Violência no Rio expõe política de segurança deficiente
O Globo
Enquanto não houver coordenação de governos
federal e estaduais, crime organizado continuará a vencer
Não há como ficar indiferente às cenas de
horror registradas na manhã de quinta-feira durante operação da Polícia Militar
no Complexo de Israel, conjunto de favelas na Zona Norte do Rio, para reprimir
o roubo de veículos e de carga. Os bandidos que dominam as comunidades reagiram
de forma violenta, impondo caos e medo. Em meio à chuva de tiros, três
inocentes morreram baleados a caminho do trabalho. Outros três ficaram feridos.
Principal via do município, a Avenida Brasil, por onde circulam 200 mil veículos
diariamente, teve de ser interrompida por duas horas. Escolas, unidades de
saúde, estações de trem e BRT também precisaram ser fechadas.
Causaram perplexidade não apenas as imagens dramáticas de cidadãos deitados no asfalto, escondidos sob ônibus ou agachados. Chocou também o recuo da polícia ante a resistência dos bandidos. A PM reconheceu não esperar reação tão forte dos traficantes. A decisão de recuar para evitar mais mortes foi acertada, mas é inevitável constatar que as organizações criminosas estão mais bem preparadas e são mais ousadas que as forças de segurança. No Rio, bandidos fazem o que querem. Em comunidades como a Muzema, andam armados à luz do dia.