• Objetivo é neutralizar ação do governo nas eleições à presidência de Câmara e Senado
Júnia Gama – O Globo
BRASÍLIA - A Executiva do PMDB formalizou ontem o apoio aos candidatos do partido às presidências da Câmara e do Senado na eleição do dia 1º de fevereiro. Em nota publicada logo após a reunião, o partido disse que a decisão foi unânime, mas omitiu os nomes dos candidatos, o deputado Eduardo Cunha (RJ) e o senador Renan Calheiros (AL).
O ato teve o objetivo de demonstrar a força do PMDB no Congresso, devido à percepção de que o governo poderia interferir na disputa na Câmara para favorecer o principal adversário de Cunha, o deputado petista Arlindo Chinaglia (SP). O vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, destacou que o partido precisa manter a hegemonia no Congresso.
Houve também comentários de que o PMDB deve permanecer "vigilante" em relação às movimentações do Palácio do Planalto para fortalecer um bloco de apoio comandado pelos ministros Gilberto Kassab (Cidades) e Cid Gomes (Educação) que possa se sobrepor ao principal aliado no Congresso.
- Falamos na reunião da dobradinha Kassab e Cid. É óbvio que o governo está armando com eles. Só que o tiro vai sair pela culatra, o PMDB é grande - afirmou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).
Temer destacou que o gesto ocorreu para revelar "a unidade do PMDB" na disputa. Sobre o risco de o partido apoiar políticos que podem estar entre os denunciados na Operação Lava-Jato - já que tanto Renan quanto Cunha chegaram a ser citados como possíveis beneficiários do esquema de desvios na Petrobras -, Temer disse que caberia a cada um dar explicações se isso ocorrer.
- Isso será fruto da disputa, se houver qualquer problema, cada um se explicará como vem se explicando - disse.
Nem Renan, nem Cunha compareceram ao evento. Na terça-feira, Cunha se reuniu com alguns dos deputados do partido para tentar incluir seu nome na nota da Executiva. Esses parlamentares tentaram ontem fazer a citação no texto, mas a maioria decidiu não nominar os candidatos, já que Renan ainda não formalizou a candidatura.
Houve desconforto pela tentativa de inclusão dos nomes, já que, segundo interlocutores de Temer, os caciques do partido acertaram que nenhum dos nomes estaria na nota. Renan pediu que seu nome não fosse citado pois ainda estava fazendo acertos no Senado antes de se lançar oficialmente. O objetivo real, no entanto, é evitar exposição até o último momento.
Foi ponderado que, se apenas o nome de Cunha estivesse na nota, poderia haver especulações de que Renan não estava sendo nominado devido a alguma implicação na Lava-Jato. Temer ponderou que colocar apenas um dos candidatos criaria uma divisão com o Senado e que havia custado muito ao partido unificar as duas bancadas, postura necessária no momento de confronto com o governo.
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