Eleição na França traz tensão ao projeto europeu
O Globo
Eventual vitória da extrema direita lançaria
país em período de instabilidade sem precedentes
Quando os franceses forem às urnas no domingo
eleger os ocupantes das 577 cadeiras da Assembleia Nacional, estará em jogo
mais que o legado das reformas do presidente Emmanuel
Macron. Um Parlamento dominado pelo ultradireitista Reunião Nacional
(RN), seguido pela Nova Frente Popular (NFP), coalizão liderada pela extrema
esquerda, lançaria o país num período de instabilidade sem precedente,
prejudicial ao projeto europeu. O mandato de Macron, líder mais vocal da União
Europeia (UE), acaba em 2027, mas, a depender do resultado, problemas
domésticos o enfraquecerão no bloco.
Se confirmados, os ganhos eleitorais dos extremistas de direita (e de esquerda) aumentarão a erosão dos partidos no centro do espectro político. É verdade que a coalizão liderada pelo centrista Olaf Scholz segue governando a Alemanha, e o Partido Trabalhista, depois de uma guinada ao centro, é favorito nas próximas eleições no Reino Unido. Mas essas conquistas em nada diminuem a insatisfação dos europeus. Entre as décadas de 1960 e 1980, a fatia de votos dos partidos social-democratas se manteve em 34% do total. De lá para cá, houve uma queda de pelo menos 10 pontos percentuais. Na França, os socialistas, representantes da tendência moderada, são coadjuvantes dos extremistas na coalizão de esquerda.