- Folha de S. Paulo
Surpresa não foi, mas a crise da candidatura de Marina Silva começou bem antes e foi bem mais ostensiva do que se pensava.
Secretário-geral do PSB e ex-coordenador da campanha de Eduardo Campos, Carlos Siqueira saiu chutando a porta e desdenhando Marina como "hospedeira". Errou o termo, mas todo mundo entendeu.
A reação de Marina foi com a magnanimidade dos puros de alma e a esperteza dos bons de voto, que miram o eleitor, não o entorno: "Foi só um mal-entendido", disse, humilde.
A coisa não está boa, como estava na cara que não iria ficar. Se o PT e o PSDB estão estrebuchando depois da morte de Eduardo Campos, imagine-se como não estão o PSB e a Rede, amarrados dentro da mesma caixa, agora de cabeça para baixo.
Mas, vá lá, campanhas são assim mesmo: todo mundo briga por tudo. É "brigalhada" para estabelecer hierarquias, dividir o dinheiro, acertar as alianças, ajustar o discurso...
Quando Marina se tornar "viral" (termo introduzido na internet para temas que disparam), grandes divergências tendem a virar só probleminhas. Quero ver quantos vão sair dando canelada diante da chance real de subir a rampa do Planalto.
Marina é uma sensação e tem ligação direta com o eleitorado, independentemente do número de partidos que a apoiam ou do tempo de propaganda que tenha na TV. Não é como Aécio, tentando convencer que é estadista. Nem como Dilma, que precisa de Lula para pedir desculpas por um governo que é ruim, mas vai ficar "melhor".
O problema que a campanha de Marina projeta, de falta de partidos, de sintonia, de setores consistentes, é depois, se ela bater Aécio e Dilma e virar presidente do Brasil. O primeiro momento vai ser de festa. O segundo, de perplexidade. O terceiro, de confusão e incertezas. Ganhar eleições tem lá seus truques. Governar é muito mais complicado.
PS - Nova disputa entre PT e PSDB: quem vai bater primeiro em Marina?
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