- Folha de S. Paulo
A volta de Fernando Collor ao noticiário de escândalos mostra que o país evoluiu menos que o desejável desde 1992, quando ele foi enxotado do Planalto. Mesmo assim, a pressão pelo respeito ao dinheiro público deve continuar.
O ex-caçador de marajás retornou à cena política há oito anos, eleito senador pelo PRTB de Levy Fidelix. Antes de tomar posse, migrou para o PTB de Roberto Jefferson e, para surpresa dos brasileiros com memória, aproximou-se de Lula e do PT.
A nova relação de simpatia, quase amor, foi recompensada com cargos no governo federal. Conhecedor da máquina, Collor decidiu cobrar seu quinhão numa subsidiária da Petrobras. Indicou dois diretores da BR Distribuidora, por onde passa a receita dos postos da estatal.
A nomeação de um deles, José Zonis, foi citada em debate na campanha de 2010. Dilma Rousseff fingiu que não ouviu. No dia seguinte, o então ministro Edison Lobão foi questionado sobre o tema. Respondeu o seguinte: "Não vejo problema no fato de ele ter sido indicado pelo Collor, se é um bom nome".
A Petrobras está na mira de Collor desde 1990. No primeiro ano de seu governo, o advogado Luís Octávio da Motta Veiga deixou o comando da estatal por não aguentar o assédio de Paulo César Farias, o ex-tesoureiro que pagava as contas do presidente. O executivo relatou pressões para interferir em concorrências e ajudar empreiteiras amigas. O enredo é idêntico ao da Operação Lava Jato, com a diferença que os diretores acusados de desvios agora estão indo para a cadeia.
Lula e Dilma conheciam a ficha do senador quando deixaram que ele voltasse a apitar na Petrobras.
A Polícia Federal já identificou oito depósitos do doleiro Alberto Youssef em uma das contas dele. O valor total, de R$ 50 mil, parece módico diante das cifras milionárias do escândalo. Pode ser só o fio do novelo. Há 23 anos, Collor começou a cair por causa de um Fiat Elba.
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