sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Dilma defende Graça e direito de pressionar TCU

Escândalos na Petrobras

• Presidente diz que doação de bens já está explicada e acusa oposição de usar estatal como arma eleitoral

Eduardo Bresciani – O Globo

FLORESTA (PE) - A presidente Dilma Rousseff fez ontem uma veemente defesa da presidente da Petrobras, Graça Foster, um dia após o site do GLOBO revelar que Graça e Nestor Cerveró, ex-diretor da estatal, doaram imóveis aos filhos durante a investigação da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Dilma disse que o repasse de bens aos parentes já foi explicado, referindo-se à nota oficial da Petrobras em que Graça diz que tomou a iniciativa de transferir os apartamentos em junho de 2013, antes do escândalo.

Dilma disse ainda que considera uma defesa "do interesse da União" a pressão feita por ministros do governo junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para evitar que Graça Foster tenha seus bens bloqueados. A petista afirmou também que os casos registrados durante a administração tucana na estatal não foram investigados "com o mesmo denodo".

O site do GLOBO revelou anteontem que Graça Foster e Cerveró repassaram a propriedade de imóveis a parentes quando o assunto já estava sob investigação no TCU. No caso de Graça, o repasse de dois imóveis aconteceu em 20 de março, um dia depois de Dilma ter afirmado que aprovou a compra de Pasadena por ter se baseado em "parecer falho" elaborado por Cerveró.

Na nota de anteontem, Graça nega que tenha tentado burlar o processo no TCU. Mas em junho de 2013, quando diz que começou o processo de doação, o caso já era investigado pelo tribunal.

- A presidente Graça Foster respondeu perfeitamente sobre a questão dos seus bens numa nota oficial. Eu repudio completamente a tentativa de fazer com que a Graça Foster se torne uma pessoa que não possa exercer a presidência da Petrobras. Sabe por quê? Porque, se fizerem isso, é pelos méritos dela - disse Dilma, após visitar as obras da transposição do Rio São Francisco, no semiárido de Pernambuco.

Comparação com governo Fernando Henrique
Dilma listou números para destacar o aumento da produção de petróleo na gestão de Graça. Ela ainda levantou dois casos envolvendo a Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso: o afundamento da plataforma P-36 e a troca de ativos com a Repsol. A presidente acusou a oposição de usar a Petrobras como arma eleitoral.

- Eu lamento profundamente a tentativa a cada eleição de se fazer, primeiro, uma CPI da Petrobras, segundo, de se criar esse tipo de problema. Eu me pergunto por que ninguém investigou com esse denodo o afundamento da maior plataforma de petróleo? Por que, apesar de estar em ação popular, ninguém investiga a troca de ativos feitos com a Repsol? - disse ela: - Acho extremamente equivocado colocar a maior empresa de petróleo da América Latina e a maior empresa do Brasil, sempre durante a eleição, como arma política - complementou.

Questionada sobre a atuação dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luís Inácio Adams (Advocacia Geral da União) ao pressionar o TCU para evitar o bloqueio de bens de Graça, Dilma defendeu a atitude dos auxiliares:

- A Petrobras é controlada pela União, a diretoria representa a União. É de todo o interesse da União defender a Petrobras, a diretoria. Nada tem de estranho esse fato. Pelo contrário, é dever do ministro da Justiça, de qualquer ministro do governo, defender a Petrobras.

Em Brasília, o vice-presidente, Michel Temer, disse que não há ilegalidade no fato de Graça Foster e Cerveró terem doado imóveis durante as investigações do TCU.

- Sob o foco jurídico é a coisa mais natural que acontece, doações com usufruto. Pelo que vi nos jornais, a doação foi feita bem antes da primeira decisão do Tribunal de Contas, lá pelos idos de março. Não vou entrar no mérito, evidentemente, mas não há ilegalidade nenhuma. A coisa mais comum na área jurídica é fazer doações. Agora, a razão que levou a doar é subjetiva - disse Temer

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