Anulação de leilão de arroz não encerra o caso
O Globo
É necessário investigar as suspeitas de
irregularidade que levaram governo a cancelar o certame
Diante das suspeitas que rondavam os
vencedores do leilão realizado na semana passada para importação de arroz em
consequência das chuvas no Rio
Grande do Sul, não restava
ao governo federal outra alternativa a não ser anular o certame, como fez
ontem. Não bastasse o impacto negativo que terá para os
produtores de arroz gaúchos, o leilão estava cercado de estranhezas, que, mesmo
com a anulação, exigem explicações e investigação.
Uma loja de queijos no centro de Macapá, identificada como Wisley A. de Souza, venceu o maior lote do leilão, comprando 147,3 mil toneladas por R$ 736,3 milhões. Até maio, ela tinha capital social de apenas R$ 80 mil, subitamente aumentado para R$ 5 milhões antes do leilão. Além da empresa do Amapá, participaram do pregão a Zafira Trading, a locadora de máquinas ASR e a fabricante de sorvetes Icefruit, que arremataram 90 mil toneladas pelas quais o governo pagaria R$ 468 milhões. As três estão vinculadas a Robson Almeida França, ex-assessor parlamentar do ex-deputado Neri Geller, secretário de Política Agrícola, demitido após a confusão. Ele foi responsável por dar sinal verde ao leilão. Ambos negam irregularidades.