Melhor nota de risco não é motivo para complacência
O Globo
Agência Moody’s colocou Brasil a um passo do
grau de investimento, mas incerteza fiscal persiste
Não surpreende a comemoração do governo com a
decisão da agência de classificação de risco Moody’s de elevar a nota do risco
soberano do Brasil para o nível imediatamente abaixo ao de bom pagador, ou grau
de investimento. Há apenas cinco meses, a agência alterara a perspectiva
brasileira para positiva, mas não era esperado novo anúncio tão cedo. Há motivo
para celebração, mas também para cautela, devido à incerteza fiscal.
Na explicação para a decisão, a Moody’s destaca o desempenho acima das expectativas. Pelos seus cálculos, o PIB crescerá 2,5% neste ano. Alicerçado nas reformas dos últimos anos, o patamar deverá continuar alto, diz a agência. É fato que as mudanças nas leis trabalhistas no governo Michel Temer melhoraram o ambiente de negócios. A independência do Banco Central na gestão Jair Bolsonaro pavimentou o caminho para uma política monetária confiável. E a nova arquitetura tributária, proposta no atual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e em via de ser regulamentada no Congresso, deverá elevar o potencial de crescimento da economia. Mas não foi só isso.