quarta-feira, 7 de agosto de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Definido o vice, desafio de Kamala é manter maré em alta

O Globo

Candidata democrata escolhe governador com raízes no meio rural para compor chapa do partido

Cientistas políticos ainda debatem a influência de candidatos a vice-presidente em eleições presidenciais. Na maioria dos casos, eles têm efeito meramente defensivo. Em outros poucos, são efetivos na conquista de votos e determinantes para uma vitória. O nome escolhido pela democrata Kamala Harris para ser seu companheiro no pleito de novembro, o governador do estado de Minnesota, Tim Walz, tem potencial para exercer as duas funções. Político nascido no meio rural, ele deve ajudar a combater as acusações de elitismo direcionadas a Kamala, criada por uma mãe pesquisadora biomédica na progressista Califórnia. Com imagem de homem do povo, o ex-professor de escola secundária pode alavancar apoio em regiões em que os republicanos estão em vantagem. Agora completa, a chapa democrata tem o desafio de manter a tendência de alta das últimas duas semanas.

Luiz Carlos Azedo - O semipresidencialismo está em todas as cabeças

Correio Braziliense

Falar em semipresidencialismo é palavrão no Palácio do Planalto, mas no Congresso só se pensa nisso. A captura do Orçamento da União já é processo irreversível

Presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), o cientista político e professor Antonio Lavareda, em artigo publicado, nesta terça-feira, no jornal O Globo (É preciso mudar a política. Mas como?), fez um alerta sobre a disfuncionalidade do nosso sistema político. “As disfunções do nosso sistema político são variadas. Por ora, foquemos, de um lado, no “presidencialismo esgotado”; de outro, na “representação sem fidúcia”.

No primeiro caso, Lavareda chama a atenção para o que classificou de “sinistralidade” do nosso presidencialismo, com destaque para o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, antes do golpe de 1964; e os impeachments de Fernando Collor de Mello, em 1992, e Dilma Rousseff, em 2016. Para o cientista político, é inevitável o avanço em direção ao sistema misto, o chamado semipresidencialismo, tendo como modelo o francês ou o português.

Ranier Bragon - Eles não se emendam

Folha de S. Paulo

Um modelo que movimenta R$ 50 bilhões ao ano deveria ser atingido pela luz do sol da destinação inicial ao assentamento do último tijolo

Câmara e Senado afirmaram conjuntamente ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (6) que não conseguem identificar os parlamentares autores dos pedidos originais das chamadas emendas de comissão, aquelas que, pelo menos na teoria, são distribuídas por decisão dos grupos temáticos de cada Casa.

A reunião técnica tinha por objetivo definir meios práticos de cumprir a decisão do ministro Flávio Dino de que emendas parlamentares só sejam executadas mediante "prévia e total rastreabilidade".

"A figura do patrocinador não existe no Congresso, de modo que o Congresso não tem como colaborar", teria dito o representante da Câmara de Arthur Lira (PP-AL), de acordo com a ata da reunião.

Elio Gaspari - A urucubaca dos presentes

O Globo

O Tribunal de Contas da União decide hoje se Lula deve devolver o relógio Cartier avaliado em R$ 60 mil que ganhou em 2005 durante uma visita à França. Desde que estourou o caso das joias sauditas recebidas por Jair Bolsonaro, relógios alimentam controvérsias políticas. Bendito José Sarney, que atravessou cinco anos de governo com o mesmo relógio. (Barack Obama atravessou oito anos com um modelo barato.) Em 2009, o repórter Orlando Brito fotografou oito modelos diferentes no pulso de Lula.

Há algo de fetiche masculino na paixão por relógios. Em 1967, o Che Guevara estava nas matas da Bolívia, sem comida nem remédios para a asma, mas tinha um Rolex no pulso. (O cubano exilado que ajudou a capturá-lo levou-o.) Vladimir Putin coleciona-os. No Planalto, ninguém superou o Breitling de Fernando Collor.

Fernando Exman - Governo faz cenários em meio à eleição dos EUA

Valor Econômico

Ainda não está claro qual o programa econômico dos dois principais candidatos

O vai e vem dos mercados demanda atenção especial de integrantes do governo desde a madrugada da segunda-feira, mas isso não os afasta de outra missão estratégica. E fundamental. Há que se tentar antecipar, ainda que em meio às turbulências do dia a dia, como a eleição presidencial americana pode influenciar os rumos da economia dos Estados Unidos e, consequentemente, do Brasil.

Por enquanto, nas palavras de uma autoridade, ainda não está claro qual o programa econômico dos dois principais candidatos, Kamala Harris e Donald Trump. “Tem vislumbres”, pondera. Mas isso tende a mudar com a campanha ganhando tração, a definição da chapa democrata, a intensificação de agendas públicas e a realização de debates.

Lu Aiko Otta - Os cinco pedidos de Haddad a Lula

Valor Econômico

Nova restrição foi feita para evitar o risco de a área econômica se ver na situação de precisar cortar nas despesas para cumprir as regras fiscais

“Estão querendo nos matar”, contou um integrante da equipe econômica, falando sobre a reação da Esplanada dos Ministérios em relação ao aperto fiscal promovido no mês passado.

