Tarcísio erra na licitação de novas câmeras nas fardas
O Globo
Edital deixa a cargo do próprio policial
ligá-las quando quiser, dando margem à sabotagem de um programa eficaz
O governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos), já se mostrou capaz de reconsiderar
posições equivocadas sobre o uso de câmeras corporais pela polícia. Antes de
eleito, chegou a prometer acabar com elas, mas felizmente voltou atrás. Como
governador, afirmou que não investiria na expansão, mas depois refletiu e
decidiu modernizar e contratar mais equipamentos. Agora ele precisa mais uma
vez corrigir rumos. O edital para o uso de 12 mil câmeras prevê que sejam
acionadas manualmente, pelo próprio policial, se e quando quiser. É um absurdo
que as gravações não sejam ininterruptas.
O registro das intervenções policiais é eficaz por vários motivos. Para o cidadão, funciona como proteção contra abusos das autoridades e a letalidade policial. Para as forças de segurança, serve de prova de agressões de criminosos ou para análises que levem à melhoria nas técnicas de abordagem. O próprio estado de São Paulo comprova as vantagens. Nos batalhões que passaram a usar os equipamentos, os civis mortos pela polícia caíram 76% entre 2019 e 2022 (ante 33% nos demais).