Bolsonaro e Haddad precisam explicar suas propostas de mudanças para a economia
Os dois candidatos à Presidência da República deveriam, com urgência, explicar suas principais propostas para mudanças na economia. Entre eleitores, e também agentes econômicos, é perceptível a falta de informação adequada sobre o que Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) planejam e como, efetivamente, pretendem mudar o rumo da vida econômica de 208 milhões de brasileiros.
Bolsonaro e Haddad devem saber que a prioridade zero é a reforma da Previdência. Sem ela, o país corre o risco de ficar insolvente no próximo governo. E quando um Estado se torna incapaz de convencer pessoas e empresas sobre a sua capacidade de pagar compromissos assumidos, a economia começa a derreter.
Nesse cenário, não haveria dinheiro nem mesmo para serviços básicos de saúde, educação e segurança pública. Uma vez instalada a corrosão na convicção coletiva sobre o real valor da moeda, o processo de desintegração econômica ganha velocidade, foge ao controle e dissipa a credibilidade do governo.
O discurso radical contra o “império do mercado” até pode ser útil para satisfazer nichos do eleitorado à direita e à esquerda. Mas, como os próprios candidatos sabem, é absolutamente inócuo. Porque essa abstração genericamente chamada de “mercado” agrupa interesses conflitantes. Se entendida como segmento de entidades financeiras, ou seja Bolsa de Valores, menos ainda, porque na mesa de negociações o pragmatismo determina as apostas, a definição de preços, por pessoas que compram e vendem títulos.
As expectativas são formadas a partir dos programas apresentados e, até mais relevante, daquilo que dizem os candidatos. Até agora, há mais lacunas do que respostas.
Num exemplo, não se sabe ao certo se Bolsonaro pretende manter a Petrobras como empresa estatal apta a concorrer em igualdade de condições com outras companhias, ou se deseja preservá-la como uma estatal cujos preços serão definidos no Palácio do Planalto. Fala genericamente em privatização no refino.
No lado oposto, Haddad não deixa claro se pretende adotar ou repelir a linha de ação econômica implementada desde o segundo mandato de Lula e enfaticamente reafirmada no governo Dilma. O resultado está à vista, com o país aprisionado na maior recessão da história.
É hora de falar claro ao eleitorado. Se ainda têm dúvida, os candidatos à Presidência deveriam olhar ao Norte, para a Venezuela.
Hoje, a inflação de um ano no Brasil equivale à de apenas seis horas na Venezuela. Neste ano, sob a ditadura bolivariana, os preços devem subir um milhão por cento, segundo o FMI. A estimativa para 2019 é de inflação anual de dez milhões por cento.
Sem um debate realista, pautado pela verdade orçamentária, o Brasil vai se tornar um crescente ponto de interrogação no mapa-múndi, qualquer que seja o eleito.
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