quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Executiva do PMDB quebra tradição para apoiar Cunha

• Foi a primeira manifestaçãoem momentos de eleição no Congresso empelo menos 15 anos. Nota de apoio, porém, não cita o nome do deputado fluminense que disputa o cargo como petista Arlindo Chinaglia

Edla Lula – Brasil Econômico

Em ato inusitado, a Executiva Nacional do PMDB divulgou ontem nota oficial em apoio ao candidato da bancada do partido na Câmara, Eduardo Cunha, à Presidência da Casa, e também ao candidato ainda a ser lançado pelos senadores peemedebistas. Após reunião da Executiva, o presidente da legenda e vice-presidente da República, Michel Temer, falou rapidamente e de maneira protocolar com a imprensa, praticamente repetindo a nota escrita. Embora abancada já tenha definido Cunha como candidato, a Executiva optou por não nominá-lo na nota de apoio.

O texto menciona apenas que "a Comissão Executiva Nacional do PMDB decidiu, por unanimidade apoiar o nome já escolhido, de forma amplamente democrática, pela bancada da Câmara dos Deputados para disputar a presidência da Casa". Há pelo menos 15 anos a Executiva não se manifestava em momentos de eleição no Congresso. Como gesto de Temer, o partido pretende dar uma demonstração clara de que a disputa na Câmara não deve sofrer ingerência do governo.

"É evidente que o PMDB espera e aguarda que o governo, enquanto instituição, não se envolva na disputa da Presidência da Câmara contra um candidato que é do partido que também lhe dá sustentação no Congresso", declarou o candidato derrotado ao governo da Bahia, Geddel Vieira Lima, presidente da legenda no estado. Geddel, ex-ministro do governo Lula e que apoiou o candidato Aécio Neves nas eleições do ano passado, disse também esperar que o governo não se deixe levar pela pressão petista, que também já indicou o deputado Arlindo Chinaglia para concorrer ao cargo.

"O PT não tem o direito de cobrar de um governo de coalizão que prefira este ou aquele (candidato), ou que apoie este ou aquele", desafiou. A reunião pretendeu ainda passar a mensagem de união e força do partido. Parlamentares se queixam do que chamam de assédio dos ministros das Cidades, Gilberto Kasssab, e da Educação, Cid Gomes, a membros da bancada. Segundo integrantes da Executiva, os dois ministros tentam "desidratar" o PMDB no Congresso, ao convidar deputados a deixarem a legenda e integrarem partidos que estão sendo criados.

"A nomeação de Cid Gomes e de Kassab teve o único objetivo de cooptar parlamentares na Câmara e enfraquecer o PMDB", acusa o deputado Darcísio Perone (RS), integrante da Executiva. Um interlocutor do Planalto disse ao Brasil Econômico que a presidenta viu "com tranquilidade" a moção de apoio da Executiva a Cunha. Diante de boatos de que ministros petistas estariam pedindo votos em reuniões individuais com parlamentares, a presidenta Dilma Rousseff tem enviado recados para garantir que o Executivo não interferirá na disputa do Legislativo.

O ministro-chefe da Secretaria das Relações Institucionais, Pepe Vargas,manteve ontem o discurso da entrevista que deu na semana passada, na qual assegurou que não haverá ingerência. "A eleição da mesa diretora é um assunto interno da Câmara, na qual o governo não interfere por respeitar a independência e harmonia entre os poderes", afirmou Vargas na ocasião. Na última terça-feira, foi o ministro da Secretaria-Geral, Miguel Rossetto, quem declarou que a eleição das duas casas legislativas "é uma pauta do Congresso, das bancadas e dos partidos".

Cunha e Chinaglia realizam campanha com requinte de candidaturas majoritárias para governos. Os dois estão percorrendo o país em encontros com deputados federais de diferentes bandeiras. Ontem, em momentos diferentes, ambos estiveram em Aracaju. Após o encontro com parlamentares, Cunha afirmou que as informações de que teria sido citado na Operação Lava Jato teriam sido "alopragem" de seu adversário. Chinaglia, por sua vez, acusou o candidato peemedebista de baixar o nível" da campanha.

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