Volta de Trump traz retrocesso na agenda ambiental
O Globo
Mas isso não deve deter Brasil na busca por
protagonismo no combate às mudanças climáticas
A volta de Donald Trump à
Casa Branca representa retrocesso inequívoco no combate às mudanças
climáticas. Em seu primeiro governo, ele cancelou mais de cem normas
ambientais e retirou do Acordo de Paris os Estados
Unidos, maior emissor per capita de gases de efeito estufa. Joe
Biden aderiu novamente ao pacto global e promulgou a lei mais ambiciosa para
reduzir emissões. Na campanha eleitoral, Trump prometeu “eliminar” essa
legislação, destinada a promover a transição de combustíveis fósseis a veículos
elétricos e energia limpa. Também declarou que cancelará regras para reduzir
emissões de usinas geradoras, proteger espécies ameaçadas e limitar a poluição
do ar e da água. Para não falar na perspectiva concreta de nova saída do Acordo
de Paris.
O momento não poderia ser pior. O ano de 2024 foi didático. Exacerbado pelas mudanças climáticas, o fenômeno conhecido como El Niño deixou um rastro de destruição, com enchentes sem paralelo no Rio Grande do Sul, seca e incêndios florestais por todo o país. No mundo, tragédias climáticas se tornam mais frequentes e mais intensas — a última catástrofe foram as chuvas que devastaram Valência, na Espanha. A despeito de Trump, o aquecimento global não sairá do rol das maiores preocupações e representa perigo concreto para o Brasil. Nenhum dos contrassensos que vier de Washington deve ser motivo de distração para o governo brasileiro nessa pauta.