas contas do pesquisador Julio Mereb.

Uma volta ao nível máximo, só de 2021 em diante. “Vai ser outra década perdida”, disse o economista José Luís Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB).

Colaborou Eduardo Laguna

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