• Advogado de Cerveró diz que tentar transferir bens não é crime, e lembra que presidente da estatal fez o mesmo
- O Globo
Escândalos na Petrobras
RIO e SÃO PAULO - O advogado Edson Ribeiro, que representa o ex-diretor Nestor Cerveró, chamou ontem de "risível, arbitrária e ilegal" a decisão da Justiça de decretar a prisão preventiva de seu cliente. Para Ribeiro, a justificativa da transferência de imóveis não tem amparo legal, pois não havia, na época, restrição judicial para que os bens fossem transferidos a parentes. E se tivesse, diz ele, a presidente da Petrobras, Graça Foster deveria estar presa também pois fez o mesmo.
- Se fosse crime transferir bens antes de qualquer denúncia, então, por que não mandaram prender Graça Foster, a presidente da Petrobras, que também transferiu imóveis para familiares? - questionou o advogado:
- Recuso-me a acreditar que um juiz tenha considerado isso crime. Não existem elementos para essa prisão. Doutor Sérgio Moro (juiz titular da Lava-Jato, de férias) jamais faria isso. Foi um juiz de plantão.
Assim como Cerveró, Graça Foster doou dois imóveis a parentes após estourar o escândalo sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, como mostrou O GLOBO em 20 de agosto do ano passado. Graça, no entanto, não é investigada no escândalo da Petrobras.
Sobre a acusação de movimentação financeira suspeita que pesou na ordem de prisão, Ribeiro admitiu que Cerveró tentou, de fato, transferir quase R$ 500 mil de uma conta de fundo de previdência para sua filha. Ela sofre de uma doença, e o dinheiro poderia ser necessário para alguma emergência enquanto estivesse fora do país. Mas não houve saque no fundo de previdência.
Ribeiro explicou que Cerveró precisou fazer movimentações financeiras porque está desempregado desde março passado, recebendo por mês R$ 10 mil de aposentadoria, e que as transações imobiliárias foram antecipação de herança, legais e fruto do trabalho de seu cliente.
- Não passam de ilações do Ministério Público que levaram o juiz de plantão a erro - disse.
Ribeiro comunicou à PF que seu cliente vai exercer o direito de ficar em silêncio até que sejam conhecidas as denúncias contra ele. O advogado disse que informou à PF e ao Ministério Público Federal que Cerveró viajaria para a Inglaterra.
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