• Senador Aécio Neves relembra medidas adotadas pelo avô para prevenir reações da linha dura à sua eleição para a Presidência
Roldão Arruda – O Estado de S. Paulo
Comemora-se nesta quinta-feira, 15, o aniversário de 30 anos da eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República. Para alguns historiadores trata-se do principal marco da retomada do poder pelos civis, após 21 anos nas mãos dos militares. Ao relembrar o episódio histórico, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) destaca que o principal receio de avô era uma possível reação dos generais da linha dura ao processo de redemocratização.
Aécio tinha 24 anos e atuava como secretário particular de Tancredo quando ele foi escolhido no Colégio Eleitoral. De acordo com suas informações, foi o temor do retrocesso que levou Tancredo a percorrer o País, realizando comícios. Queria o apoio popular, embora a eleição fosse indireta. Outra medida preventiva, segundo o senador, foi o anúncio dos nomes que comporiam o seu ministério, na véspera da posse.
“Ele fez um esforço enorme para impedir qualquer manobra radical de retrocesso”, diz Aécio. “Nessa linha de cuidados adotados por ele, existem dois eventos importantes que merecem ser destacados. O primeiro foi que, na véspera da posse, no dia 14, logo depois da missa na Catedral de Dom Bosco, em Brasília, quando já sentia dores. Ele fez questão de assinar um por um os atos de nomeação dos ministros. Achava que, com essas nomeações, no dia seguinte seria encerrado o ciclo militar.”
A decisão teria ajudado na solução para o impasse que surgiu logo mais à noite, quando Tancredo foi internado no Hospital de Base de Brasília. “Na situação confusa que sobreveio, o então ministro do Exército, Walter Pires, disse que ia aguardar o desfecho da operação do Tancredo. Foi quando ele recebeu o comunicado do Leitão de Abreu (ministro chefe da Casa Civil) de que não era mais o ministro. Já havia sido substituído pelo general Leônidas Gonçalves. Isso passa ainda um pouco desapercebido, mas foi um momento importante daquela transição.”
A viagem internacional que Tancredo realizou logo após a eleição em janeiro, visitando vários países, foi outra medida preventiva. “Ele viaja em busca do reconhecimento, pelas democracias mais avançadas e sólidas do mundo, da consolidação do processo de redemocratização do Brasil. Havia sempre a preocupação em não deixar espaços para qualquer tipo de retrocesso.”
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