Brecha para excluir terceirizados da LRF cria ameaça fiscal
O Globo
Senado precisa barrar projeto aprovado na
Câmara que cria exceção na lei para facilitar contratações
A Câmara aprovou na
semana passada um projeto que muda a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) para excluir dos limites dos gastos com pessoal as despesas com o
pagamento de funcionários terceirizados. A proposta, que será ainda submetida
ao Senado, cria no Orçamento a rubrica “Outras despesas com pessoal”, em que
abriga uma espécie de folha de pagamentos paralela. O risco de descontrole
fiscal é evidente, por isso os senadores precisam derrubá-la.
A mobilização política no Congresso para
facilitar a contratação de terceirizados coincide com o início do entendimento
entre estados e União para renegociar dívidas. Caso o Projeto de Lei seja
aprovado no Senado, as despesas com pessoal tenderão a crescer, pondo em risco,
além do equilíbrio fiscal, a própria operação de socorro financeiro.
As despesas de União, estados e municípios com a folha dos servidores estão na faixa dos 9% do PIB, acima do que gastam Peru (6,2%), Chile (6,8%) e países ricos como Alemanha (5,9%), França (8%) ou Reino Unido (7,3%). A LRF estabelece que os gastos com salários não podem ultrapassar 50% da receita corrente líquida federal e 60% da estadual ou municipal. Essas barreiras de contenção serão demolidas se o projeto for aprovado pelo Senado.