- Valor Econômico
RIO E SÃO PAULO - A queda de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2016, maior que a esperada pelos analistas, não muda a avaliação de que a economia deve voltar a crescer em 2017. No entanto, para que o país evite um terceiro ano consecutivo de queda do PIB, a recuperação no primeiro semestre terá que ser mais forte do que a prevista. A recessão do ano passado, de 3,6%, anunciada oficialmente ontem pelo IBGE, deixou uma herança estatística bastante negativa, de -1,1%. Isso significa que se a economia ficar com produção estabilizada neste ano em relação ao nível do quarto trimestre de 2016 haverá uma nova recessão, de 1,1%, em 2017.
Apesar do resultado ruim, não houve entre os analistas revisões significativas na previsões para o PIB deste ano. A expectativa dominante é que haverá recuperação lenta e gradual ao longo do ano, que pode começar já no primeiro trimestre, embora com uma alta muito modesta em relação ao trimestre anterior. Paulo Picchetti, pesquisador do Ibre-FGV, prevê crescimentos de 0,1% no primeiro semestre e de 0,4% no ano todo. Marcelo Carvalho, economista-chefe do BNP Paribas, trabalha com uma taxa positiva de 1% para o ano, estimativa que ele poderá revisar um pouco para baixo.
O ciclo de queda dos juros e a expectativa de safra recorde são dois dos principais fatores que levam os economistas a apostar na retomada, ainda que moderada, em 2017.
No acumulado de 2015 e 2016, a economia brasileira encolheu 7,2%, uma das maiores retrações do mun-do. No ano passado, só a Venezuela teve desempenho pior do que o brasileiro na América Latina. A Argentina também enfrentou recessão, de 2,2%.
Corrigido pela inflação, o PIB per capita brasileiro anual caiu 4,4% em 2016 e ficou em R$ 30.407, segundo o IBGE. Esse nível é inferior, também, ao de 2010, quando atingiu R$ 31.979, segundo cálculos do economista Cláudio Considera, do Ibre-FGV. Em 2015, o PIB per capita já havia caído 4,6%.
O PIB per capita brasileiro era de R$ 24.992 em 2001 e cresceu ininterruptamente até 2012, quando alcançou R$ 33.330 (deflacionado) e passou a cair a partir de 2013, acumulando em 2016 três anos consecutivos de retração. Esse indicador é uma medida de desenvolvimento do país. Mais que o dado geral do PIB, é um bom termômetro dos ní- veis de bem-estar e satisfação da população, afirma o professor do Insper, Otto Nogami.
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