sexta-feira, 2 de agosto de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

É vital aumentar a vacinação com o avanço de casos de coqueluche

O Globo

Registros da doença deram um salto no primeiro semestre, e cobertura vacinal segue abaixo da meta

A morte de um bebê de 6 meses por coqueluche em Londrina (PR) acendeu um alerta nas autoridades de saúde em todo o Brasil. O estado não registrava óbito pela doença havia cinco anos. No país, o último ocorreu há pelo menos três anos. O fato aconteceu no fim de junho. Segundo a Secretaria de Saúde de Londrina, a vítima era uma criança prematura que estava com as vacinas em atraso. Um segundo caso está sob investigação.

A morte acontece num momento de avanço da doença no Brasil, acompanhando tendência mundial. Dados do Ministério da Saúde mostram que, de janeiro a julho, já foram registrados 339 casos, o maior número desde 2020, o que representa um aumento de 56% em relação a todo o ano passado.

Fernando Gabeira - A tragédia venezuelana

O Estado de S. Paulo

De fato, como observaram muitos, é rara a possibilidade de uma ditadura se afastar por meio de eleições livres

Aliados brasileiros de Nicolás Maduro acham que a Venezuela tem eleições até demais. O problema é que nestes 25 anos o chavismo perde terreno e não se pode falar de eleição limpa: há fraudes demais.

Na noite anterior ao domingo de 28/7, os mais ansiosos nem dormiram. Queriam estar cedo nas urnas para derrotar Maduro. Era a maior chance que a oposição já teve.

Foram eleições deformadas, mas ainda assim competitivas. Maduro impediu que a oposição tivesse a candidata que escolheu, María Corina Machado. Ao longo desse processo, prendeu um oposicionista a cada três dias.

O acordo celebrado em Barbados com a participação do Brasil não foi cumprido. Estados Unidos e União Europeia perceberam que Maduro trapaceava.

De fato, como observaram muitos, é rara a possibilidade de uma ditadura se afastar por meio de eleições livres.

Luiz Carlos Azedo - Em xeque, o compromisso de Lula com a democracia

Correio Braziliense

A posição oficial do PT, que reconheceu de pronto a contestada vitória de Maduro, foi um desastre para a legenda, que está dividida”

A posição de alinhamento do Brasil com México, Colômbia, Estados Unidos e União Europeia em relação à Venezuela começa a dar resultados positivos. Principalmente depois de a embaixada brasileira em Caracas passar a representar os interesses da Argentina, a pedido do presidente Javier Milei, e de os líderes de oposição Edmundo González e María Corina Machado agradeceram o posicionamento adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à divulgação das atas de votação.

Brasil, Colômbia e México divulgaram uma nota conjunta, no início da noite de ontem, em que pedem a divulgação de atas eleitorais na Venezuela. A nota pede, também, a solução do impasse eleitoral no país pelas “vias institucionais” e que a soberania popular seja respeitada com “apuração imparcial”.

Andrea Jubé - A América presa ao labirinto venezuelano

Valor Econômico

Países que evitam o rompimento com Maduro buscam saída diplomática

A observação de uma alta autoridade da República a um interlocutor sobre a crise na Venezuela evidencia que o cenário é mais grave do que parece. “Não é [Nicolás] Maduro que tem o Exército com ele, é o Exército que tem Maduro nas mãos”, resumiu.

Mais do que o projeto de poder do presidente Nicolás Maduro, que busca com a eleição de domingo (28) garantir mais seis anos no cargo, trata-se do projeto das forças militares, alçadas ao comando do país em 1998 por um dos seus, o tenente-coronel Hugo Chávez.

Hélio Schwartsman - Atoleiro moral

Folha de S. Paulo

Netanyahu prolonga conflito no Oriente Médio para obter sobrevida política

Num intervalo de horas, ataques israelenses mataram um general do Hezbollah em Beirute e o principal líder político do HamasIsmail Haniyeh, em Teerã. Haniyeh estava no Irã como convidado para a posse do recém-eleito presidente Masoud Pezeshkian, uma desfeita a mais para o regime persa.

O cenário bélico no Oriente Médio ficou mais volátil, mas nenhuma das partes tem interesse num conflito generalizado. Penso que tentarão calibrar suas respostas para não criar nenhuma situação que leve à guerra total. Se vão conseguir é outra história.

