A informação do IBGE, de que o país se manteve em grave recessão em 2016, pelo segundo ano consecutivo — sequência rara —, tem uma evidente dimensão econômica e, por inevitável, repercussão política, por estarmos a uma distância não muito grande do ano eleitoral de 2018.
Os 3,6% da recessão do ano passado se somam aos 3,8% da queda no exercício anterior, para subtrair 7,2% do PIB, algo sequer comparável à perda relativamente menor que teve a economia brasileira na Grande Depressão americana, com duros impactos no mundo, em 1929 e 30.
Há um fato estatístico que não se pode creditar à mera coincidência: com a recessão do ano passado, a produção da economia brasileira voltou aos níveis do segundo semestre de 2010, quando o país teve um crescimento de 7,5%, forjado por políticas “desenvolvimentistas” de aumento descuidado de gastos públicos, via indução a investimentos subsidiados pelo BNDES e práticas do tipo.
Entenda-se, portanto, que estes 7,2% de perda de produção, causa de um mastodôntico desemprego de quase 13 milhões de pessoas — que amargarão muito tempo até voltarem ao mercado formal de emprego —, são o preço que a sociedade paga pelo populismo adotado por Lula no segundo governo, sob inspiração da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. E, ao ser eleita presidente pelo ex-chefe, Dilma completou o serviço, em grande estilo. Tanto que sofreu impeachment por irresponsabilidades fiscais.
A adoção de medidas heterodoxas de aperto no acelerador das despesas sem qualquer preocupação fiscal gerou a euforia dos 7,5%, permitiu naquele ano a eleição da pupila e, mantida a dosagem de irresponsabilidades fiscais, ainda foi possível reeleger Dilma Rousseff. Mas já com a aplicação desbragada de técnicas de “contabilidade criativa”, ou seja, manipulação estatística, a fim de esconder o verdadeiro estado das contas públicas.
O gráfico ao lado resume a tragédia produzida pelo lulopetismo: PIB em queda, desemprego em alta e inflação de volta aos dois dígitos. Uma mistura tóxica para a renda, os salários e, claro, o emprego.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem razão em dizer que a recessão está no espelho retrovisor. Há sinais de que ela terá estancado neste primeiro trimestre. Mas esta cena vista por cima dos ombros é que deverá, em alguma medida, pautar a discussão político-eleitoral que tende a crescer daqui para frente.
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