segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Tucanos de SP lançam Alckmin à presidência da sigla

Por André Guilherme Vieira e Cristiane Agostine | Valor Econômico

SÃO PAULO - A convenção estadual do PSDB de São Paulo transformou-se ontem em uma campanha pela eleição do governador paulista, Geraldo Alckmin, à presidência nacional do partido. Alckmin foi defendido por dirigentes tucanos como uma solução para "pacificar" a legenda. Questionado sobre a possibilidade de comandar a sigla e garantir sua candidatura à Presidência em 2018, Alckmin não descartou essa possibilidade.

A divisão em torno das candidaturas do senador Tasso Jereissati (CE), e do governador de Goiás, Marconi Perillo, à presidência do PSDB agravou uma das piores crises enfrentadas pela sigla desde a fundação, há quase 30 anos, a reboque do escândalo de corrupção em que seu presidente, senador Aécio Neves (MG), se envolveu, com o suposto recebimento de propina de R$ 2 milhões da JBS - fato que o parlamentar nega.

Ontem, Alckmin não descartou que pode assumir a presidência do PSDB. "Temos dois pré-candidatos, vamos aguardar. Essa é uma decisão coletiva do Brasil inteiro", afirmou, durante a convenção estadual tucana que reconduziu o deputado Pedro Tobias ao comando do diretório. A escolha do futuro presidente do PSDB será em menos de um mês, em 9 de dezembro.

O prefeito de São Paulo, João Doria, que há cerca de um mês travava disputa interna para angariar apoio e ser o presidenciável tucano, também declarou que Alckmin poder ser uma boa opção para pacificar o PSDB. "Pode ser. A melhor pacificação é o diálogo, é o entendimento. Se para isso for necessário que o governador Geraldo Alckmin assuma essa função, desde que ele deseje, é bom para o PSDB", disse. O prefeito, no entanto, ressalvou que mantém o apoio à candidatura de Perillo.

O nome de Alckmin para a presidência do PSDB é defendido por deputados paulistas, principalmente por Pedro Tobias, que fez crítica contundente a Aécio, afirmando que o senador "não está ajudando em nada". "[Aécio] Deveria colocar o pijama e voltar para a casa dele", disparou Tobias, para quem a entrada do PSDB no governo Michel Temer "foi errada e vai sair tarde demais".

"O PSDB está morrendo. Se não tomarmos uma decisão, como em 1988, vamos morrer, vamos para o caixão, se sobrar caixão", afirmou Tobias, aludindo à debandada de políticos filiados ao PMDB que levou à fundação da sigla tucana.

Ao coro de críticas a Aécio somou-se a voz do filho do ex-governador Mario Covas e um dos fundadores do partido, o vereador Mario Covas Neto. Ex-presidente municipal da agremiação, Covas Neto disse que Aécio se comporta como se fosse o "dono do PSDB", e disse que poderá deixar o partido. "Não dá para ter alguém que é presidente nacional do partido e que não percebe quanto mal ele faz. Aécio disse que 'nós' entramos no governo pela porta da frente e que 'nós' vamos sair pela porta da frente. Eu não faço parte do nós dele", afirmou. "E não vejo reação no partido suficiente contra a condução de alguém que se acha dono do PSDB. Não quero estar no mesmo partido em que o dono é um sujeito desqualificado como ele".

Segundo o tucano, o partido não deveria participar do governo Temer. O vereador avaliou que o PSDB se afastou de seus valores, como o de estar longe das benesses do poder e próximo do povo, como diz uma das bandeiras do partido. Covas Neto disse que vai esperar a convenção nacional para decidir se deixa o PSDB ou se permanece no partido.

Presidente em exercício do PSDB, o ex-governador Alberto Goldman, aliado do senador José Serra, reconheceu que o partido cometeu erros e pregou a unidade.

"O mais importante talvez que eu tenha como tarefa agora, é produzir um diretório nacional unificado, não vamos permitir que esse partido se divida em chapas (...) senão dividimos o partido ao meio no Brasil inteiro. E aí sim, acabou o partido", alertou.

Tentando amenizar o racha no partido, lideranças antagônicas chegaram à convenção na mesma van: Alckmin, o ex-ministro de Temer e senador José Serra, Doria, o presidente do Instituto Teotônio Vilela José Aníbal e o secretário estadual João Carlos Meirelles.

Serra tirou fotos com correligionários - uma mulher o chamou de 'Geraldo' - e evitou a imprensa a todo custo. "Não vou falar com você", disse, diante da insistência da reportagem em ouvi-lo.

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