• Considerado um nome da 'ala tucana' do partido de Campos, França afirma que Marina precisa pensar em apoios no 2º turno
Caio Junqueira - O Estado de S. Paulo
Candidato a vice-governador na chapa com Geraldo Alckmin (PSDB), o presidente do diretório paulista do PSB e tesoureiro da legenda, Márcio França, é um dos integrantes do partido mais ligados aos tucanos. Nessa entrevista ao Estado, ele defende a imediata aproximação de Marina Silva com os tucanos com vista à disputa do segundo turno que, segundo ele, será entre ela e a presidente Dilma Rousseff.
França, um dos nomes que resistia à indicação de da ex-ministra do Meio Ambiente como substituta de Eduardo Campos, declara também que Marina precisa emitir mensagens à sociedade, como a que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva fez em 2002, com a Carta ao Povo Brasileiro.
A relação entre Marina e PSB será de crises permanentes?
O problema é que é uma relação que estava prevista para ter um gênio como o Eduardo intermediando. Sem esse gênio, falta uma peça fundamental para que ela caminhe com tranquilidade. Mas é preciso reconhecer que temos crédito com ela. Quando você é vice nas condições em que Marina estava, ela estava com muito crédito porque emprestamos a legenda para o partido dela. Agora nós temos crédito. Pegamos nosso partido e demos a um candidato. Você acha se a Dilma não fosse candidata o (Michel) Temer seria no lugar dela? Ou se o Alckmin sair eu seria o candidato?
Qual sua avaliação desta primeira crise?
Vamos resolvê-la. Marina é coerente e é bom lidar com quem é coerente e sincero nas posições. Admiro isso em Marina, mesmo que divirja dela.
O que Marina precisa fazer para vencer a eleição?
Precisa fazer inflexões. Temos a expectativa de que ela possa incorporar um pouco do Eduardo. O forte do Eduardo era esse poder de convivência. E, nitidamente, o Eduardo incorporou a Marina ao falar da nova política. Agora, ela terá que incorporar Eduardo e mandar mensagens como o Lula fez em 2002 para vencer. (Lula fez a Carta ao Povo Brasileiro com sinais de que não mexeria nos fundamentos econômicos
Que tipo de mensagem?
Uma mensagem para a sociedade. Fazer sinais de governabilidade, segurança, mostrar que não é radical, que cede.
Como fazer isso?
Esses sinais devem ser feitos em cima de pessoas que tem algum lastro político. Não dá para fazer isso em cima de políticos questionáveis eticamente. O Alckmin é um bom canal para fazer isso. A imagem que ele tem é de um político pobro, honesto, simples. Então por que não se vincular a ele? É preciso um gesto na direção do PSDB e a esse eleitorado pois o eleitor que é, por exemplo, do DEM, detesta o PT e pode ser útil.
Isso já para o segundo turno?
Sim. Acho pouco provável ir Aécio e Marina para o segundo turno. O provável é que ela esteja no segundo turno contra a Dilma. Se Geraldo for, vai ser contra Padilha ou Skaf, que apoiam Dilma. E ela vai dizer o que? Pode ficar neutra. Aí o Geraldo pode ficar neutro também.
Também deve buscar o apoio do Aécio para o segundo turno?
Claro.
O sr. acha que Marina aceitaria esse apoio? O apoio do Aécio no segundo turno?
Fácil. Ela quer derrotar Dilma.
Esses gestos a beneficiam?
São gestos para a classe política que no fim das contas são para ela própria. Você pega uma cidade como Campinas, governada pelo PSB, com cerca de 800 mil de eleitores. O prefeito lá só pode ajudar a campanha dela. Nesses locais e principalmente nos pequenos municípios é onde ela precisa mais da política. Precisa fazer com que os políticos sintam que estão participando do processo. Se ela nega a política, eles vão falar: ‘ela que se vire’.
Acha que após as eleições, a Rede deixa o PSB?
Eles e nós falamos que haverá essa separação. Mas, se vencermos, acredito que ela vá recuar e a Rede fica dentro do PSB. A lei mudou e não há benefício algum em criar um partido. Não arrasta mais tempo de TV nem fundo partidário.
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