Daniela Lima – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Integrantes do PSDB e do próprio PSB passaram a questionar internamente a vantagem de manter o apoio à candidatura do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) à Presidência da Câmara. Hoje ele representa uma terceira via, contra o favorito, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o petista Arlindo Chinaglia (SP).
O argumento do grupo que prega a dissidência é que derrotar o candidato do PT é mais importante do que "marcar posição" bancando um nome da oposição com pouca chance de vitória.
O PSDB marcou reunião para o próximo dia 31 para discutir o assunto dentro de sua bancada. A determinação de manter uma candidatura de oposição é do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do partido.
"Eu vou defender que a posição correta do PSDB é manter o apoio à candidatura de Júlio. É ele quem representa a oposição e o que foi pregado pelo Aécio na campanha", disse Jutahy Júnior (BA).
No PSB, alguns acreditam que, ao se manter na disputa, Delgado expõe a oposição ao risco de um desempenho fraco e força um segundo turno em que há risco de Chinaglia virar o jogo. Hoje, Cunha lidera a bolsa de apostas.
Nas duas siglas os dissidentes são minoria, mas dizem poder diminuir muito o desempenho que o candidato do PSB espera ter.
Delgado diz que conhece os dissidentes e sua origem, mas ressalta que também há descontentes nas fileiras dos nomes do PMDB e do PT. "Falei com os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Beto Richa (PR). Aécio está comigo. Sei que posso prosperar. Quem acha que dissidência me assusta não me conhece."
Os que pregam o boicote a Delgado dizem que mantê-lo no páreo é dar a chance para Chinaglia vencer Cunha no segundo turno.
O petista tem se movimentado para atrair setores da oposição com um discurso "ético", para colher votos nas fileiras do PSDB e do PSB num eventual segundo turno. Ele esteve com o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e com o senador eleito José Serra (PSDB-SP).
A eles, Chinaglia disse que sua candidatura não seria sinônimo de submissão ao governo Dilma Rousseff e que seu nome não "envergonharia o parlamento".
Cunha, por sua vez, é desafeto da presidente. Sua vitória é vista por setores da oposição como sinônimo de derrota de Dilma.
No entanto, desperta temor em nomes que não querem "ser responsabilizados" por sua eleição.
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