O instinto assassino aflorou nem tanto pelo congelamento de R$ 15 bilhões, que havia sido anunciado com antecedência e não surpreendeu. A causa foi a trava adicional: até setembro, os ministérios só podem empenhar (iniciar o gasto) de 35% do que restou após os cortes. Na prática, é como se a tesourada tivesse sido de R$ 47,5 bilhões.

Zeina Latifi - Dilemas da política monetária

O Globo

Lula terá de decidir quão bem-sucedido será o BC, por sua escolha para presidente e pela condução da política econômica

A inflação está na casa de 4% e sua trajetória indica que a convergência para a meta de 3% não ocorrerá tão cedo. Para se ter uma ideia, a projeção do Banco Central (BC) para seis trimestres adiante — o intervalo de tempo necessário para a política monetária afetar a inflação de forma relevante — é de 3,2%, isso mesmo com taxa Selic mantida estável em 10,5% ao ano.

A preocupação do BC é clara.

Um fator crítico é a corrosão da credibilidade da autoridade monetária, como refletido nas expectativas inflacionárias desancoradas, ou seja, acima da meta. Atualmente, a projeção dos analistas para 2025 está em 4%, enquanto no mercado financeiro a taxa de inflação implícita ou embutida na negociação de títulos públicos indexados ao IPCA está na casa de 4,8%.

Fábio Alves - Até onde volta o dólar

O Estado de S. Paulo

Com a perda da âncora fiscal, um dólar ao redor de R$ 5,50 já seria lucro para o País

Desde o início do ano, o dólar acumula uma alta ao redor de 17% e, no auge do estresse, chegou a atingir R$ 5,86. Com o risco para a inflação e para os próximos passos da política monetária no Brasil, a pergunta que muita gente anda fazendo é se a moeda americana vai devolver os ganhos recentes em relação ao real.

Como o câmbio é a variável macroeconômica mais difícil de prever, em razão dos diversos fatores que influenciam o seu comportamento, a resposta nem de longe é simples. O dólar volta para R$ 5,30, como estava na reunião do Copom em junho? E se recuar para R$ 5,55, a cotação de referência utilizada pelo Banco Central na reunião da semana passada, já seria suficiente?

Vera Rosa -Vem aí mais emoção na Abin paralela

O Estado de S. Paulo

Agentes da PF descobriram ligações perigosas entre o caso da espionagem e a tentativa de golpe

A Polícia Federal prevê muito mais emoção, até as eleições de outubro, na trama da Abin paralela. Não sem motivo: ao cruzar provas obtidas no inquérito que apura a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 com o material apreendido nas diligências sobre a atuação da Agência Brasileira de Inteligência, agentes da PF descobriram ligações perigosas entre os dois casos.

Vera Magalhães - Segurança domina campanha paulistana

O Globo

Promessas são ilusórias, mas discussão sobre infiltraçãodo crime organizado nas estruturas do poder públicoe da política é importante

A segurança pública é atribuição precípua dos governos estaduais, definiu a Constituição de 1988. Mas o tema ganhou tamanha importância para o eleitorado que, ao mesmo tempo que se nacionalizou, também promete dominar a campanha para as prefeituras, sobretudo em São Paulo.

A própria definição das candidaturas já explicitou a centralidade que a discussão terá na disputa paulistana. Ricardo Nunes até ameaçou resistir, mas teve de aceitar a imposição de Jair Bolsonaro para ter o coronel Mello Araújo como companheiro de chapa.

Aliados do prefeito agora veem a escolha como a possibilidade de Nunes contar com um escudo contra os ataques pesados que já passou a receber de José Luiz Datena nessa seara. O ex-apresentador de TV e agora candidato do PSDB tem centrado fogo no emedebista, associando sua gestão e sua candidatura ao crime organizado na cidade.

Aylê-Salassié Filgueiras Quintão - Vivendo, ingênuo, perigosamente

Geraldo Alckmin,  vice-presidente da República e ministro da Indústria e do Comércio do governo petista,  com uma  longa carreira política entre liberais progressistas ,  dá mostras, às vezes,  de estar vivendo    uma adolescência tardia, numa revelação  de que fazer  política  pode até ser para quem faz dela um meio de vida mas, nele, para sobreviver, não  se pode  comportar  como amador.

O ex-candidato à Presidência da República no Brasil  e ex-governador de São Paulo,  acaba de ser fotografado no Irâ (República Islâmica do Golfo Pérsico),representando o governo brasileiro na posse do novo Presidente,   Masoud Pezeshkian (eleito com  53,7% dos votos). Na cerimônia, Alckmim foi instalado entre o  chefe  do facção guerrilheira Hamas,  Ismail Haniyeh (morto horas depois); o portavoz do  grupo iemenita Houtis, também guerrilheiro, Mohammed Abdulsalam ; o vice-líder do Hesbolahh, general Nai M Assem; o líder da Jihad Islâmica, Ziyhad Al Nakhalyah , todos em plena atividade insurreicional. 

Era um encontro quase litúrgico daqueles que pregam   a democracia e a liberdade  segurando  nas mãos um fuzil kalashnikov, usado nas  guerras regionais . Alckmin parece ter sido induzido a andar na direção contrária da história diplomática  brasileira - "...negociação e diálogo como instrumentos de resolução de conflitos" - dando , com sua presença   (Porque não outro ?)   legitimidade para aquelas lideranças  religiosas guerrilheiras .

Poesia | Não sei dançar, de Manuel Bandeira

 

Música | Mônica Salmaso - Suburbano coração