sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Coordenador do PSB deixa campanha e critica Marina

• Ex-prefeita de SP, a deputada Luiza Erundina assumirá comando da equipe

• Carlos Siqueira, que perdeu o cargo, disse que a candidata não representa Eduardo Campos "nem de longe"

Ranier Bragon Natuza Nery e Marina Dias – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Um dia depois de ser anunciada como candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva recebeu nesta quinta (21) o apoio de quatro das outras cinco siglas da coligação, mas viu surgir a primeira crise pública de sua campanha.

Conforme a Folha antecipou, o coordenador-geral da campanha, Carlos Siqueira, abandonou a função dizendo que "nem de longe" Marina representa o projeto construído por Eduardo Campos.

"Ela não representa o legado dele, está muito longe de representar. (...) Ela que vá mandar na Rede dela, porque no PSB mandamos nós", afirmou Siqueira, antigo auxiliar do ex-governador Miguel Arraes que hoje controla grande parte da máquina partidária.

Ele nunca foi próximo de Marina, que se filiou ao PSB em outubro após não conseguir colocar de pé seu partido.

O rompimento entre ela e Siqueira se deu na quarta-feira (20), quando Marina, já consolidada como a substituta de Campos, indicou pessoas de sua confiança para postos-chave da campanha.

Siqueira considerou isso uma "grosseria" e se dirigiu a Marina aos gritos. "Eu disse que não aceitaria aquilo e afirmei: A senhora está cortada das minhas relações pessoais"", contou Siqueira.

A candidata afirmou apenas ter havido um "equívoco" e uma "incompreensão".

À noite, o PSB informou que a ex-prefeita de São Paulo e atual deputada Luiza Erundina assumirá a coordenação-geral da campanha.

Erundina sempre teve pouco poder dentro do PSB, partido para o qual migrou após abandonar o PT. Mas é muito ligada a Marina, tendo sido convidada por ela para participar de seu ato de filiação ao PSB em outubro de 2013.

A candidata também emplacou o ex-deputado Walter Feldman, um de seus principais aliados na criação da Rede, como coordenador-geral-adjunto da campanha.

Bazileu Margarido, que foi chefe de gabinete de Marina no Ministério do Meio Ambiente, será o novo tesoureiro. O deputado Márcio França --vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo-- também deverá integrar a equipe de arrecadação.

Outra baixa do PSB na campanha deverá ser a de Milton Coelho, que participava da área de mobilização. Ele disse a integrantes da sigla que seu compromisso era com Campos e que não vê razão para permanecer.

O presidente do PSB, Roberto Amaral, negou ruído com o grupo de Marina. Mas deu a entender que irá substituir todos os integrantes do partido que atuavam no comando da campanha.

Em reunião nesta quinta, PPS, PRP, PPL e PHS aprovaram a substituição de Campos por Marina, tendo o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) como vice. Das seis legendas que apoiavam Campos, só o PSL (Partido Social Liberal) não deve dar aval à nova chapa, apesar de continuar na coligação.

Apesar da crise, Marina disse na reunião desta quinta, segundo relatos, ter a convicção de que possui chances reais de vitória --em 2010, ela ficou em terceiro lugar, com quase 20% dos votos válidos.

A turma de Marina
WALTER FELDMAN
O ex-deputado tucano é um dos principais aliados de Marina na criação da Rede. Será seu homem de confiança na coordenação-geral da campanha à Presidência
BAZILEU MARGARIDO
Foi chefe de gabinete de Marina quando ela era ministra do Meio Ambiente, durante o governo Lula. Agora, será o tesoureiro-chefe da campanha do PSB
NECA SETUBAL
Herdeira do banco Itaú, foi co-responsável pelo programa de governo de Marina. É uma de suas interlocutoras com o mundo empresarial
LUIZA ERUNDINA
Está no PSB desde que deixou o PT, mas sempre teve poder limitado na sigla. Muito ligada a Marina, a deputada coordenará a campanha com Walter Feldman

Os dirigentes do PSB
BETO ALBUQUERQUE
Deputado federal pelo RS, é filiado histórico do PSB e tem a confiança do partido. Foi indicado pela legenda para a vaga de vice na chapa de Marina
ROBERTO AMARAL
Presidente do PSB, foi um dos que trabalharam para que o partido apoiasse a reeleição de Dilma Rousseff (PT). Agora, demonstra engajamento na candidatura de Marina
MÁRCIO FRANÇA
Tesoureiro do PSB e candidato a vice na chapa à reeleição do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Sua aproximação com os tucanos foi criticada pela Rede
CARLOS SIQUEIRA
Primeiro-secretário do PSB, tinha a confiança de Eduardo Campos. Acusa Marina de mexer na coordenação de campanha sem discutir com o partido

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