Intervenção no mercado de gás traz preocupação
O Globo
Há dúvida sobre a segurança jurídica dos
decretos e sobre a capacidade de execução da ANP
Sob o pretexto duvidoso de contribuir para a
“transição energética”, o governo anunciou nesta semana medidas destinadas a
reduzir o preço do gás. Prometeu que, até o ano que vem, estenderá o vale-gás
dos atuais 5,6 milhões de famílias para 20,8 milhões. Ao mesmo tempo, promoveu
uma intervenção explícita no mercado de gás natural, na tentativa de aumentar a
oferta. Apesar de bem recebida pela indústria consumidora, a última medida deve
ser vista com cautela.
Desperta preocupação a aliança entre um governo que acredita na intervenção estatal nos mercados e um setor da economia conhecido pelo poder de pressão política. Há três anos, a Medida Provisória que abriu caminho à privatização da Eletrobras encheu de benefícios as usinas a gás e encareceu a conta de luz de todos. No mandato de Dilma Rousseff, o governo também interveio no setor de energia com consequências desastrosas. O risco é, mais uma vez, a gestão petista repetir erros.