José de Souza Martins - A insurgência verde

Valor Econômico

A questão ambiental não é apenas a questão do meio ambiente, mas a questão social da relação homem-natureza, a relação mediadora da necessidade de transformação social

Antes mesmo de se difundir o que vem sendo chamado de consciência ambiental, começavam a ter visibilidade, entre nós, manifestações populares espontâneas de outra variante dessa consciência. A que pode ser definida como consciência prática da relação homem-natureza, a consciência do vivido.

Migrantes vindos da roça, em recantos de favelas, na beira de riachos, nas sobras de terra urbana, semearam hortas e pomares, na tradição dos tempos coloniais das terras comunitárias. Acompanhei em São Paulo e no subúrbio a proliferação, nessa perspectiva, de versões populares do que Ernst Götsch, na Bahia, em seu notável experimento de regeneração produtiva do solo, chama de agrofloresta.

Bruno Boghossian - Dino quer acabar com a festa

Folha de S. Paulo

Decisão no STF sobre emendas de comissão esvazia ferramenta de poder da turma que manda no Congresso

O Congresso brincou de ignorar uma decisão do STF. Depois que o tribunal proibiu as emendas de relator, a turma da Câmara e do Senado trocou a moeda corrente. Em 2023, repartiu entre parlamentares quase R$ 7 bilhões em emendas de comissão. Neste ano, já foram R$ 10 bilhões.

O dinheiro foi distribuído em nome das comissões do Congresso, mas quem definiu o destino da verba foram deputados e senadores escolhidos por quem manda: Arthur Lira (PP)Davi Alcolumbre (União Brasil), Marcelo Castro (MDB) e Eduardo Braga (MDB). Eles fatiaram o que se chamava de "emenda pizza".

Vera Magalhães - Dino puxa o freio das emendas

O Globo

Ministro do STF soltou um conjunto de decisões a respeito da execução orçamentária que tem enorme impacto político

As atenções estão todas voltadas para a Olimpíada e, nos últimos dias, para a Venezuela, mas agosto chegou e, aos poucos, os Poderes vão retomando suas atividades. Às voltas com as convenções partidárias que estão a todo vapor, deputados e senadores só retornam a Brasília na semana que vem.

Vão chegar com a orelha quente, pois o Supremo Tribunal Federal retomou os trabalhos antes e, já de cara, o ministro Flávio Dino soltou um conjunto de decisões a respeito da execução orçamentária que tem enorme impacto político, inclusive na sucessão de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.

Rogério Furquim Werneck - A rota da reeleição

O Globo

Uma pá de cal na esperança de que ainda haja algum esforço de ajuste fiscal duradouro. A dívida bruta como proporção do PIB já está em 77,8%

Arguta e bem informada como sempre, Vera Magalhães dissecou, em coluna recente, o que “auxiliares de Lula” lhe mapearam como a rota pela qual o presidente pretende chegar ao final do mandato em condições de assegurar sua reeleição (“A receita de Lula até 2026”, O Globo, 26/7).

Em complemento à sua excelente análise, vale discutir aqui quais deverão ser as diretivas, implícitas e explícitas, à condução da política econômica ao longo dessa rota. Adiantando desde já a conclusão, a palavra de ordem parece ser empurrar com a barriga o enfrentamento dos principais desafios com que hoje se debate o país na área econômica.

André Roncaglia - Reconstruindo as capacidades estatais

Folha de S. Paulo

Transparência ajuda a qualificar debate sobre o papel das empresas públicas no século 21

A Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Estatais) do MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) apresentou, há alguns dias, o "Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais", um mapa do sistema de empresas estatais federais.

O relatório oferece uma descrição de cada uma das 44 empresas sob controle direto da União e permite uma análise mais adequada dos resultados das estatais ajustados aos seus objetivos.

A imprensa costuma repercutir uma análise superficial, tipicamente financista, de lucro ou prejuízo. A extrema direita se gaba de o governo Bolsonaro ter melhorado a gestão das estatais, mas os números mostram o desmonte a granel do sistema, por meio de cortes de investimento e da venda lesa-pátria da Eletrobras.

Poesia | Com licença poética, de Adélia Prado

 

Música | Seu Jorge & Caetano Veloso - Desde que o samba é samba